O que o FC Porto pode não agradecer é o que Luís Aguiar anda a fazer por Braga - marcar golos decisivos, como aquele que deu a vitória contra o Marítimo. Luís Aguiar é o Micael do Sporting de Braga. Também joga a médio ofensivo e também chegou no mercado de Inverno depois de no final da época passada o mesmo Braga o ter vendido por 3 milhões ao Dínamo de Moscovo. Ou seja, a diferença é que é um reforço emprestado, quase de borla, negócio de loja dos trezentos, sem que ninguém tivesse dado conta do que aconteceu - o modesto Braga  reforçou-se com um jogador que até estava a ser falado para o Sporting, isto é, mexeu-se como um clube grande, ou como um candidato ao título.

Os 3 milhões de euros que este internacional uruguaio de 24 anos rendeu há sete meses nasceram de uma grande época acompanhado por Jorge Jesus, mas o Aguiar que andou pela Europa, por exemplo, a marcar golos ao Portsmouth - já não era um jogador qualquer. Curiosamente, foi até o FC Porto que o trouxe para a Europa e tentou valorizá-lo em cedências ao Estrela da Amadora e à Académica, até que alguém decidiu vendê- -lo para Braga. Resta saber com que consequências, porque o futebol está cheio destes enganos. "Aqui sinto-me bem, sinto-me em casa", disse recentemente, como se não houvesse outro clube onde pudesse jogar em Portugal. Braga ficou--lhe na memória, pela cidade e pelo treinador que lá encontrou. "Jorge Jesus foi o melhor que eu tive", disse, quando estava na Rússia. Talvez ainda não tivesse percebido o que podia fazer com Domingos Paciência.

IN http://www.ionline.pt/conteudo/47569-ruben-micael-vs-luis-aguiar-o-negocio-dos-3-milhoes-

FC Porto-Sp. Braga: todas as atenções no Dragão

Dragão, 20.15 horas: perigo de explosão. O FC Porto queima os últimos cartuchos, o Sp. Braga tem a oportunidade de passar para o comando da Liga real à entrada do último terço.

Um choque frontal, uma inesperada colisão de interesses, a proibição total de cedências do tetracampeão. Raramente, esta época, um jogo tem ou promete tanta substância, tanto nervosismo: é quase como misturar polícias e manifestantes. Um clima só comparável à excitação típica dos grandes clássicos.

Quer isso dizer que o Sp. Braga é o quarto grande? É, claro que é: entra no Dragão com mais oito pontos, pode sair do Dragão com mais 11. Poderia haver grandeza maior?

Há nervosismo de parte a parte, isso é indiscutível, e há um beneficiado de ocasião: o Benfica, que, ou vê o FC Porto cair redondo, ou ficará um pouco mais aliviado se o Sp. Braga tropeçar.

Vê-se o FC Porto numa rara dependência, um vulcão abafado por deslizes improváveis, e o penta bastante comprometido. Mas a esperança é azul: o FC Porto já não perde desde a Luz, e em 2010, não estando sempre em chamas, a verdade é que encarreirou e está há 13 jogos sem perder.

Jesualdo Ferreira encontrou a fórmula para os próximos tempos, e a equipa que bateu os 'gunners' poucas vezes será alterada, pelo menos até Hulk voltar para baralhar todas as contas.

Com o regresso de Raul Meireles, Belluschi fica para trás, e Mariano regressa ao ataque para sinalizar o estertor do filão argentino, em fulgurante perda de influência.

Onze com a alma de Luís Aguiar
Sem Vandinho, a carpir mágoas por causa de uma suspensão prolongada, nunca se poderá considerar que o Sp. Braga entra na máxima força. Mas a semana acabou bem para Domingos Paciência, que para além de ter Moisés, o patrão da defesa, disponível após castigo, recebeu da boca de Luís Aguiar a confirmação de que pode contar com ele para a dura empreitada na casa do dragão.

Com Domingos Paciência, a história repete-se. Autor do golo que derrotou a resistência do Marítimo, na jornada anterior, o uruguaio abriu o coração e no final da partida disse estar «em casa.» Ele que até está ligado ao Dínamo de Moscovo por um longo contrato.

Com o regresso de Mossoró ao onze, cabe Aguiar entre os titulares? Cabe. Quer dizer, tudo indica que sim, levando em conta os sinais dados por Domingos Paciência na projecção do jogo com o FC Porto. O reforço do meio-campo com unidades experientes e extraordinária capacidade de sofrimento é um dos pilares da estratégia do Sp. Braga para acalmar os ímpetos de um dragão que, previsivelmente, entrará forte e determinado no jogo.

O Sp. Braga surge no Dragão com o ataque cheio de pólvora e o estímulo extra de Renteria ter fintado uma ausência que chegou a ser dada como inevitável, regressando às primeiras opções de Domingos Paciência. Assim como Paulo César, o homem que na jornada 17 arrumou com o Sporting da luta pelo título. Quando Paulo César marca, o Sp. Braga ganha. É talismã. Mas é, acima de tudo, a unidade com mais capacidade para anular as subidas de Fucile, ou, no mínimo, tornar a noite do uruguaio menos confortável nos domínios defensivos.

Na máxima força, o Sp. Braga não está. Porque não tem Vandinho, evidentemente. Mas até Vandinho sabe que a concretização do sonho minhoto não depende de um só homem. É um sonho... colectivo.

