A rivalidade milenar dos gigantes minhotos
O V. Guimarães-Braga que se avizinha será mais um capítulo de uma guerrilha antiga que se iniciou na luta pela afirmação religiosa da região e que tem na bola os episódios mais recentes
Semana especial no Minho, com o dérbi Vitória de Guimarães-Braga, agendado para depois de amanhã (21.15 horas, SportTV) e que abre a 8.ª jornada da Liga, a constituir novo motivo para o reacender de rivalidades entre os dois maiores clubes da região.
Adversários habituais, nas últimas sete décadas os dois rivais defrontaram-se, quase sempre, em clima de hostilidade. Afinal, o dérbi põe em confronto, mais do que dois clubes, uma rivalidade milenar. Guimarães e Braga estão separadas por 20 quilómetros, mas historicamente nunca se deram bem. O futebol só ajudou a acicatar a querela que, para Albertino Gonçalves, sociólogo e professor na Universidade do Minho, teve origem nas questões religiosas. “É antigo o ressentimento, em termos de poder, de Guimarães em relação a Braga”, refere o especialista, apontando a influência da Igreja no eterno diferendo regional.
Rezam as crónicas que o relacionamento entre vizinhos nasceu torto. De um lado Braga, com o estatuto de cidade-estado religiosa e do outro Guimarães, o berço da nacionalidade, terra de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal.
Historicamente, a rivalidade foi desencadeada pelos privilégios da Colegiada da Senhora da Oliveira, localizada em Guimarães e apoiada pelos monarcas, o que desagradava aos arcebispos de Braga, espoletando confrontos e desavenças ao longo dos séculos.
A bola acompanhou as divisões e a exaltação clubística rapidamente ultrapassou a desejada sã rivalidade. “O futebol é um mundo guerreiro, mas as pessoas, de uma forma geral, dão-se bem. Há atritos antes, durante e depois do jogo, mas a seguir as coisas retomam a normalidade”, frisa Albertino Gonçalves.
Já Alberto Sá, professor de Ciências de Comunicação da Universidade do Minho, acha que a rivalidade “é constante e não se esgota no futebol, nem num jogo. Há um historial secular”. Se a rivalidade entre as duas cidades tem cerca de mil anos, muito mais recentes são as alcunhas dos adeptos. Célebre ficou o desabafo de um vimaranense, nos anos de 1990, após ter perdido contra a equipa rival, com queixas da arbitragem. No jogo seguinte empunhou um cartaz elucidativo: “Para sermos tratados assim, mais vale sermos espanhóis”. O epíteto pegou e desde então os vitorianos foram batizados de espanhóis. A retaliação não demorou e os bracarenses passaram a ser conhecidos por marroquinos. “A competividade até é positiva. As cidades esforçam-se para serem melhores, em várias vertentes da sociedade”, vinca Alberto Sá. “O pessoal das claques não pensa na Colegiada ou em religiões. Quer é ganhar o dérbi...”, remata Albertino Gonçalves.
DADOS
135
Vitória e Braga já se defrontaram, oficialmente, por 135 vezes. O equilíbrio é notório, com 53 triunfos vitorianos, 54 dos braguistas e 28 empates.
71
O primeiro duelo entre os rivais, no escalão principal, aconteceu em 1947/48, ou seja, há 71 anos. O Vitória ganhou 3-1 e o jogo foi no campo da Amorosa, em Guimarães.
Adeptos do Vitória a apoiar o Braga
Poucas vezes houve comunhão de interesses, mas em tempos idos – década de 1950 –, quando o Braga não tinha lugar cativo na Liga, foi a Guimarães buscar adeptos para ter maior apoio contra o Covilhã. Os vitorianos foram e o Braga subiu à primeira!
Europa a dobrar festejada no Berço
Em 1996/97, o Vitória-Braga foi na última jornada. As duas equipas queriam ir à Taça UEFA, mas o Salgueiros também. Os portuenses empataram em Faro (1-1) e em Guimarães as duas equipas passaram os últimos minutos à espera de manter o nulo. Acabaram todos a festejar...
Quarteto falha jogo por lesão
Ailton, Raúl Silva, Matheus e Trincão não vão ao dérbi. Apoio de 1500 adeptos no berço
Ailton, Raúl Silva, Matheus e Francisco Trincão vão falhar, devido a lesão, o jogo de depois de amanhã (21.15 horas, SportTV), frente ao Vitória de Guimarães, da 8.a jornada da Liga. Abel Ferreira já ensaia a tática para tentar vencer em Guimarães, sem aquele quarteto de jogadores. Ailton e Raúl Silva até já se treinam integrados, mas ainda o fazem de forma condicionada, pelo que as chances de recuperação total, em tão curto espaço de tempo, são praticamente nulas. Já Matheus e Trincão estão bem mais atrasados, nos processos de recuperação. Em termos de apoio, o Braga contará em Guimarães com 1500 adeptos. O Vitória já enviou os bilhetes, no âmbito do protocolo entre as SAD e é certo que não vai sobrar nenhum ingresso.
