É tudo muito bonito, e o gajo agora é “génio”, mas o triunfo dos métodos táticos de Rúben Amorim só foi possível em ano de futebol sem adeptos.
Eu queria ver a paciência do tribunal de Alvalade, no início desta época — depois de terem perdido o 3.º lugar para o Braga em 19/20, e depois de serem eliminados no play-off de modo humilhante pelo Lask Linz —, para o estilo de jogo sonolento do Sporting. Quantos jogos e quantos pontos ganharam nos últimos minutos esta época? Será que bateram algum recorde de vitórias de mijo? É que jogar com assobios das bancadas, devido às exibições pobres e sem imaginação que fizeram ao longo da época, seria com certeza uma outra história..
Corrijam-me se estiver enganado, mas não me lembro de uma única vitória convincente de 3-0 ou 4-0. Todas as vitórias foram por um ou dois golos de diferença. Coates foi de longe o melhor jogador do campeonato, o guarda-redes foi um achado. E não vamos esquecer a tendência para os brindes que os guarda-redes adversários tiveram em jogos com o Sporting.
E, seguramente não tanto como o Porto, que foi ridículo, mas também foram beneficiados aqui e ali pelos árbitros, e que ajudou a desbloquearem o 0-0 (os dois jogos com o Farense foram de uma gatunagem quase cómica; ganharam ao Moreirense com um golo precedido de mão; ganharam em Paços de Ferreira com um penalti às três tabelas, que foi das cenas mais incríveis que vi esta época; etc etc)
Tudo somado, é por isso que nunca vamos ser campeões. Um treinador chega a Braga do Casa Pia, vai para a equipa B e depois salta para a equipa A como solução de recurso, ganha a Taça de Liga, faz 10 jogos de campeonato, e salta logo para um dito “grande”. Diga-se o que se disser sobre o Salvador, seria possível impedir a sua saída?! É claro que não. É nisto também que infelizmente não temos como competir. Um estarola só precisa de fazer uma chamada para alguém do Braga, e ficam logo todos tolos. Não existe gratidão. Veja-se o Paulo Pequeno no último jogo em Braga. O Paulo Pequeno nem vejo que seja uma grande mais-valia (para já) nos lagartos, mas para nós foi um rude golpe — o Ruiz é bom, mas tem mais dificuldades contras equipas em bloco baixo; o Paulinho libertava mais espaços, ajudava a criar oportunidades.
Enfim, o Rúben daqueles que nasce com o ass virado para a lua. Eu tinha curiosidade de ver o último jogo dele em Braga se estivesse 11 contra 11 e tivesse que tomar as rédeas do jogo para tentar ganhar, na 2.ª parte. A expulsão facilitou-lhe a vida, pois tornou o plano de jogo mais fácil: a partir daí, foi só fazer muralha (5+4), onde se sente como peixe na água, e aproveitar uma bola parada para ganhar o jogo, e depois fazer o máximo de anti-jogo possível (a la Lito Vidigal).
Na minha modesta opinião, é um treinador que ainda tem muito que provar. Se é “génio”, é o tipo de génio que a Liga Portuguesa merece. Sabe a pouco.