Art. DM 21/09
O presidente António Salvador parece na disposição de não se recandidatar ao cargo de presidente da SAD do S. C. de Braga. A confirmar-se essa decisão, como bracarense, tenho que lamentar. Por várias vezes e por diversos motivos apontei neste espaço lacunas e imperfeições na administração da SAD e do clube. No entanto, parece-me claro que o balanço destes cinco anos é muito positivo. Mesmo assim, penso que é salutar para o S. C. de Braga que apareçam outras pessoas capazes de lhe seguir as pisadas. Na minha opinião, mau grado o bom desempenho, penso que é possível fazer mais e melhor. A vantagem de seguir os bons exemplos é que é sempre possível elevar o bom ao óptimo.
Ao nível desportivo, o Braga afirma-se cada vez mais como o quarto clube nacional. Ao nível financeiro atingimos uma certa estabilidade, se bem que à custa das receitas extraordinárias, principalmente a venda de activos. No entanto não há nenhum clube português que possa prescindir desta fonte de receitas, pelo que pedir mais a António Salvador e seus pares era… demais.
O principal domínio em que, de facto, podemos dizer que ficaram coisas por fazer é o da imagem e implantação do clube na região. Como notei por diversas vezes falta uma verdadeira campanha de angariação de sócios, recorrendo a estratégias mais modernas e agressivas do que as promoções de cadeiras e os sorteios.
É preciso recuperar os cobradores, cuja extinção custou o abandono de muitos associados mais antigos, pouco dispostos a deslocar-se à sede para pagar as quotas.
É preciso criar uma imagem nova do Braga; não como um mero clube de futebol mas como uma força viva da cidade.
É preciso cativar os jovens, com acções nas escolas, tomando a iniciativa e não ficando à espera que sejam estas a convidar os atletas para visitas “de charme”, iniciativas válidas mas pontuais, que carecem de um plano estratégico sistemático. As visitas às escolas são importantes mas devem ser complementadas com visitas das crianças ao estádio: naqueles jogos em que mais de metade dos lugares estão disponíveis todos teríamos a ganhar se trouxéssemos os jovens à pedreira
Sempre que se fala da saída de uma Direcção, apelam-se às tais “forças vivas”. Mas é o próprio S. C. de Braga que tem de ser uma força viva. Para conseguir tal estatuto, o Braga tem de apostar numa nova imagem. Se Maomé não vai à montanha, a montanha (o Braga) tem de ir a Maomé (a cidade). Há que atrair os bracarenses ao Braga, através de uma campanha de propaganda mas também da tomada de medidas concretas, com parcerias ou sem elas, que torne mais compensador ser sócio do Braga.
Por outro lado, o departamento de relações públicas do clube continua a não ter qualquer visibilidade; não se vêm acções que projectem o Braga na região; continuamos comodamente, na esperança que as novas gerações esqueçam o bi-clubismo e a atracção dos tais “grandes”. Mas não podemos continuar sentados à espera.
Ainda tenho alguma esperança que, com Salvador ou sem ele, a nova Administração olhe para estes aspectos, pensando um pouco mais no futuro, complementado o pragmatismo desta administração com um olhar à distância que faça do Braga, de facto, o clube com mais adeptos na região do Minho. Isso é possível e o primeiro passo, como em tudo na vida, é a crença. É preciso acreditar.