Parece-me que o dossier que O JOGO publica na edição de hoje é suficientemente importante para ser discutido por nós e ser levado em consideração pelos responsáveis do clube:
Liga dos Campeões a ruína dos pequenos
FRANCISCO DAVID FERREIRA
FRANCISCOFERREIRA@FAROLDEIDEIAS.COM
O outro desafio do Braga
A Liga dos Campeões é sinónimo de prémios astronómicos, de grandes jogos entre os gigantes da Europa e de receitas televisivas elevadas. A principal competição da UEFA tem uma atenção mediática superior a todas as outras e é sem dúvida a maior prova de clubes a nível mundial. Qualquer clube de pequena ou média dimensão sonha lá chegar, não só pelos grandes jogos e visibilidade que isso implica, mas também pelos milhões que entram directamente nos cofres da instituição.
E a verdade é que alguns pequenos clubes vão conseguindo entrar no restrito palco reservado aos grandes da Europa. Nos últimos 15 anos, há surpresas para todos os gostos, com vários exemplos de clubes de segunda linha a nível nacional que conseguem fazer bons campeonatos e confirmar a presença na Champions League, casos de Boavista, Celta de Vigo, Bétis, Real Sociedad, Nantes, Lens, Leeds ou Willem II. E também existem pequenos clubes de países com menor expressão no futebol, como AIK (Suécia), Thun (Suíça), Widzew Lodz (Polónia), Molde (Noruega), Kosice (Eslováquia) ou Lierse (Bélgica). Há dois pontos comuns a todos estes clubes, provenientes de países e campeonatos tão diferentes entre si. Além da dimensão reduzida, se comparados com gigantes como Manchester United, Real Madrid ou Bayern Munique, todos entraram em fases de crise desportiva e financeira, com alguns a descerem às divisões inferiores e a correrem o risco de fechar portas.
Agora que o Braga fez história e se tornou o quinto clube nacional a atingir a fase de grupos da Liga dos Campeões, será que também corre o risco de entrar no círculo de clubes que descem ao inferno depois de tocarem o céu?
O pesadelo boavisteiro
Das dezenas de casos espalhados pela Europa, o mais conhecido dos portugueses é o do Boavista. O crescimento dos axadrezados nas décadas de 1970, 80 e 90 culminou com o título de campeão nacional em 2000/01 e a presença em duas Ligas dos Campeões, em 1999/2000 e 2001/02. A equipa orientada por Jaime Pacheco atingiu a segunda fase de grupos na sua segunda presença na competição, ultrapassando clubes como Borússia de Dortmund, Liverpool ou Dínamo de Kiev. Os bons resultados representaram também um bom encaixe financeiro. Por isso, nada fazia prever que o clube do Bessa tivesse uma queda tão abrupta a nível financeiro. Mas a verdade é que foi acumulando dívidas e começou a descer alguns lugares na classificação. A machadada final chegou com a despromoção na secretaria, devido ao caso Apito Dourado, em 2007/08. No ano seguinte, e cada vez mais afundados em problemas financeiros, os axadrezados voltaram a descer, desta vez desportivamente, para a II Divisão. Um cenário impensável: da Liga dos Campeões ao terceiro escalão nacional em apenas seis épocas. Mas como se explica tal queda? Jorge Silva, duas vezes internacional , conhece bem a situação do Boavista. Representou as panteras na Liga dos Campeões e voltou ao clube depois da descida à Liga Vitalis (2º escalão). "Quando fomos à Liga dos Campeões, nenhum jogador sentia qualquer problema. Estavam concentrados nos jogos e não estavam muito a par da gestão financeira do clube, por isso era impossível imaginar uma situação destas", começa por explicar. "A verdade é que os problemas foram começando a surgir ao longo dos anos, mas, na altura, todos elogiavam a gestão do Boavista, por isso é complicado perceber o que falhou."
Quando Jorge Silva regressou aos axadrezados, encontrou um cenário caótico. "O Boavista tinha uma estrutura muito forte, de clube grande. Na Liga Vitalis, era impossível manter isso. Encontrei um clube num caos financeiro, com muitos problemas", revela. O capitão dos axadrezados coloca parte da responsabilidade na construção do Estádio do Bessa. "É público que o Boavista não teve os apoios de outros clubes, e isso acabou por se reflectir nas suas finanças", afirma. Por outro lado, Jaime Antunes, economista, empresário e antigo candidato à presidência do Benfica, defende que os axadrezados entraram em "loucuras" ao aumentar salários a jogadores e ao criar uma estrutura que o clube não poderia suportar em condições normais. "As receitas não aumentaram à mesma velocidade das despesas. Quando o clube deixa de ter êxito, volta às receitas antigas, que são insuficientes para alimentar a estrutura que se montou entretanto", explica Jaime Antunes.