Com arbitragem de Olégio Benquerença, eis as equipas prováveis:

FC Porto: Helton; Fucile, Rolando, Bruno Alves e Álvaro Pereira; Rúben Micael, Fernando e Raul Meireles; Varela, Falcao e Mariano.

Sp. Braga: Eduardo; Filipe Oliveira, Moisés, Leone e Evaldo; Luís Aguiar e Hugo Viana; Alan, Mossoró e Paulo César; Meyong


A BOLA

Domingos Paciência: “Jogo sempre para ganhar”

É um jogo que poderá decidir o futuro em termos de luta pelo título e colocar de novo o Sp. Braga na liderança do campeonato em caso de empate ou vitória. Pela frente está um FC Porto que não pode perder, sob o risco de se distanciar ainda mais da revalidação do título e da Liga dos Campeões. Condimentos suficientes para um duelo de nervos, gigantes e emoções fortes, com uma certeza clara: o Sp. Braga vai ao Estádio do Dragão “para ganhar”, sem se intimidar pela qualidade do adversário.

“Dentro daquilo que tem sido a nossa linha de pensamento desde o início deste campeonato, vamos abordar o jogo no sentido de procurar a vitória. Independentemente do que acontecer neste jogo, vamos continuar a pensar da mesma forma. Vamos lutar pela vitória e fazer tudo para ganhar, como em todos os jogos”, sublinhou Domingos Paciência.

Apesar de considerar que não existem favoritos ao jogo desta noite (20.15 horas), o técnico atribui aos azuis e brancos uma maior percentagem em termos de vantagem já que joga em casa e é tetra-campeão: “o favoritismo é sempr e daquela equipa que ao longo dos anos vem a ganhar e, em 52 jogos disputados contra o FC Porto, o Sp. Braga apenas ganhou três. O que muda é a posição em que as equipas se encontram, que é diferente dos outros anos”.

Domingos destaca o “valor” e “qualidade” de um FC Porto que ainda não perdeu em casa esta época, por isso, está consciente das “grandes dificuldades”. Mas é peremptório quando questionado que Sp. Braga vai estar no Dragão: “jogo sempre para ganhar. E os meus jogadores são treinados sempre para ganhar. Vamos fazer com que isso aconteça. Com que o FC Porto seja menos acutilante do que tem sido e que o Sp. Braga consiga ter supremacia sobre o jogo”.

Quanto à estratégia, já está definida. “Dizer aos meus jogadores que se estiverem dentro da área e não souberem o que fazer à bola, chutem à baliza, façam golo e depois discutimos as opções”, sorriu, revelando não ter qualquer tipo de dúvida quanto à equipa que irá entrar em campo, esta noite, no Dragão. E Luís Aguiar deverá permanecer no onze inicial.



ABC perde frente ao Gummersbach


O ABC de Braga chegou a escrever momentos dourados, mas não conseguiu finalizar a história com um sorriso nos lábios. O Flávio Sá Leite aqueceu durante largos momentos e atingiu altas temperaturas no minuto 39, quando o conjunto de Jorge Rito conseguiu puxar pela primeira e única vez a eliminatória para o seu lado. Foi apenas uma única vez, mas serviu para fazer acordar o monstro do passado, para deixar os bracarenses com os canais da memória fortalecidos por uma imagem digna e orgulhosa do comportamento dos academistas.

O arranque do Gummersbach até foi portentoso, mas num ápice o conjunto de Jorge Rito assumiu-se e com personalidade tomou o controlo do marcador, dominando desde o minuto 15 até ao minuto 30. Galvanizados com quinze minutos de luxo, o desfile dos academistas teve continuidade no arranque da segunda etapa. Com Hugo Figueira em grande plano, funcionando com uma verdadeira catapulta para os restantes colegas e no minuto 39 o ABC de Braga chegou a ter uma vantagem de quatro golos.

A eliminatória passava para o comando dos bracarenses, mas Sead Hasanefendic alterou o seu sistema defensivo, com uma marcação a Carlos Matos e o ABC perdeu organização ofensiva. Sentiu mais dificuldades em criar espaços, sentiu claramente a ausência de Luís Bogas para atacar e do lado oposto voltava a aparecer o mel hor em campo, o alemão Adrian Pfhal, autor de dez golos.

Depois quem tem um leque de internacionais como Zrnic, Szilagyi, Vukovic, Krantz e Gunnarsson tem apenas que puxar dos galões da experiência, colocar o jogo em modo de gestão e aproveitar os erros. Erros de desgaste físico, erros de ansiedade...tais como o próprio facto de vencer o jogo quando a vinte segundos do final havia empate e Fábio Antunes perdeu o golo da vitória.

Bogas só na segunda fase

Confirmou-se o pior cenário para Luís Bogas. Lesionado a meio da primeira parte, na altura quando obteve o quinto golo dos academistas, o lateral-esquerdo não abandonou o jogo, mas ficou com a sua situação bastante limitada. Utilizado por Jorge Rito apenas em situações defensivas, Luís Bogas ainda esteve na recta final em acções ofensivas, mas demonstrou sempre bastantes dificuldades, recorrendo à sua mão esquerda.

No final do encontro Luís Bogas realizou um raio-x à mão direita e confirmou uma fractura do quinto metartársio. Estima-se uma paragem de quatro semanas para o lateral-esquerdo, ou seja, Luís Bogas vai perder o resto da primeira fase da temporada. Esta quarta-feira há confronto com o Belenenses, referente à 16.ª jornada do campeonato, e até ao jogo com o FC Porto há Madeira SAD, Sporting, Horta, Xico e Águas Santas.


