Sinceramente, fizemos um jogo que correspondeu às minhas expectativas - que não eram muito elevadas, diga-se. Jogámos frente a um adversário visivelmente mais adiantado na preparação e fisicamente, como quase todas as equipas francesas, bastante poderoso.
Apresentámo-nos com o figurino que parece ser o nosso plano A, em 4-4-2 clássico, com Fábio Martins juntamente com Rodigo Pinho na frente. E, começando por aí, não me pareceu que a ideia tenha funcionado. Fábio é um virtuosos mas passou quase sempre ao lado do jogo, sem bola, inadaptado à posição. Foi um só jogo mas... é pena, gostava de o ter visto a jogar numa das alas. De resto, vimos uma equipa a tentar sempre sair a jogar com bola no pé, com um dos médios (ora Luiz Carlos, ora Vuk) a recuarem para junto dos centrais nesse momento e com os laterais a subirem no terreno. Nem sempre o conseguimos bem, particularmente no primeiro tempo, porque os franceses tentaram frequentemente pressionar alto e obrigar-nos a jogar longo. A nossa linha defensiva, quando possível, actuou um pouco mais adiantada do que era prática na época passada. Os alas têm um papel muito importante neste figurino porque deles depende em grande medida a ligação meio-campo/ataque, em conjugação com os movimentos dos dois avançados, sem descurar o momento defensivo. Neste capítulo, as coisas têm de evoluir ainda bastante. Apenas Rafa me pareceu à vontade neste papel (o mesmo direi para Alan, quando entrou) de partindo da ala, com movimentos interiores, fazer essa ligação. Pedro Santos não teve um jogo muito feliz, Roman promete (ainda que lhe tenha notado alguma sofreguidão) mas tem de melhorar muito no aspecto defensivo. Mas não é possível desligar esta questão dos movimentos dos homens mais adiantados. Pinho, sem ter deslumbrado, mostrou que pode ser um jogador útil: sabe baixar no terreno em apoio, sabe proteger a bola em posse e tem alguma espontaneidade no remate. Porventura tem de ser um pouco mais rápido a decidir porque, jogando muitas vezes entre linhas, actuará num espaço muito limitado e muito... frequentado. De resto, sendo combativo, não é nenhum velocista, nem é particularmente dotado fisicamente. Neste jogo, teve handicap de ter actuado com um jogador a seu lado que se sentia como peixe fora da água (Fábio). É preciso encontrar mais soluções.
Também me parece que, nesta ideia de jogo, o papel dos laterais será porventura mais importante... porque serão sobretudo eles a emprestar largura ao nosso jogo (já que aos alas será pedido que contribuam, através de jogo interior, para a ligação com o ataque). E se as primeiras opções satisfazem (particularmente Djavan que mostrou estar numa forma já assinalável), as segundas...
No miolo, gostei bastante de Vukcevic. Tem uma qualidade que pessoalmente me agrada muito: é muito elegante com bola. Tem discernimento, tem disciplina táctica e tem também presença física (ganhou um sem número de duelos aéreos). Luiz Carlos não teve o seu melhor jogo (com bastantes perdas de bola no passe) mas do ponto de vsita táctico, funcionou bem com Vuk (fazendo um as coberturas quando o outro saía na pressão ou subindo um quando o outro baixava pata apoiar a saída de bola). A verdade é que tenho algumas dúvidas quanto a quem serão as melhores opções para este papel. Vuk marcou pontos. E, se bem que Luiz Carlos seja um mal-amado entre os adeptos, eu tenho dúvidas sobre se teremos melhor do que ele para fazer o que PF pretende - com a ressalva de que não conheço Alef e vi pouco de Battaglia nesta função (ontem jogou pouco e até nem entrou muito bem). Não sei se Tiba se adaptará bem a este modelo de jogo (pelo menos, nesta posição).
No eixo da defesa, pouco de novo. Uma dupla que se conhece bem com uma ou outra falha (uma grave de André Pinto, no primeiro tempo) e sem aqueles chutões que se viam amiúde na época passada. Curiosamente, ambos estiveram bastante acertados nos passes à distância.Boly entrou de facto com vontade, parece ter melhor saída de bola do que esperava - mas, a mim, pareceu-me bastante duro de rins e com muito pouca velocidade. Foi a primeira vez que o vi, tenho de rever. Sobre Ricardo Ferreira pouco ou nada deu para ver.
Quanto ao desenrolar do jogo, o início da segunda parte foi o melhor período. Mais dinamismo, com mais variações de flanco a fazerem "dançar" os franceses e a permitirem mais lances de perigo. Foi num lançamento destes, uma diagonal longa de Baiano(?) para Rafa que surgiu o golo (destaque para a qualidade da recepção de Rafa). Estou convencido até de que teríamos vencido o jogo, caso não houvesse tantas substituições. Não que tivéssemos abrandado o ritmo - mas a solidez defensiva ressentiu-se (particularmente no flanco esquerdo, com a saída de Djavan e Rafa) e os franceses acabaram por chegar, com alguma justiça, ao empate.
Notas: sobre Crislan e Pottker pouco se pôde ver. Crislan é longilíneo parece ter bom toque de bola. Não teve muitas solicitações mas deu-se ao jogo e ganhou alguns lances aéreos. Quanto a Pottker (que jogou ainda menos tempo), a única coisa que se percebeu foi a sua potência física mas praticamente não teve bola.