Direitos televisivos: como são distribuídos nas principais ligas?
Entre as cinco principais ligas europeias de futebol, a Premier League é a que distribui de forma mais equitativa os montantes relativos aos direitos televisivos. Isso ajuda a um aumento da competitividade dentro das quatro linhas.
A distribuição dos direitos televisivos nas cinco maiores ligas europeias de futebol é cada vez mais importante para compreender a desigualdade que existe entre as equipas que nelas competem, dado que o montante a distribuir pelos clubes é cada vez maior. Quando chega a hora de distribuir os montantes envolvidos, nos últimos anos tem havido uma convergência para um modelo centralizado, em que todas as equipas aceitam os critérios da divisão da receita. A Série A (italiana), em 2010, e a LaLiga (espanhola), em 2015, foram as mais recentes a adotar este método, que já deu provas de ser o mais equitativo.
Não obstante, de acordo com um estudo da consultora KPMG, a adoção desta estratégia não teve o mesmo resultado nos cinco países que albergam as maiores ligas, algo lógico se tivermos em linha de conta que os “métodos de distribuição das receitas são, muitas vezes, o resultado de negociações que envolvem muitas entidades, com diferentes posições e interesse negociais”, diz o estudo. Por isso, a diferença entre as equipas economicamente mais fortes e as que menos recursos obtêm desta negociação não são iguais nas cinco maiores ligas do Velho Continente.
Segundo o estudo agora revelado, o lugar onde este modelo se revelou mais eficaz foi em Inglaterra. Na Premier League, o líder da classificação recebe apenas 1,6 vezes mais dinheiro que o último, e isso apesar de se utilizarem os mesmos critérios de distribuição que em Itália, Espanha e França. Na competição inglesa, 50% do montante total é distribuído em partes iguais pelos 20 clubes que competem; 25% é distribuído em função do mérito desportivo e os restantes 25% são distribuídos de acordo com o número de vezes que foram emitidos jogos de uma determinada formação.
Fatores-chave
São vários os fatores que determinam esta posição equitativa da Premier League. Por um lado, os 25% que dizem respeito aos méritos desportivos só têm em conta a temporada em curso e não a de campeonatos anteriores. A este montante somam-se os 25% referentes aos dados de audiência, que favorecem as equipas maiores. Distribuídos por todos, de forma igual, são as receitas da venda de direitos a nível internacional.
No segundo lugar no que respeita à distribuição equitativa de receitas, a Bundesliga ocupa o segundo lugar, com uma diferença de 3,2/1 entre os clubes que mais e menos recebem. Aqui, a maior fatia do dinheiro corresponde, em grande medida, aos resultados obtidos nas últimas cinco temporadas. Ainda que não exista uma parcela distribuída igualmente por todos os participantes, esta liga mantém-se bastante equitativa.
De facto, se só se tivessem em conta as receitas dos direitos obtidos a nível nacional, esta liga seria mais igualitária que a inglesa, algo que não acontece porque apenas os clubes maiores disputam torneios europeus. Para a temporada 2017/2018, será implementado um novo sistema, que continuará a depender, em larga medida, do rendimento desportivo dos últimos cinco anos. As mudanças “beneficiarão os conjuntos que tenham jogado regularmente na liga nas últimas décadas, tal como aos que tenham promovido jovens talentos nacionais”, diz a KPMG. Estas novas regras serão aplicadas também aos clubes que tenham descido de divisão, mas mantido presença regular na liga principal em épocas anteriores.
A Ligue 1, francesa, fecha o “pódio”, com uma proporção de 3,7/1. Em França, 47% das receitas é distribuída por todos os clubes; 28% relaciona-se com o rendimento desportivo da temporada em curso e os restantes 25% são repartidos tendo em conta a audiência televisiva. Depois da Alemanha, é aqui que tem mais peso o rendimento desportivo, se bem que a distribuição em função das audiências dê mais receitas aos clubes maiores.
Não muito longe surge a liga espanhola, que na última temporada mostrou “uma melhoria significativa” neste particular, ao registar um rácio de 3,7/1, graças à introdução do modelo de negociação centralizado. Desde a sua implementação que “o crescimento do valor dos direitos televisivos tem sido o catalisador de uma distribuição mais equitativa, que permitiu melhorar a situação de todos os clubes, mantendo os direitos de Real Madrid e FC Barcelona em níveis idênticos aos anteriores a este modelo”, pode ler-se no estudo da KPMG.
A Série A italiana fecha a tabela, com uma proporção de 4,7/1. As razões prendem-se com o facto de apenas 40% serem repartidos entre os clubes e de a parcela que diz respeito aos dados de audiência atingir os 30%. Não obstante, para 2018, os clubes comprometeram-se com um modelo mais equitativo de distribuição do dinheiro.
Assim sendo, se bem que é certo que os resultados obtidos não foram iguais, ”a adoção gradual de uma distribuição coletiva nas cinco principais ligas é entendida como um sinal de cooperação entre os seus membros, já que alguns clubes deixam de lado os seus interesses a curto prazo em benefício da liga como produto, criando assim um ecossistema que permite aos seus rivais crescer a um ritmo similar”, assinala a KPMG. Não obstante, “a médio prazo podem antecipar-se mais discussões como o resultado do aumento do peso dos direitos mediáticos internacionais das ligas e o impacto que pode ter nas ligas nacionais o aumento das receitas de bonificações de competições da UEFA, de que desfrutam apenas alguns clubes”, conclui a consultora.
Como sou, pelo menos assim me considero, uma pessoa realista (os meus amigos e família já acham que sou pessimista...) acho que as "entidades (i)responsáveis" tudo farão para inovar e acabaremos por assistir a um "baralha e fica na mesma. Uma "Centralização à Portuguesa".
Viva o BRAGA!