CORREIO DO MINHO

Braga: um clube cada vez mais de uma cidade a uma só voz

Reza a história que o Sp. Braga não vence no Estádio do Dragão há cinco anos, mas na última vitória dos arsenalistas no terreno do FC Porto correspondeu um salto para a liderança no campeonato. Foi um triunfo, por 3-1, na 19.ª jornada da edição de 2004/05 da Liga Portuguesa, fruto de dois golos de João Tomás e um de Wender, e era Jesualdo Ferreira quem treinava os bracarenses.
Hoje, o Sp. Braga só precisa de um empate no Dragão para ser novamente líder.
Já diz o ditado, ‘que quem joga para o empate, arrisca-se a perder’, mas se há pessoa que sabe isso melhor que ninguém e dispensa este ti po de conselho é o ‘enorme guerreiro’ Domingos Paciência. Ainda assim, o treinador mostrou mais uma vez toda a sua ambição e sossegou o coração dos adeptos arsenalistas, prometendo uma legião igual a si própria: no Dragão para ganhar!
E nas bancadas vão estar mais de dois mil bracarenses a apoiar. Já imbuídos no espírito dos guerreiros do Minho, ir jogo-a-jogo, foram determinantes na vitória passada frente ao Marítimo, e empolgados com a determinação da equipa de Paciência, os adeptos do Sp. Braga também já começam a acreditar que não há impossíveis no futebol. Mérito do presidente António Salvador.


CORREIO DO MINHO

Sp. Braga: Domingos Paciência já traçou estratégia para vencer o FC Porto
“Chutem à baliza e façam golos”

"Estratégia? Se não souberem o que fazer à bola, chutem à baliza e façam golos." Foi assim que Domingos Paciência antecipou ontem a visita do Sp. Braga ao Dragão, agendada para esta noite (20h15). Mesmo sem assumir de peito aberto a candidatura ao título, o treinador só pensa em derrubar o FC Porto e passar o Benfica na classificação.

Segundo Domingos, o Sp. Braga "vai manter a mesma linha de pensamento", ou seja, "vai fazer tudo" para somar três pontos diante dos portistas. "Jogo sempre para ganhar e os meus jogadores são treinados sempre para ganhar", reforçou, desvalorizando o facto de um empate valer a liderança da Liga, já que ficaria em igualdade pontual com o Benfica e os encarnados levam desvantagem nos duelos directos com o Sp. Braga.

Apesar do optimismo, o técnico não espera facilidades, até porque acredita que o rival treinado por Jesualdo Ferreira "continua na corrida pelo título, ainda que sofra uma derrota" frente ao Sp. Braga: "Mesmo sem Hulk, o FC Porto, em determinados jogos, consegue um rendimento muito alto, como contra o Sporting e o Arsenal. Há jogadores fundamentais na manobra da equipa, como o Ruben e o Raul Meireles. Depois têm Varela e Mariano. É preciso ver ainda que não perdeu em casa neste campeonato e, em 50 jogos no Dragão, o Sp. Braga só venceu três."

Seja como for, o treinador aposta tudo no sucesso minhoto: "Mas nós também só temos uma derrota. Estamos no topo de uma pirâmide e queremos manter essa posição."

LUÍS AGUIAR RECUPERADO

O médio Luís Aguiar é menos uma dor de cabeça para Domingos Paciência: treinou ontem e mostrou estar recuperado da entorse que fez soar os alarmes minhotos a meio da semana. A certeza foi dada pelo próprio treinador, que o convocou para o Dragão. "Sim, está recuperado. Se joga ele ou o Mossoró? Vejam o jogo. Eu não tenho dúvidas sobre o onze que vou apresentar", disse Domingos, que escondeu nos últimos dias a estratégia com que desafiará os dragões. Tudo indica que seja Mossoró o escolhido para o ângulo mais criativo do meio--campo. O brasileiro vem com fome de bola, depois de três jogos de suspensão. Rentería e Paulo César também recuperaram de problemas musculares e foram chamados. Vandinho está castigado e Rodríguez, Diogo Valente e Madrid falham o jogo por lesão.

PORMENORES

INVASÃO

Mais de três mil adeptos dos bracarenses vão estar hoje à noite nas bancadas do Estádio do Dragão.

SEIS CAMPEÕES

Alan, Evaldo, Madrid, Diogo Valente, Rentería e Adriano já saborearam o título na Liga com a camisola do FC Porto.

FILHO PRÓDIGO

O técnico Domingos Paciência volta à casa que lhe deu fama, glória e 15 troféus, incluindo 7 títulos nacionais.


CORREIO DA MANHA

O bairro onde o Mingos nasceu
Parte da família do treinador ainda vive nas casas paroquiais erigidas para albergar os pobres

A casa onde, há 41 anos, Domingos nasceu já não existe, mas, ali bem perto, mora a mãe, Deolinda, e o irmão mais velho, António. O próprio treinador, na sua juventude, viveu algum tempo na actual residência familiar.

Em frente à Petrogal, o chamado bairro dos pobres, no lugar de Rodão, em Leça da Palmeira, já não tem a mesma configuração inicial, dos anos de 1950. Erigido por iniciativa do padre Alcino Santos, então pároco leceiro, a zona residencial perdeu espaço, devido ao crescimento da empresa petrolífera, mas uma centena de pessoas ainda mora no bairro e lembra, com satisfação, a infância do agora treinador do Braga.

