Sp. Braga-D. Corunha, 1-0 (crónica)
Golo no cair do pano dá cor a uma festa tímida
Um golo apontado por Sasso já nos minutos finais deu o triunfo ao Sp. Braga sobre o D. Corunha na apresentação dos «Guerreiros» aos seus associados. O tento apontado no cair do pano dá cor à festa arsenalista e serve para camuflar uma estreia cinzenta dos pupilos de Sérgio Conceição na pedreira.
O técnico apresentou-se ao Estádio Axa com cinco reforços no onze e o regressado Zé Luís a jogar na posição mais adiantada do terreno de jogo. Pedro Tiba jogou ao lado de Custódio no miolo, fazendo Rúben Micael subir no terreno. Com este tridente a meio campo, o mundialista Rafa descaiu para a extrema esquerda, prometendo ser esta uma das principais dores de cabeça de Sérgio Conceição: arrumar tanta qualidade a meio campo num trio apenas.
O encontro era de festa e de apresentação dos Guerreiros aos associados, mas o D. Corunha não quis entrar no programa das celebrações arsenalistas. A equipa que esta época regressou ao escalão maior do futebol espanhol apresentou-se com o português Luisinho em plano de destaque e ainda com o benfiquista Farina a jogar ao lado de Toché no ataque.
A Jogar em casa e na sua primeira aparição perante os seus adeptos, o Sp. Braga apareceu mandão no jogo, e tentado em dar uma boa imagem. Os primeiros indicadores foram positivos e os pupilos de Sérgio Conceição superiorizaram-se ao Depor. Pedro Tiba, Rafa e Zé Luís tentaram surpreender o guarda-redes Fabrício, dando expressão ofensiva à meia hora de domínio dos «Guerreiros»
Contudo, o Corunha equilibrou forças e demonstrou algumas debilidades na reconstruída defesa bracarense. Santos foi o único sobrevivente da época passada, sendo o patrão da defesa composta por Goiano, Wallace e Tiago Gomes, a quem se juntou o também reforço Matheus na baliza. O final do segundo tempo foi penoso para o Sp. Braga, que viu Luisinho enviar o esférico ao poste quando faltava um minuto para o intervalo. Em cima da hora, uma vez mais com Luisinho no lance, Toché apareceu isolado na cara de Matheus.
Para o segundo tempo, o Braga mudou de equipamento e demonstrou também querer contrariar a tendência com que terminou o primeiro tempo. Santos, o central goleador desta pré-época, tentou de livre inaugurar o marcador obrigando Fabrício a uma defesa apertada. Na ressaca do pontapé de canto conseguido no livre voltou a rematar com estrondo contra o corpo do guarda-redes do Corunha.
Sol de pouca dura. Toché atirou novamente aos ferros da baliza arsenalista aos quatro minutos do segundo tempo. Arranque prometedor do segundo tempo, que não passou de isso mesmo, de uma promessa.
O encontro caiu muito de rendimento, com os dois técnicos a fazer muitas mexidas nos seus conjuntos. Essencialmente a turma espanhola, que fez entrar todos os seus suplentes a conta-gotas. Perder não estava mesmo nos planos dos espanhóis, que emprestaram alguma dureza ao encontro (os quatro amarelos e a expulsão do veterano Manuel Pablo são exemplo disso) e ousaram queimar alguns minutos nas reposições de bola em jogo.
A festa do Sp. Braga ganhou cor quando faltavam quatro minutos para os noventa. O defesa central Sasso correspondeu da melhor forma a um livre fortíssimo de Tiago Gomes e a recarga vitoriosa deu o triunfo arsenalista.
O dia era de festa e não falou o resultado desejado: o triunfo. Até ao arranque da Liga há ainda trabalho pela frente para Sérgio Conceição. As duas bolas enviadas ao ferro pelo D. Corunha serviram de aviso.
Ficha de Jogo:
SP. BRAGA: Matheus; Marcelo Goiano, Wallace, Santos e Tiago Gomes; Custódio, Pedro Tiba, Rúben Micael e Rafa; Pardo e Zé Luís.
Jogaram ainda: Kritciuk, André Pinto, Salvador Agra, Alan, Pedro Santos, Baiano, Sasso, Luiz Carlos, Éder, Danilo, Fábio Martins e Victor Golas.
D. CORUNHA: Fabrício; Laure, Lopo, Insúa e Canella; Remeseiro, José Rodríguez, Juan Dominguez e Luísinho; Toché e Farina.
Jogaram ainda: Arizmendi, Seoane, Manuel Pablo, Wilk, Alex Bergantinos, Dani Iglesias , Borja, Cardoso Iago e Roger.
Golos: Sasso (86’)
Cartões amarelos: Juan Dominguez (58’), Arizmendi (71’), Seoane (78’) e Fabrício (90’).
Cartão vermelho Manuel Pablo (90’)
Equipa de arbitragem: Jorge Sousa, Álvaro Mesquita e Bruno Trindade.