O JOGO [continua]
Liga dos Campeões a ruína dos pequenos
FRANCISCO DAVID FERREIRA
FRANCISCOFERREIRA@FAROLDEIDEIAS.COM
O outro desafio do Braga
A Liga dos Campeões é sinónimo de prémios astronómicos, de grandes jogos entre os gigantes da Europa e de receitas televisivas elevadas. A principal competição da UEFA tem uma atenção mediática superior a todas as outras e é sem dúvida a maior prova de clubes a nível mundial. Qualquer clube de pequena ou média dimensão sonha lá chegar, não só pelos grandes jogos e visibilidade que isso implica, mas também pelos milhões que entram directamente nos cofres da instituição.
E a verdade é que alguns pequenos clubes vão conseguindo entrar no restrito palco reservado aos grandes da Europa. Nos últimos 15 anos, há surpresas para todos os gostos, com vários exemplos de clubes de segunda linha a nível nacional que conseguem fazer bons campeonatos e confirmar a presença na Champions League, casos de Boavista, Celta de Vigo, Bétis, Real Sociedad, Nantes, Lens, Leeds ou Willem II. E também existem pequenos clubes de países com menor expressão no futebol, como AIK (Suécia), Thun (Suíça), Widzew Lodz (Polónia), Molde (Noruega), Kosice (Eslováquia) ou Lierse (Bélgica). Há dois pontos comuns a todos estes clubes, provenientes de países e campeonatos tão diferentes entre si. Além da dimensão reduzida, se comparados com gigantes como Manchester United, Real Madrid ou Bayern Munique, todos entraram em fases de crise desportiva e financeira, com alguns a descerem às divisões inferiores e a correrem o risco de fechar portas.
Agora que o Braga fez história e se tornou o quinto clube nacional a atingir a fase de grupos da Liga dos Campeões, será que também corre o risco de entrar no círculo de clubes que descem ao inferno depois de tocarem o céu?
O pesadelo boavisteiro
Das dezenas de casos espalhados pela Europa, o mais conhecido dos portugueses é o do Boavista. O crescimento dos axadrezados nas décadas de 1970, 80 e 90 culminou com o título de campeão nacional em 2000/01 e a presença em duas Ligas dos Campeões, em 1999/2000 e 2001/02. A equipa orientada por Jaime Pacheco atingiu a segunda fase de grupos na sua segunda presença na competição, ultrapassando clubes como Borússia de Dortmund, Liverpool ou Dínamo de Kiev. Os bons resultados representaram também um bom encaixe financeiro. Por isso, nada fazia prever que o clube do Bessa tivesse uma queda tão abrupta a nível financeiro. Mas a verdade é que foi acumulando dívidas e começou a descer alguns lugares na classificação. A machadada final chegou com a despromoção na secretaria, devido ao caso Apito Dourado, em 2007/08. No ano seguinte, e cada vez mais afundados em problemas financeiros, os axadrezados voltaram a descer, desta vez desportivamente, para a II Divisão. Um cenário impensável: da Liga dos Campeões ao terceiro escalão nacional em apenas seis épocas. Mas como se explica tal queda? Jorge Silva, duas vezes internacional , conhece bem a situação do Boavista. Representou as panteras na Liga dos Campeões e voltou ao clube depois da descida à Liga Vitalis (2º escalão). "Quando fomos à Liga dos Campeões, nenhum jogador sentia qualquer problema. Estavam concentrados nos jogos e não estavam muito a par da gestão financeira do clube, por isso era impossível imaginar uma situação destas", começa por explicar. "A verdade é que os problemas foram começando a surgir ao longo dos anos, mas, na altura, todos elogiavam a gestão do Boavista, por isso é complicado perceber o que falhou."
Quando Jorge Silva regressou aos axadrezados, encontrou um cenário caótico. "O Boavista tinha uma estrutura muito forte, de clube grande. Na Liga Vitalis, era impossível manter isso. Encontrei um clube num caos financeiro, com muitos problemas", revela. O capitão dos axadrezados coloca parte da responsabilidade na construção do Estádio do Bessa. "É público que o Boavista não teve os apoios de outros clubes, e isso acabou por se reflectir nas suas finanças", afirma. Por outro lado, Jaime Antunes, economista, empresário e antigo candidato à presidência do Benfica, defende que os axadrezados entraram em "loucuras" ao aumentar salários a jogadores e ao criar uma estrutura que o clube não poderia suportar em condições normais. "As receitas não aumentaram à mesma velocidade das despesas. Quando o clube deixa de ter êxito, volta às receitas antigas, que são insuficientes para alimentar a estrutura que se montou entretanto", explica Jaime Antunes.
O JOGO [continua]