"O Mingos viveu aqui até aos 13 anos, altura em que foi para o F. C. Porto e passou a morar no lar do clube", recorda, ao JN, António Oliveira, o irmão mais velho de Domingos. Entre os dois distam 20 anos, numa prole de sete filhos do casal Carlos (já falecido) e Deolinda. Domingos puxou ao pai, natural de Manaus, no Brasil, no jeito para a bola. "Era muito habilidoso", conta António, adiantando que o pai era pintor de profissão.

Nascido no seio de uma família humilde, a infância de Domingos "foi difícil", mas as suas qualidades como jogador acabaram por lhe abrir as portas do futebol. "A certa altura, o pai disse-lhe que tinha de decidir: ou estudos ou futebol. Apostou bem...", conta o irmão, acrescentando que Domingos fez o 7.º ano de escolaridade.

"A fama nunca lhe fez mal. Tem conseguido resultados, primeiro como jogador e, agora, como treinador", realça António Oliveira.

Claque especial do Braga

José Oliveira, ex-vizinho do técnico, concorda com o irmão de Domingos. "É bom rapaz e vingou no futebol", disse, orgulhoso.

No entanto, lamenta que o treinador ainda não tenha cumprido a promessa de lhe arranjar as luvas de Eduardo, guardião do Braga. "Davam-me muito jeito para apanhar navalheiras no mar...", explica. Incumprimento à parte, este assumido benfiquista diz que torce... pelo Braga."Vai ganhar ao F. C. Porto! E, se for campeão, ficarei muito feliz. O Mingos merece".

O irmão do treinador, que é adepto dos dragões, tem uma perspectiva diferente do jogo de amanhã. "Quero um empate! Ficava duas vezes satisfeito", frisa.

Se o Braga for campeão, "haverá festa no bairro", dizem, a uma só voz.

JN

Domingos Paciência
"FC Porto não fica afastado do título"

Concentração é a palavra-chave em Braga, ainda que o golo marcado pelo FC Porto ao Arsenal não tenha estado na ementa da preparação do jogo mais importante dos últimos meses. "Cada vez mais não há momentos para distracções. Mas não debati isso com os meus atletas. Há coisas mais importantes", garantiu Domingos Paciência, na antevisão ao jogo de hoje.

O onze a apresentar já está escolhido e a estratégia bracarense bem delineada. Para quem pensa num quadro complexo de movimentações e jogadas trabalhadas ao milímetro, Domingos tranquiliza. "Vou dizer aos meus jogadores que quando estiverem na área e não souberem o que fazer à bola que rematem à baliza e façam golo", sorriu. A boa disposição é mesmo a melhor forma de esquecer a importância do jogo. Maior para o FC Porto, obviamente. "O Braga será muito mais beneficiado em caso de vitória. Tem sido sempre essa a nossa abordagem e não vai agora ser diferente", atacou, subtraindo depois a pressão que já provocara. "Se calhar alguém está à espera que este campeonato fique reduzido a duas equipas na luta pela liderança. Mas eu acho que o FC Porto não fica afastado. Há ainda muitos pontos em disputa. Muita coisa pode acontecer", vincou.

Um empate basta para o Braga se manter no topo da Liga Sagres. Bom resultado? "Depende. As análises devem fazer-se consoante for o jogo. Mas eu jogo sempre para ganhar. Os meus jogadores são treinados sempre para ganhar", reforça, no discurso ambicioso de quem sabe precisar apenas de três pontos para, dez jornadas antes, bater o registo de Jorge Jesus na última época. Mas não é fácil. O FC Porto não é, apesar do terceiro lugar, uma equipa qualquer. "O favoritismo é sempre da equipa que nos últimos anos tem vindo a ganhar e a prova é que em casa do FC Porto o Braga ganhou muito poucas vezes [quatro]. Mas este jogo acontece com as duas equipas em posições totalmente diferente dos outros anos. Não se pode falar de um favorito, mas o FC Porto, a jogar em casa e campeão em título, terá sempre uma percentagem maior", avaliou, ele que contra Sporting e Benfica reclamou para a sua equipa as maiores hipóteses de vitória.

A ausência de Hulk não enfraquece o FC Porto e, por decorrer de uma situação idêntica à de Vandinho, até pode ajudar a fortalecê-lo. "Às vezes há aspectos negativos num balneário que se transformam numa força ainda maior, como já aconteceu connosco. Só o jogo é que irá dizer até que ponto a equipa do FC Porto vai aproveitar este momento para se tornar mais forte", refere, elogiando Rúben Micael, Raul Meireles, Mariano e Varela e a qualidade de uma equipa que "não é por acaso que ainda não perdeu em casa".


Perdeu sempre como visitante no Dragão

Formado e consagrado no FC Porto, foi contra este adversário que Domingos Paciência se estreou na Liga Sagres, em 2006/07, pelo Leiria. No Dragão perdeu por 2-1, números iguais aos registados no comando da Académica, na época passada. Pelo meio, e também pela Briosa, mais dois jogos em casa do seu clube do coração e também com derrotas, ambas por 1-0. Significa isto que Domingos está à procura da primeira vitória de sempre no Dragão e de quebrar mais um mito da sua ainda curta carreira. Este ano têm sido muitos.



