Destaco estas palavras:
Tantas ilusões e jogadas gravadas na memória. E é esta a palavra-chave para entender e agarrar o momento que hoje vivemos. Memória. Só ela permite criar raízes. Perceber porque durante tanto tempo o clube viveu distante dessa elite, quais as razões que permitem este seu regresso e, mais importante, saber como transformar tudo o que hoje vivemos não num sucesso conjuntural mas numa ponte indestrutível para um futuro de conquistas.
(...) o abismo que parece separar esses dois tempos tão distantes, da fundação ao presente, é apenas ilusório. Porque é nele que está o nosso ADN. Um código genético que gostaria de ver estendido a todo o “mundo bracarense”. Uma forma de sentir e viver o Braga muito para lá do simples facto da bola entrar ou bater no poste.
Não sei se a interpretação que faço destas palavras de Luís Freitas Lobo coincide com o que ele pretendeu dizer. Mas vejo nelas (também) uma lição ou pelo menos uma chamada de atenção para os responsáveis do clube. Cuidado com as obsessões pelo êxito imediato, pelo sucesso desportivo a qualquer preço - que, supostamente arrastaria o crescimento do clube em todas as suas restantes dimensões! Apostar que a bola vai entrar sempre não é sensato. Vezes haverá em que a bola baterá no poste (quando não for para o quintal!) e o clube tem de ser suficientemente forte para encarar o insucesso - o êxito desportivo em nenhum lugar é permanente. É preciso reconstituir o "código genético" do clube, conseguir identificar as pessoas com a história do clube, com uma forma de estar e com valores - criar uma verdadeira identidade entre todos que ultrapasse os êxitos desportivos. E isso é, para mim, volto a repetir identificar o clube com aquelas que são as suas gentes. Penso na história do clube e vêm-me à memória as fotos da conquista da Taça de Portugal e da chegada à cidade da equipa, com clube e cidade fundidos em euforia...
Creio (espero) que hoje quem dirige o clube está (esteja) pelo menos mais perto de perceber que o caminho é por aí. Não sei se é o caminho mais curto. Não será certamente o caminho mais fácil. É um caminho de persistência, de paciência. É o que garante que algo maior que o sucesso permanece quando a bola bate no poste e não entra. E que permite que os sonhos se renovem. Para podermos sonhar em conjunto precisamos de uma identidade. E essa constrói-se e solidifica-se aos poucos até atingir um estádio em que ela própria se auto-alimenta, quase independentemente do êxito desportivo - e, no entanto, o êxito está assim sempre mais próximo.
Respeitar o clube. A sua história. As suas tradições. Aqueles que lhe vestiram a camisola e defenderam as suas cores. As gentes que por ele vibram e sofrem. A cidade que o acolhe. Nem sempre o temos feito, mesmo quando os tempos são de maior sucesso, devemos reconhecê-lo... Mas também nos cabe a nós, adeptos (e essa é outra das lições possíveis das palavras de Freitas Lobo) perceber que nem sempre a obsessão pelo sucesso imediato é compatível com este caminho. Coloquemos também nós a mão na consciência...
Pedro,
Penso exactamente o oposto.
Quem dirige actualmente o clube nem tem conhecimento sobre o que o Freitas Lobo escreveu. Com certeza que não acompanhou esses jogos nem sente o SCB da forma que os seus adeptos o sentem.
Isso não seria grave, caso o Presidente tentasse entender o SCB e se dedicasse ao fundamental e ao que dá vida ao SCB: os Braguistas.
Claramente que os adeptos e sócios do SCB não são prioritários para esta direcção. O SCB continua a ser um entreposto de jogadores, são feitos bons negócios mas os sócios e adeptos continuam a estar em segundo ou terceiro plano.
Sinceramente não estou convencido que o SCB tenha ganho adeptos nestes últimos anos. Estou convicto que até perdeu. Vi o jogo do Tottenham no 1º de Maio, vi o jogo contra o Schalke 04, vi a meia final da taça contra o benfica, etc etc etc Poucas mais vezes se viu um mar de gente a apoiar o SCB em casa e nunca mais voltei a ver a alegria e entusiasmo que rodeavam estes jogos. O sinal que não estamos no caminho certo foi dado pela fraquíssima adesão de público à maioria dos jogos da UEFA que o SCB jogou recentemente em casa.
Nada está a ser feito para inverter esta situação. Uma acção pontual e isolada não vai ter efeitos práticos. Já muitas vezes aqui escrevi, para mim, o que faz a grandeza de um clube é a sua massa adepta a paixão que uma cidade e região dedicam a um clube. Nesse aspecto o nosso cenário é desolador.
Não queria ser pessimista mas não vai ser com esta política actual que vamos conseguir envolver a cidade e região com o clube. Temos um bom plantel mas isso não está a chamar adeptos. Estamos a perder uma excelente oportunidade.
Já basta desse discursso de que não é possível fazer tudo de uma vez, que é preciso dar tempo, etc. São muitas situações que já foram aqui, e em outros locais, expostas por várias vezes e nada foi feito para alterar o estado das coisas. Péssimas condições do estádio, falta de diálogo com os sócios, inexistência de marketing e promoção, inexistência de merchandising, falta de visibilidade do clube na cidade, falta de respeito pelos sócios e adeptos nas intervenções do presidente etc etc etc
Somos vistos pelos outros como um clube que tem tudo mas para o qual os adeptos não aderem. Isso não é verdade. Os Braguistas gostam do SCB e muito pois, da forma que são ignorados pela direcção, já há muito que teriam desistido. No entanto, com esta direcção é impossível atrair novos adeptos para o clube. É dificil seduzir alguém para ser adepto do SCB.
É este o meu sentimento e é com pena que escrevo isto.
Por que é que um clube como o Atlético de Madrid que não ganha nada há anos, e até desceu há uns anos, continua a ser grande? Porque é que um Corinthians, que desceu recentemente, continua a ser grande e sempre será grande? Porque é que um Celtic de Glasgow será sempre grande?
Porque é que um Mónaco que já foi a finais como a Liga dos Campeões e que venceu campeonatos em França nunca será um grande? O que faz a diferença serão sempre os adeptos, a paixão dos adeptos e a capacidade que um clube tem em movimentar as massas.
Com certeza, que o SCB nunca terá tantos adeptos quanto um Celtic ou um Atlético de Madrid. No entanto, ter 8.000 espectadores em casa num jogo da UEFA, mesmo que o SCB vença esse jogo por 15 a 0, o Braga será sempre pequeno. Infelizmente é essa a realidade, é essa a nossa realidade.
Muito gostaria que a direcção entendesse isso mas acho que não tem capacidade para tal.
O SCB está numa cidade e numa região que pode dar muito mais ao clube. Infelizmente temos uma direcção sem visão, gerida por uma pessoa arrogante e sem capacidade para ver um pouco mais além. Dou mérito ao Salvador por alguns negócios que se efectuaram, julgo que ele até poderá ser útil ao SCB mas sempre num segundo plano. Para o SCB crescer verdadeiramente, precisamos de maior visão e de alguém que se dedique aos Braguistas que são eles que fazem o SCB.
Isso não está a acontecer....