| OPINIÃO |
FRANCISCO J. MARQUES
No Jornal grandeportoonline.com
“Se não chegamos a acordo, o Real Madrid e o Barcelona podem ir jogar a liga portuguesa ou a liga francesa”. A frase é de José María del Nido, presidente do Sevilha, e refere-se
à grande polémica actual do futebol espanhol e que tem a ver com a divisão dos direitos televisivos. Espanha é um dos países europeus em que os direitos televisivos
não estão centralizados, com cada clube a negociar o seu próprio contrato, o que gera enorme desequilíbrio entre os gigantes Barcelona e o Real Madrid (na última época
receberam cada um 140 milhões de euros pelos 19 jogos em casa da liga espanhola) e os outros (Atlético Madrid e Valência receberam 42 milhões, o Sevilha 24 e o Málaga de Jesualdo pertence ao grupo dos últimos com 12 milhões). No último Verão os clubes mais pequenos associaram-se e agora querem aprovar a venda centralizada dos direitos pela liga de clubes, fazendo depois a divisão a partir de critérios idênticos aos utilizados nas ligas inglesa, alemã e
francesa – metade do bolo é dividida em partes iguais por todos os clubes, um quarto é dividida segundo a classificação e o quarto restante segundo as audiências televisivas
– o que não interessa nada aos rivais Barcelona e Real Madrid, pois verão diminuir substancialmente o valor que recebem actualmente. Del Nido, uma espécie de “enfant terrible” do futebol espanhol, é o líder da revolta dos mais pequenos, acusando os dois gigantes de quererem destruir a competição: “A divisão tem de ser mais equitativa, se não acabamos com a galinha dos ovos de ouro, que é a competitividade”, ao mesmo tempo que acena com um campeonato sem Barça e Real, o que é de todo em todo impossível, mas que não deixa de ser uma forma de pressão apreciável. No fundo, a revolta dos clubes espanhóis ajuda a perceber
que os grandes clubes só o são porque existem outros de menor dimensão, mas que são igualmente indispensáveis a uma competição. E a verdade é que nos campeonatos em que a divisão dos direitos televisivos, hoje a grande receita dos clubes, é mais equitativa a competitividade é maior e o equilíbrio de forças entre os tradicionalmente mais fortes
e os outros é bem mais evidente. Em Portugal, o valor dos direitos televisivos é muito inferior
ao dos grandes países europeus – os três grandes recebem menos que o clube mais mal pago dos campeonatos francês, inglês, espanhol ou alemão. Por um lado, o mercado nacional é bem mais pequeno, gerando muito menos receitas; por outro, a existência de muitos contratos de longa duração com apenas uma empresa, o grupo Joaquim Oliveira, condiciona a capacidade
negocial do todo. No entanto, o desequilíbrio dos valores pagos aos clubes
mais bem pagos e aos clubes mais mal pagos não é muito diferente da realidade espanhola,
o que desde logo origina uma competição demasiado hierarquizada à partida. Se um dia os clubes
pequenos forçarem em Portugal a negociação centralizada Benfica, FC Porto e Sporting terão de se sujeitar, porque por muitos adeptos que tenham não podem jogar sozinhos."
Concordo completamente. 140 milhões para Real e Barcelona, e o terceiro clube com mais receitas tem só 40!!! É uma desproporção brutal!!! Alguém sabe quais são os valores em Portugal?
No dia em que olharmos para os clubes fora do círculo dos três grandes como rivais, mas aliados na luta contra a ditadura dos três grandes, vamos ter muito a ganhar. Em Espanha, os clubes chamados pequenos uniram-se e estão a reivindicar. Quando acordamos para esta realidade?
FRANCISCO J. MARQUES
No Jornal grandeportoonline.com
“Se não chegamos a acordo, o Real Madrid e o Barcelona podem ir jogar a liga portuguesa ou a liga francesa”. A frase é de José María del Nido, presidente do Sevilha, e refere-se
à grande polémica actual do futebol espanhol e que tem a ver com a divisão dos direitos televisivos. Espanha é um dos países europeus em que os direitos televisivos
não estão centralizados, com cada clube a negociar o seu próprio contrato, o que gera enorme desequilíbrio entre os gigantes Barcelona e o Real Madrid (na última época
receberam cada um 140 milhões de euros pelos 19 jogos em casa da liga espanhola) e os outros (Atlético Madrid e Valência receberam 42 milhões, o Sevilha 24 e o Málaga de Jesualdo pertence ao grupo dos últimos com 12 milhões). No último Verão os clubes mais pequenos associaram-se e agora querem aprovar a venda centralizada dos direitos pela liga de clubes, fazendo depois a divisão a partir de critérios idênticos aos utilizados nas ligas inglesa, alemã e
francesa – metade do bolo é dividida em partes iguais por todos os clubes, um quarto é dividida segundo a classificação e o quarto restante segundo as audiências televisivas
– o que não interessa nada aos rivais Barcelona e Real Madrid, pois verão diminuir substancialmente o valor que recebem actualmente. Del Nido, uma espécie de “enfant terrible” do futebol espanhol, é o líder da revolta dos mais pequenos, acusando os dois gigantes de quererem destruir a competição: “A divisão tem de ser mais equitativa, se não acabamos com a galinha dos ovos de ouro, que é a competitividade”, ao mesmo tempo que acena com um campeonato sem Barça e Real, o que é de todo em todo impossível, mas que não deixa de ser uma forma de pressão apreciável. No fundo, a revolta dos clubes espanhóis ajuda a perceber
que os grandes clubes só o são porque existem outros de menor dimensão, mas que são igualmente indispensáveis a uma competição. E a verdade é que nos campeonatos em que a divisão dos direitos televisivos, hoje a grande receita dos clubes, é mais equitativa a competitividade é maior e o equilíbrio de forças entre os tradicionalmente mais fortes
e os outros é bem mais evidente. Em Portugal, o valor dos direitos televisivos é muito inferior
ao dos grandes países europeus – os três grandes recebem menos que o clube mais mal pago dos campeonatos francês, inglês, espanhol ou alemão. Por um lado, o mercado nacional é bem mais pequeno, gerando muito menos receitas; por outro, a existência de muitos contratos de longa duração com apenas uma empresa, o grupo Joaquim Oliveira, condiciona a capacidade
negocial do todo. No entanto, o desequilíbrio dos valores pagos aos clubes
mais bem pagos e aos clubes mais mal pagos não é muito diferente da realidade espanhola,
o que desde logo origina uma competição demasiado hierarquizada à partida. Se um dia os clubes
pequenos forçarem em Portugal a negociação centralizada Benfica, FC Porto e Sporting terão de se sujeitar, porque por muitos adeptos que tenham não podem jogar sozinhos."
Concordo completamente. 140 milhões para Real e Barcelona, e o terceiro clube com mais receitas tem só 40!!! É uma desproporção brutal!!! Alguém sabe quais são os valores em Portugal?
No dia em que olharmos para os clubes fora do círculo dos três grandes como rivais, mas aliados na luta contra a ditadura dos três grandes, vamos ter muito a ganhar. Em Espanha, os clubes chamados pequenos uniram-se e estão a reivindicar. Quando acordamos para esta realidade?