Duelo fratricida com águias no sofá

Hoje há jogo grande no Dragão. O tetracampeão nacional e terceiro classificado na liga recebe o mais surpreendente dos pretendentes e actual segundo num jogo que pode mexer com o topo da tabela do campeonato. Um jogo grande e com grandes implicações, que podia ser ainda maior se não estivesse órfão de alguns dos seus principais protagonistas, arredados dos relvados pela aplicação de penas exemplares por parte da Comissão Disciplinar da Liga. Ao FC Porto falta Hulk, ao Braga faltará Vandinho e ao jogo faltará mais essa pitada de sal, mas nem isso deverá justificar um espectáculo insosso, até porque não lhe faltam condimentos. O FC Porto precisa de ganhar para não perder de vista a revalidação do título, o Braga tem de vencer para recuperar o primeiro lugar que o Benfica reclamou ao antecipar o jogo correspondente a esta jornada um par de semanas. Jesualdo Ferreira não tem grande margem de manobra e a equipa deve registar o regresso de Mariano ao lugar que Hulk ocupou no jogo com o Arsenal. No Braga, regista-se o regresso de Mossoró e a recuperação de Luis Aguiar que sofreu uma entorse sem gravidade e ambos deverão ser titulares. Por outras palavras, há um jogo grande e com grandes implicações esta noite no Dragão.

FC Porto

20h15 Sport TV1

Estádio do Dragão

Árbitro Olegário Benquerença [AF Leiria]

Assistentes Bertino Miranda e José Cardinal

Treinador

Jesualdo Ferreira

1 Helton GR

13 Fucile LD

14 Rolando DC

2 Bruno Alves DC

15 Álvaro Pereira LE

25 Fernando MD

28 Rúben Micael MO

3 Raul Meireles MO

11 Mariano AD

17 Varela AE

9 Falcao AV

24 Beto GR

22 Miguel Lopes LD

16 Maicon DC

6 Guarín MD

20 Tomás Costa MO

8 Valeri MO

7 Belluschi MO

Braga

Treinador

Domingos Paciência

1 Eduardo GR

27 Filipe Oliveira LD

5 Moisés DC

3 Paulão DC

6 Evaldo LE

13 Olberdam MD

45 Hugo Viana MO

8 Mossoró MO

30 Alan AD

19 Meyong AV

11 Paulo César AE

31 Kieszek GR

15 Miguel Garcia LD

4 André Leone DC

10 Luis Aguiar MO

22 Rafael Bastos MO

99 Matheus AE

19 Renteria AV



Em destaque

4

Rúben Micael

O médio está em risco de falhar a próxima jornada, em Alvalade, se vir mais um cartão amarelo. Rúben tem apenas um nos registos do FC Porto, em jogos de campeonato, mas já tinha três que transitaram da primeira parte da época, cumprida ao serviço do Nacional da Madeira. Deste modo, o risco de falhar Alvalade pode servir de travão.

8

Eduardo

Para dificultar a tarefa de Falcao ninguém melhor do que o melhor guarda-redes portugês. É Carlos Queiroz quem o pensa e os números comprovam-no. Com oito golos sofridos, está muito à frente do que se segue nesse particular: Quim, do Benfica, com 11. Na primeira volta, o transmontano estreou-e a vencer o FC Porto e ficou, também pela primeira vez, inviolável. Para repetir.



A ANÁLISE DE COROADO

Olegário Benquerença

AF Leiria

40 anos

internacional sim

nº de jogos 161

GRAU DE RISCO

Muito difícil

Difícil

MÉDIO

NORMAL

árbitro (Pontuação 0 a 5)

Jogos anteriores 3,04

personalidade 2,5

controlo disciplinar 3

interpretação das leis e regulamentos 3

condição física 4

média 3,11

Trata-se do elemento neste momento com melhor conceito além fronteiras, algo que dificilmente alcança intra-muros. O capital de segurança que demonstra, desde que devidamente canalizado, saberá dominar acontecimentos a seu belo prazer. Detentor de boa capacidade física, aceita rapidamente os sinais dos assistentes dando-lhes indicação célere quando pretende prescindir dos mesmos ou mandar baixar bandeirola.

árbitros assistentes

Bertino Miranda (AF Porto)

José Cardinal (AF Porto)

São e hão-de continuar a sê-lo os dois melhores assistentes da Liga. Possuem sinalética elegante e pensam-se super-heróis.



Golos para todos

A equipa que mais surpreende o país nesta edição da Liga Sagres é também a mais generosa na hora de repartir os louros das vitórias. Sem um goleador como Cardozo, Falcao ou Liedson, o Braga vale-se do colectivo para intimidar o adversário. Do actual plantel, 17 jogadores já sabem o que é marcar esta época, o que, por si só, é um recorde de partilha entre as equipas do principal escalão. Se somarmos João Pereira, que antes de sair para o Sporting garantiu a vitória contra o Marítimo, o número aumenta para 18.

Também neste item o Benfica é o maior rival arsenalista. Mas com uma perda enorme quando se compara com o total de golos apontados em todas as provas disputadas: é muito mais meritório repartir 42 golos do Braga por 18 jogadores, do que os 85 do Benfica por 16 atletas.

