PAF, o problema é que a tua forma de ver o negócio é o mundo perfeito. Na prática provavelmente só 4 ou 5 clubes no mundo conseguem estar no topo só com receitas ordinárias (tv, merchandising, quotas e bilhetes): real, barcelona, bayern, man utd e liverpool. Excluindo os clubes que têm uma torneira infinita de dinheiro, man city, psg, chelsea (nos últimos anos nem tanto), arrisco-me a dizer que todos os outros clubes no mundo precisam da compra/venda de jogadores para serem competitivos. Nenhum clube no mundo consegue ter um plantel de topo que concorra com estes que referi acima, sem contar na sua atividade com a venda periódica de jogadores.A maior parte dos clubes vive das receitas ordinárias. Nos clubes de pequena dimensão as receitas extraordinárias são mesmo extraordinárias e em valores baixos.
No caso, basta mudar o tipo de atividade de uma SAD para a venda de jogadores deixar de ser extraordinária. A atividade da SAD pode ser a de rentabilizar jogadores para, todos os anos, obter X de vendas. Bem administrado, como qualquer outra atividade, dá lucro e, no caso, resultados desportivos (se consegues vender por um valor acima do que compraste ou vender alguém formado na academia é porque houve tambem rendimento desportivo).
Tal como uma sapataria tem como receita ordinária os sapatos que vende (onde prevê no orçamento qtos sapatos vai vender baseado no passado e nos investimentos a fazer em mktg etc), uma SAD pode ter como receita os jogadores que vende, baseado na mesma premissa. No caso, o produto de uma SAD são, tambem, os seus jogadores e não apenas os jogos de futebol.
Outro exemplo é a amazon. No início o produto que lhe dava rendimento vinha das vendas da loja online, agora vem também dos servidores e plataforma tecnológica que vende/aluga a outros. Nada impede uma empresa de vender mais do que um produto ou ter mais do que um tipo de atividade.
O caso do Porto é paradigmático. Funcionou enquanto foi bem gerido. Deixou de funcionar quando começaram a contratar caro e deixaram de ter rendimento desportivo. Depois, para terem rendimento desportivo não venderam. Aquelas épocas de desvario do Lopetegui em que contrataram à grande espanhóis de qualidade duvidosa destruiram completamente os anos dourados (resultados desportivos e financeiros) de mourinho, villas boas e vitor pereira. Usando o exemplo da amazon era como se comprassem um produto a 10 eur e o vendessem por 8 ou nem o vendessem sequer, ou a sapataria acumular stock e não vender nada porque uma sapataria abriu ali ao lado com melhores sapatos e mais baratos.
O Boavista fez o mesmo. Depois de ser campeão começou a contratar à grande, gastou milhões em toscos. Foi o início do fim, o estádio foi a machadada final.
Foi este tipo de atividade que nos tirou de um buraco em 2003 e nos meteu na champions e na final da liga europa. Se o Salvador em 2003 tivesse gerido o clube da forma perfeita que falas (só receitas ordinárias) já tínhamos falido. Nós e todos os clubes portugueses. Todos, sem exceção.
Enquanto for bem gerido, não vejo problema nenhum a atividade de uma SAD ter como base a venda periódica de jogadores, porque no futebol atual é a única forma de se ser competitivo. Só na Inglaterra há receitas ordinárias capazes de manter os clubes. Mas tirando os que referi acima, os outros todos para lhes fazerem frente e serem competitivos têm que vender todos os anos.
Se os clubes tugas usassem só receitas ordinárias a nossa liga estava ao nível da da bielorrússia... nem 1 equipa na champions tínhamos e provavelmente nenhuma na FG da LE
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Só os clubes com qualificação europeia ou grandes ligas podem "contar" com receitas extraordinárias. E não se está a dizer para não o fazer, ter um Trincao e ignorar que vai haver receita. O que não se deve fazer e os clubes de futebol das principais ligas não o fazem é ter 50% ou 60% do orçamento em receitas que não são certas nem previsíveis, que dependem mais de factores externos que internos.
E o exemplo da Amazon é um tiro ao lado. A Amazon alargou o leque de produtos, e até se pode alterar o ramo completamente.
Uma cooperativa finlandesa de lenhadores pode entrar nos eletrodomésticos e tornar se depois líder mundial de telemóveis-Nokia. Um fabricante de moinhos de café pode passar a fabricar bicicletas e mais tarde automóveis. Agora um clube de futebol não é uma fábrica de jogadores. Não é o seu negócio que todos anos pega em x jogadores e é certo que que todos anos sairão y jogadores com valor x.
Pode ser o negócio de uma academia ou de uma Doyen, não de um clube de futebol. Um clube de futebol joga futebol e tem como objectivo atingirum determinado sucesso desportivo. E de vez em quando poderá vender jogadores. Poderá vender por 10 como pagar para sair. Saírem 2 como virem cá buscar 5. As vendas de jogadores são para compensar receitas que não têm, para conseguir um resultado desportivo. São um meio não o fim