Sp. Braga-D.Corunha, 1-0 (análise aos novos do Sp. Braga)
Pedro Tiba: está encontrado o patrão do meio campo
Por Bruno José Ferreira
Pedro Tiba: Jogou ao lado de Custódio no miolo arsenalista e foi o principal elo de ligação entre a defesa e o ataque. Realizou um jogo eficiente e sem falhas. Encarou o jogo com muita seriedade, de tal forma que levou mesmo um puxão de orelhas do árbitro Jorge Sousa devido a uma sequência de faltas cometidas. Não perdeu as oportunidades que teve de visar a baliza adversária. Foi o melhor entre as caras novas do Sp. Braga.
Matheus: O jovem guarda-redes brasileiro não demonstrou qualquer receio em assumir-se como dono e senhor da baliza do Sp. Braga. Esteve sempre muito seguro e demonstrou bons pormenores técnicos a jogar com os pés. Aos 45 minutos ganhou no frente a frente com Toché, que apareceu isolado e não conseguiu transpor o guardião dos «Guerreiros».
Marcelo Goiano: Muito discreto, mas competente, o reforço proveniente da Académica travou um duelo interessante com Luisinho. Não se aventurou muito em lances ofensivos, mantendo o seu flanco seguro.
Wallace: Ainda procura entender-se com Aderlan Santos no eixo da defesa e notou alguma dificuldade na ocupação dos espaços. Tentou jogar simples, mas por vezes mostrou-se algo inseguro.
Tiago Gomes: Viu Djavan ser a surpresa da tarde, ganhando assim concorrência no lado esquerdo da defesa. Não se intimidou e mostrou acutilância suficiente para fabricar vários lances de ataque no seu flanco, sem descorar a defesa. Foi um dos executantes das bolas paradas.
Zé Luís: Muito batalhador no ataque, confere desde logo tarefas defensivas e de recuperação de bola ao setor mais adiantado dos minhotos. Teve poucas oportunidades de mostrar serviço atacante.
Kritciuk: Não teve oportunidade de mostrar serviço, apesar de ter visto o esférico embater-lhe no ferro logo no segundo minuto da segunda parte.
Salvador Agra: Trouxe velocidade e criatividade ao ataque minhoto, que necessitava de uma lufada de ar fresco. Consegui-o a espaços, Ensaiou um remate cruzado que saiu com muita força, mas sem a direção devido
Pedro Santos: Muito aguerrido em cada lance que disputou, perdeu oportunidade de se mostrar mais em virtude da sua entrada em campo ter ocorrido numa fase em que o jogo estava partido e sem ritmo.
Danilo: Pouco tempo em campo. Deu o toque para Tiago Gomes fuzilar no lance do golo e tentou a sua sorte de livre direto, mas o saiu por cima.
Fábio Martins e Víctor Golas: Entraram a três minutos do final.
Sérgio Conceição: «Há muito trabalho a fazer»
Técnico está satisfeito, mas espera mais
Sérgio Conceição: «Há muito trabalho a fazer»
Declarações de Sérgio Conceição, técnico do Sp. Braga, no final do jogo de apresentação aos associados que terminou com o triunfo por uma bola a zero diante do D. Corunha:
«Este triunfo era importante, com a presença do público e do seu apoio. Mais de metade da equipa era nova em relação à época passada, com alguns jovens e notou-se alguma ansiedade aqui e acolá, o que é normal».
«Hoje ganhamos, em Barcelos empatamos, mas fomos mais consistentes. Mas o jogo foi diferente, defrontamos uma boa equipa, com bons jogadores e que vai disputar a Liga espanhola. Há muito trabalho a fazer, o meu tipo de jogo, que tem que ter intensidade, leva o seu tempo, e neste momento isso ainda não é possível de atingir, mas estamos a trabalhar. Totalmente satisfeito não estou».
[Espera receber mais reforços?] «Havia uma lacuna que era a defesa esquerdo, mas ficou hoje resolvido. Falta mais um outro reforço, que está identificado. Já falei com a direção sobre isso, mas penso que temos um plantel equilibrado».
«Saídas? Só espero entradas, saídas não».
Custódio: «Temos trabalhado para pôr o Braga nos lugares europeus»
Médio diz que a equipa teve ansiedade
Por Bruno José Ferreira
Custódio, médio do Sp. Braga que envergou a braçadeira de capitão no jogo de apresentação aos associados, diz que a equipa acusou a ansiedade da estreia, mas refere que a Sp. Braga tem muito para crescer:
«Foi um jogo em que vencemos, tivemos uma boa casa e foi agradável para a equipa. É natural que o jogo tivesse sido difícil, o Corunha é uma boa equipa e nós também mostramos alguma ansiedade até porque era a nossa festa e o nosso primeiro jogo perante o nosso público. Quisemo-nos mostrar, mas penso que fizemos um jogo razoável».
«Temos muito para crescer enquanto equipa, temos trabalhado com intensidade e com profissionalismo para pôr o Braga nos lugares europeus. O crescimento sustenta-se sempre com vitórias, por isso este triunfo foi importante».
Maisfutebol