O guerreiro mais concretizador é Meyong, com oito tentos. Naturalmente, os que se seguem estão muito próximos: Matheus tem sete, Paulo César e Alan cinco. Hugo Viana vem a seguir, com quatro. Por isso, não surpreende que o ataque seja o sector mais finalizador. Menos normal é que os defesas estejam próximos dos médios em matéria de concretização: seis contra 10 golos. A destacar também a assimilação facílima desta prática dos reforços de Inverno. É que Luis Aguiar, Renteria e Rafael Bastos não precisaram de muito tempo para se juntarem ao grupo. Faltam ainda Miguel Garcia e Olberdam, mas este já facturou no Marítimo. Na lista de matadores é notória a ausência de Adriano, a par de Meyong o único goleador reputado do grupo.

Se estas contas forem feitas exclusivamente para as 19 jornadas já decorridas do campeonato, então o Benfica leva vantagem: 12 marcadores contra 11 de Braga, Marítimo, Académica e Guimarães. Mas, de todos os treinadores, só mesmo Domingos tem o privilégio de poder construir um onze de mira afinada sem ter de recorrer a adaptações. É o que vai acontecer esta noite no Dragão, jogue Paulão ou Leone, Mossoró, Aguiar ou Paulo César. Com Rodriguez de fora (é o único habitual titular que não marcou), não há margem para errar. O FC Porto que se cuide. Afinal, no Braga a ameaça pode vir de todas as zonas e de qualquer um. Mesmo do mais inesperado.

Defesa 6

É muito raro um lateral marcar, mas o Braga teve três que fizeram golos decisivos. João Pereira iniciou a recuperação frente ao Marítimo. Evaldo empatou em Vila do Conde e Filipe Oliveira valeu o apuramento para os quartos-de-final da Taça de Portugal. Quanto aos centrais, Leone foi o único que marcou no campeonato. E Rodriguez o único que não se conseguiu estrear.

Meio-campo 10

Só Madrid não facturou entre os oito médios já utilizados do plantel. Peña e Rafael Bastos são os mais eficazes de todos, por terem apenas 124 e 148 minutos nas pernas. Porém, é Hugo Viana que se destaca: já marcou de bola parada(2), pé esquerdo e pé direito, num total de quatro golos. Os outros têm... um cada um. Aguiar tem passado de matador e começa a prová-lo.

Ataque 26

Alan (5), Paulo César (5) e Meyong ( não são demolidores como os atacantes do Benfica, mas juntos já levam 18 golos esta época. Mas Matheus é o mais eficaz de todos, pois conta sete, seis deles como suplente utilizado. Renteria foi o último avançado a chegar e também já festejou uma vez.


Luis Aguiar e Renteria estão disponíveis

Excelentes notícias no dia de ontem para Domingos Paciência e ainda antes do único treino do dia. Luis Aguiar e Renteria, que estavam em dúvida, recuperaram e estão convocados para defrontar o FC Porto. Luis Aguiar já não sentia dores no tornozelo direito, que magoara na véspera. Renteria era um caso mais delicado, uma vez que há 10 dias que não treinava. Ontem mostrou-se finalmente disponível e participou na sessão sem qualquer limitação. Empenhou-se tanto que Domingos nem sequer hesitou em chamá-lo. A certeza da plenitude dos dois ex-dragões é tão grande que o treinador optou por convocar apenas 18 jogadores, contrariando a prática habitual. Os dois devem ser, contudo, suplentes. Da lista saíram Peña e Osvaldo, por opção, além dos lesionados Rodriguez e Diogo Valente. Renteria, Moisés e Mossoró são os seus substitutos.


O JOGO

Adeptos pedem à equipa que alimente o sonho

O pedido é extensível a jogadores, treinadores e todos os adeptos e pode ler-se num viaduto à saída de Braga. "Alimentem o sonho" é o que diz a tarja pendurada esta semana pelos adeptos bracarenses. O título está cada vez mais próximo e o jogo de hoje é fundamental.



Quanto vale o pé esquerdo do central André Leone?

O central Paulão seria titular de caras, mas o facto de, tal como Moisés, jogar descaído sobre a direita do eixo da defesa faz Domingos Paciência equacionar o recurso a André Leone. Agora, a dúvida é saber até que ponto esse será um atributo decisivo.


O JOGO

Para afastar alemães não basta jogar bem

Como diz a sabedoria popular, "contra factos não há argumentos", e o facto de o VfL Gummersbach ser superior ao ABC ficou ontem demonstrado, ainda que não de uma forma inequívoca.

O ABC despediu-se da Taça das Taças com uma derrota tangencial perante o sexto classificado da Bundesliga, mas a história poderia ter tido contornos menos negativos, uma vez que os bracarenses poderiam ter vencido o jogo de ontem e até provocado uma surpresa. As inúmeras falhas da finalização aos seis metros, sobretudo por parte dos pontas, comprometeram o sonho.

Os alemães chegaram mais avisados daquilo que iriam defrontar e souberam gerir a vantagem trazida da Alemanha e, com ela, encontrar o melhor ritmo para impedir que a equipa de Jorge Rito conseguisse fugir no marcador.

Aliás, o ABC chegou a igualar a eliminatória, aos 38 minutos, quando chegou aos 19-15, e antes conseguira tirar bom partido das exclusões do adversário, mas nada disso, nem mesmo a exibição de Hugo Figueira, foi suficiente para ultrapassar as falhas e a dificuldade em defender a velocidade da organização atacante do Gummersbach.