JN
O V. Guimarães-Braga que se avizinha será mais um capítulo de uma guerrilha antiga que se iniciou na luta pela afirmação religiosa da região e que tem na bola os episódios mais recentes
Semana especial no Minho, com o dérbi Vitória de Guimarães-Braga, agendado para depois de amanhã (21.15 horas, SportTV) e que abre a 8.ª jornada da Liga, a constituir novo motivo para o reacender de rivalidades entre os dois maiores clubes da região.
Adversários habituais, nas últimas sete décadas os dois rivais defrontaram-se, quase sempre, em clima de hostilidade. Afinal, o dérbi põe em confronto, mais do que dois clubes, uma rivalidade milenar. Guimarães e Braga estão separadas por 20 quilómetros, mas historicamente nunca se deram bem. O futebol só ajudou a acicatar a querela que, para Albertino Gonçalves, sociólogo e professor na Universidade do Minho, teve origem nas questões religiosas. “É antigo o ressentimento, em termos de poder, de Guimarães em relação a Braga”, refere o especialista, apontando a influência da Igreja no eterno diferendo regional.
Rezam as crónicas que o relacionamento entre vizinhos nasceu torto. De um lado Braga, com o estatuto de cidade-estado religiosa e do outro Guimarães, o berço da nacionalidade, terra de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal.
Historicamente, a rivalidade foi desencadeada pelos privilégios da Colegiada da Senhora da Oliveira, localizada em Guimarães e apoiada pelos monarcas, o que desagradava aos arcebispos de Braga, espoletando confrontos e desavenças ao longo dos séculos.
A bola acompanhou as divisões e a exaltação clubística rapidamente ultrapassou a desejada sã rivalidade. “O futebol é um mundo guerreiro, mas as pessoas, de uma forma geral, dão-se bem. Há atritos antes, durante e depois do jogo, mas a seguir as coisas retomam a normalidade”, frisa Albertino Gonçalves.
Já Alberto Sá, professor de Ciências de Comunicação da Universidade do Minho, acha que a rivalidade “é constante e não se esgota no futebol, nem num jogo. Há um historial secular”. Se a rivalidade entre as duas cidades tem cerca de mil anos, muito mais recentes são as alcunhas dos adeptos. Célebre ficou o desabafo de um vimaranense, nos anos de 1990, após ter perdido contra a equipa rival, com queixas da arbitragem. No jogo seguinte empunhou um cartaz elucidativo: “Para sermos tratados assim, mais vale sermos espanhóis”. O epíteto pegou e desde então os vitorianos foram batizados de espanhóis. A retaliação não demorou e os bracarenses passaram a ser conhecidos por marroquinos. “A competividade até é positiva. As cidades esforçam-se para serem melhores, em várias vertentes da sociedade”, vinca Alberto Sá. “O pessoal das claques não pensa na Colegiada ou em religiões. Quer é ganhar o dérbi...”, remata Albertino Gonçalves.
DADOS
135
Vitória e Braga já se defrontaram, oficialmente, por 135 vezes. O equilíbrio é notório, com 53 triunfos vitorianos, 54 dos braguistas e 28 empates.
71
O primeiro duelo entre os rivais, no escalão principal, aconteceu em 1947/48, ou seja, há 71 anos. O Vitória ganhou 3-1 e o jogo foi no campo da Amorosa, em Guimarães.
Adeptos do Vitória a apoiar o Braga
Poucas vezes houve comunhão de interesses, mas em tempos idos – década de 1950 –, quando o Braga não tinha lugar cativo na Liga, foi a Guimarães buscar adeptos para ter maior apoio contra o Covilhã. Os vitorianos foram e o Braga subiu à primeira!
Europa a dobrar festejada no Berço
Em 1996/97, o Vitória-Braga foi na última jornada. As duas equipas queriam ir à Taça UEFA, mas o Salgueiros também. Os portuenses empataram em Faro (1-1) e em Guimarães as duas equipas passaram os últimos minutos à espera de manter o nulo. Acabaram todos a festejar...
Quarteto falha jogo por lesão
Ailton, Raúl Silva, Matheus e Trincão não vão ao dérbi. Apoio de 1500 adeptos no berço
Ailton, Raúl Silva, Matheus e Francisco Trincão vão falhar, devido a lesão, o jogo de depois de amanhã (21.15 horas, SportTV), frente ao Vitória de Guimarães, da 8.a jornada da Liga. Abel Ferreira já ensaia a tática para tentar vencer em Guimarães, sem aquele quarteto de jogadores. Ailton e Raúl Silva até já se treinam integrados, mas ainda o fazem de forma condicionada, pelo que as chances de recuperação total, em tão curto espaço de tempo, são praticamente nulas. Já Matheus e Trincão estão bem mais atrasados, nos processos de recuperação. Em termos de apoio, o Braga contará em Guimarães com 1500 adeptos. O Vitória já enviou os bilhetes, no âmbito do protocolo entre as SAD e é certo que não vai sobrar nenhum ingresso.
JN