Compreendo perfeitamente este raciocínio, e penso que o Nighthawk estava a caminhar nessa direção também. A questão é: "um Rio Ave" ganha mais por entrar na fase de grupos da EL ou por chegar aos oitavos da ECL? Eu não tenho resposta, mas se tivesse de arriscar, diria que ganha menos, da mesma maneira que compensa mais financeiramente entrar na fase de grupos da CL do que ganhar a EL. Ora, basta olhar para o caso do Vitória nesta época que passou: entraram na fase de grupos e ainda fizeram 5 pontitos, ganhando algum dinheiro. Não sei ao certo quanto, mas terão ganho entre 5 a 6M€, diria eu (2,9M€ pela entrada na fase de grupos, 570mil por uma vitória, 190mil vezes 2 empates, mais alguns "trocos" pelas pré-eliminatórias e play-off, mais o correspondente ao coeficiente do ranking). Com estas novas vagas, e acreditando que o Braga e os estarolas se mantêm nos 4 primeiros lugares, as equipas como o Vitória, o Rio Ave e o Famalicão só conseguem chegar à Liga Europa ganhando a Taça de Portugal. Ou seja, ficam privadas da possibilidade de receber estes prémios. Claro que é mais provável chegarem mais longe na ECL do que na EL, e que é provável ganharem mais jogos lá. Mas será que financeiramente compensa mais ganhar 1 jogo na EL ou 5 na ECL? E eu assumo que os prémios na EL irão subir bastante com a redução do número de equipas, o que criará um fosso entre a EL e a ECL, que favorecerá as equipas dos países mais fortes, porque serão elas a ocupar uma grande parte das vagas da EL. Fazendo uma analogia com o nosso campeonato e notas de euro, temos o Porto e o Benfica na Champions a lutar por notas de 500 e vamos continuar a ter. Mas onde tínhamos 3/4 equipas a lutar por notas de 100, vamos passar a ter 2 (Braga e Sporting) a lutar por essas notas de 100 e mais 3 (Rio Ave, Vitória e Famalicão) a lutar por notas de 50. Ou seja, acabamos a ter mais uma equipa a lutar por uma nota, mas houve 2 delas que passaram a lutar por uma nota de 50 quando antes tinham a oportunidade de lutar por notas de 100. Não sei se me fiz entender, mas acho que é um bocado por aqui que critico.São sempre os médios que pagam, na economia, como no futebol. Os grandes geram as grandes receitas, estão ameaçar criar Superliga Europeia, portanto são intocáveis. Para dar aos pequenos, restam os médios.
Sobre o nosso exemplo, Rio Ave, Vitória, etc. É óbvio que se entrar na FG da LE é mais vantajoso que entrar na fase de grupos da ECL, mesmo com uma prestação superior. É um caso semelhante mas menos abissal entre a LE e a LC. Portanto a hipótese de apuramento para a LE vale mais do que a hipótese de apuramento para a ECL. Disso não há dúvida. A cenoura, ou a nota, é mais pequena.
Só que quantas vezes as nossas equipas fora os 4 habituais, conseguem passar as eliminatórias de qualificação? Raramente.
Como geralmente rodam, não conseguem ter bons coeficientes e ser cabeças de série no Play-off (o Guimarães teve um piço de todo tamanho e nós apanhamos a fava, mas é a excepção, não a regra), e acabam eliminados com poucos pontos amealhados.
Se conseguirem entrar na ECL, porque as equipas terão à partidas coeficientes mais baixo, terão mais probabilidade de ir à fase de grupos e ir construindo uma boa pontuação, para que num ano consigam.
Com a ECL há mais hipóteses de terem uma fase de grupos. Menor valor mas maior probabilidade vs maior valor menor probabilidade
Agora se for um Braga ou um sporting a caírem para esta ECL ( e basta uma outra equipa ganhar a taça) e é óbvio que é uma fo.da. Será o mesmo que ter um Arsenal ou um Nápoles na LE, podem até ganhar-la, mas querem é estar na champions mesmo sem reais hipóteses de a ganhar.
Mas numa perpesctiva global acaba por ser boa. Para os países como Portugal, Holanda, Rep. Checa, Russia, não. Têm é mais hipóteses de ganhar um caneco, porque a Liga Europa anda cheia de trutas.
Mais uma vez, percebo perfeitamente o teu argumento. Mas na prática não é bem assim...
"Só que quantas vezes as nossas equipas fora os 4 habituais, conseguem passar as eliminatórias de qualificação? Raramente."
Depende. Se estiveres a falar de a mesma equipa passar com frequência as eliminatórias, é verdade que isso não acontece. Mas, se estiveres a falar de ter equipas portuguesas na Europa, a coisa não é bem assim. Nas últimas 8 épocas, apenas em 2 não tivemos pelo menos 5 equipas na fase de grupos duma competição europeia (em 18/19 tivemos 3 e em 16/17 tivemos 4). Depois tivemos uma vez 6 equipas (em 12/13) e por cinco vezes tivemos 5 equipas nas fases de grupo (19/20, 17/18, 15/16, 14/15 e 13/14). Ou seja, em 6 das últimas 8 épocas tivemos 5 ou mais equipas nas fases de grupos da Liga Europa e Liga dos Campeões, cenário que passará a ser impossível com as novas regras.
Isto torna quase impossível que os 5 primeiros do ranking sejam alcançados, uma missão que já com estas regras era utópica. Vai fazer com que de Portugal para baixo, o ranking seja mais competitivo, mas tornará as big-5 intocáveis.