Aos 49 minutos, os alemães regressaram à liderança (22-21), e foi notório o desânimo instalado, o que impediu que, por exemplo, Fábio Antunes conseguisse, no último remate, o golo da vitória; pelo contrário, foram os alemães que acabaram por vencer. É, apesar de tudo, importante referir que a saída europeia do ABC não foi feita pela porta... pequena.

DECLARAÇÕES

Jorge Rito Treinador do ABC
"Falhámos aos seis metros e isso decidiu"

"Tivemos um jogo em que se proporcionou que pudéssemos passar. Não o conseguimos porque falhamos aos seis metros, e isso decidiu. A equipa foi ficando desestabilizada e, sem o Bogas na segunda parte, perante uma equipa do outro mundo, tornou-se difícil. Mesmo assim não nos intimidámos e podíamos ter ganho", disse Rito.

Luís Bogas Lateral do ABC
"Os árbitros também não nos deixaram"

Luís Bogas resumiu o que sentia: "Estava ao nosso alcance e nas nossas capacidades passar. Mas andar na Europa não é só uma questão de orçamentos e jogadores, os árbitros também não nos deixaram fazer muito mais. Sempre que estivemos a vencer por três, houve decisões muito questionáveis."


FIGURA

Hugo Figueira
De Selecção...

Em jogos deste nível é que os jogadores são verdadeiramente postos à prova. O guarda-redes Hugo Figueira há muito que passou todos os testes e, com 20 defesas, mostrou porque é o número um na Selecção.



O JOGO

FC Porto joga com "mensagem de indignação", Domingos entrega o favoritismo ao adversário

O blackout dos portistas foi quebrado para Nuno manifestar, "em nome do grupo", solidariedade para com Hulk e Sapunaru. Jesualdo Ferreira não falou

ogadores, equipa técnica e elementos da SAD do FC Porto. O palanque do Auditório José Maria Pedroto, no Estádio do Dragão, encheu-se. Na véspera das partidas do FC Porto para a Liga, os responsáveis portistas têm-se mantido mudos, mas ontem abriram uma excepção. Jesualdo Ferreira voltou a não falar, mas a antevisão do jogo frente ao Sporting de Braga transformou-se numa mensagem de grupo. O porta-voz foi Nuno.

Foi a primeira vez que, em 2010, alguém falou na antevisão de um jogo do FC Porto para a Liga. No início de Janeiro, antes de defrontar a União de Leiria, o treinador portista mostrou-se "solidário" com os jogadores que, em comunicado, tinham anunciado não voltar a prestar declarações ao jornal A Bola após uma notícia publicada pelo diário desportivo sobre os incidentes no túnel do Estádio da Luz após o Benfica-FC Porto. Jesualdo manteve o blackout "solidário", mas a decisão do caso relacionado com os mesmos incidentes levou o plantel "azul e branco" a tomar uma posição, transmitindo "uma mensagem de indignação".

Sem direito a perguntas, foi o guarda-redes Nuno que manifestou, em nome da equipa, a "revolta" pelo castigo aplicado pela Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) a Hulk e Sapunaru. "Magoa-nos a todos" e "queremos manifestar a nossa solidariedade com eles [Hulk e Sapunaru] e dizer que ninguém nos vai fazer desistir", começou por dizer. A seguir, lembrou que os portistas são "tetracampeões" e merecem "respeito" pelo que conquistaram "anteriormente" e pelo que vão "voltar a ganhar". "Não há ninguém, não há injustiça nenhuma que nos façam que nos tire a união. Estamos cada dia, cada treino, cada jogo mais unidos", afirmou. A finalizar, deixou duas mensagens: para "todo o país", uma "mensagem de indignação pelo que o clube está a viver"; para os adeptos, o recado que "a administração, staff técnico, jogadores e toda a gente que gosta do FC Porto" estarão "sempre unidos".

A mensagem de Jesualdo sobre o jogo surgiu em forma de convocatória. Para uma partida em que o FC Porto joga o "tudo ou nada", há uma alteração em relação aos jogadores chamados para defrontar o Arsenal: Hulk deu o lugar ao argentino Valeri.

"Uma margem boa"

Em Braga, os desenvolvimentos do caso do túnel do Estádio da Luz não passaram ao lado. Domingos Paciência, treinador do Sp. Braga, disse que "há aspectos negativos que acontecem num grupo de trabalho que se transformam numa força maior" e lembrou que já aconteceu o mesmo no plantel da sua equipa.

Quanto ao jogo, Domingos entregou o favoritismo aos portistas: "É uma equipa muito forte, que respeitamos, tem feito grandes jogos, é campeã há quatro anos seguidos e ainda não perdeu em casa." Frente a um clube onde "há jogadores que sobressaem e criam desequilíbrios, como o Ruben Micael, o Raul Meireles, para não falar dos homens que jogam mais abertos, como o Varela ou o Mariano", Domingos promete que os seus atletas vão manter a mesma "linha de pensamento" e "fazer tudo para ganhar".

Num "jogo diferente de todos os outros, porque o Sp. Braga está numa posição diferente de todos os outros anos e, em caso de vitória, fica com uma margem boa", o treinador não considera que o adversário, em caso de derrota, fique fora da luta pelo título: "Acho que não. Alguém está à espera que a luta fique reduzida a duas equipas, mas ficam a faltar 10 jogos, 30 pontos em disputa e muita coisa em jogo."

Com Luís Aguiar recuperado de lesão e Mossoró de regresso após ter cumprido um castigo de três jogos, a principal baixa no Sp. Braga, para além de Vandinho, é Rodriguez. O central está lesionado.


PUBLICO

FC Porto-Sp. Braga
Um duelo entre desiguais com milhões em jogo

Hoje (20.15), os dragões têm de ganhar para não perderem caminho  do título ou da Champions. Bracarenses podem assumir-se como candidatos em definitivo.

Só o futebol pode transformar uma luta entre David e Golias num duelo de titãs. Relativamente ao FC Porto, o Sp. Braga tem incomparavelmente menos títulos, um histórico muito mais pobre nos confrontos directos, e um plantel substancialmente mais barato. Porém, os bracarenses vão bem à frente no campeonato. E podem alargar a distância para 11 pontos no jogo de hoje (20.15, Sport TV1) no Dragão.

Mais: se não perder, o Sp. Braga fica na liderança do campeonato à entrada para a sua recta final e torna-se definitivamente num candidato à conquista da Liga. Tudo se joga em 90 minutos e no território do adversário - apesar dos mais de dois mil adeptos bracarenses que vão deslocar-se ao Porto.

Se esta etapa pode ser decisiva para a concretização do sonho bracarense, pode muito bem ter sentido oposto para os dragões. O FC Porto joga em casa e tem de arriscar, já que, caso não vença, não só diz praticamente adeus ao título como também ao segundo lugar, que daria eventual acesso aos milhões da Liga dos Campeões. O que equivale a dizer que este jogo pode deitar a perder milhões para os azuis e brancos (a simples presença na Champions garante directamente 5,4 milhões de euros em prize money). Há um pesadelo em perspectiva, portanto.

A diferença pontual entre FC Porto e Braga pode ser decisiva. E tem várias explicações. Os dragões atrasaram-se na Liga por só tardiamente terem encontrado um modelo de jogo capaz de integrar os reforços Varela, Rúben Micael, Belluschi e Falcao. Enquanto isso, o Sporting de Braga mantém uma estrutura-base que vem das épocas anteriores, contratou reforços que já estão familiarizados com o clube e definiu um sistema de jogo assente na segurança defensiva.

No entanto, curiosamente, este Sp. Braga potencial candidato ao título tem um travo portista. As sementes de uma equipa capaz de conviver regularmente entre os grandes foram lançadas por Jesualdo Ferreira, actual treinador dos dragões. E, agora, parecem florescer às mãos de Domingos Paciência, antigo craque das Antas, que fez uma transição de sucesso para a carreira de treinador com princípios de jogo bem definidos.

Aliás, na equipa minhota, há nada menos que sete jogadores que já passaram pelo FC Porto (ver destaques). Vários atletas desaproveitados no Dragão ganharam nova vida na "Pedreira". E mesmo os que nem em Braga garantiram um papel determinante trouxeram consigo uma cultura de vitória que pode revelar-se fundamental neste momento

O médio-ofensivo Jorginho, que também trocou o FC Porto pelo Sp. Braga em 2007/08, sublinha precisamente a importância de ter jogadores com vivência de clube grande, que já venceram títulos, ou, como o próprio afirma, "que conheçam o caminho do sucesso".



Jesualdo foi o único a vencer no Dragão

Se o histórico jogasse, hoje o Sporting de Braga entrava no campo do FC Porto já a perder… e por goleada.

Os dragões venceram dois terços dos 107 duelos disputados até hoje com os arsenalistas (72 partidas), que conquistaram apenas 15 vitórias. No próprio reduto, o domínio azul e branco torna-se ainda mais avassalador - em 53 jogos, o FC Porto apenas cedeu sete empates e perdeu em três ocasiões.

Uma vitória bracarense no Porto é, de facto, uma raridade. E, suprema ironia, o mentor da última proeza bracarense foi precisamente o actual técnico azul e branco. Jesualdo Ferreira foi o único treinador do Sp. Braga a vencer no recentemente construído Estádio do Dragão - 1-3, na época 2004/05, quebrando um jejum de 46 anos. Então, João Tomás bisou (21' e 75') e Wender (41') marcou o outro golo minhoto. Diego (ao minuto 33, de grande penalidade, fez o único do golo do FC Porto). Hoje, o técnico portista quer certamente contrariar a tendência das últimas épocas, que tem denotado maior equilíbrio entre os dois rivais. Ainda na época passada, o resultado foi 1-1 frente ao Sp. Braga de Jesus.

DN

Minhotos com calendário mais acessível

Liga Da teoria à prática há uma distância considerável. Mas teoricamente (lá está), depois de ultrapassar o duelo desta noite, no Estádio do Dragão, o Sporting de Braga tem o calendário mais fácil entre os candidatos ao título.

Caso não percam o jogo de hoje, os arsenalistas ficam na frente do campeonato a dez jornadas do final (com dois pontos de avanço sobre o Benfica). E já terão ultrapassado dois grandes obstáculos (jogos com FC Porto e Sporting).

Quer isto dizer que Domingos e companhia bem podem retardar a assunção da candidatura ao título, mas os minhotos passarão a vestir definitivamente a capa de candidatos. O grande obstáculo bracarense será a deslocação ao Estádio da Luz no último fim-de- -semana de Março, à 24.ª jornada.

Já o Benfica, mais directo adversário do Sp. Braga na luta pelo título, tem, além do referido confronto entre candidatos, de receber o Sporting (26.ª jornada) e deslocar-se ao Dragão (29.ª).


DN