Vantagem da coesão
O Braga chegou, ontem ao início da tarde, a Mostar, onde, hoje, discute a passagem à eliminatória de acesso à fase de grupos da Taça UEFA. A equipa portuguesa colocou-se em vantagem no primeiro embate e esta poderá ser suficiente para garantir o sucesso dos minhotos, conhecida que é a consistência defensiva revelada pela equipa de Jorge Jesus, que em cinco jogos oficiais não sofreu ainda qualquer golo: Sivasspor- Braga (0-2), Braga-Sivasspor (3-0), Braga-NK Zrinjsik (1-0), Braga-Leixões (4-0) e Paços de Ferreira-Braga (0-2). O cenário permite encarar este jogo decisivo com alguma serenidade, sem se perspectivar que os arsenalistas venham a fazer do recurso a uma estratégia marcadamente defensiva a sua arma, conforme se pode aferir pelo volume de golos marcados nestes cinco jogos, num total de 12 (média de 2,4 golos por partida. A realidade aponta para uma equipa equilibrada, coesa na retaguarda e dinâmica no ataque, e é precisamente um Braga consistente e atrevido, com capacidade para surpreender o NK Zrinjski, que é esperado no anfiteatro bósnio. Sem poder contar com Madrid e Frechaut, o primeiro lesionado e o segundo castigado, Jorge Jesus já tem à sua disposição Stélvio, que se encontra restabelecido do estiramento no joelho direito, sofrido no jogo com o Leixões, no início de Agosto. A disponibilidade de Stélvio permite ao técnico arsenalista resolver a questão do médio de cobertura sem necessidade de recorrer a uma adaptação (o recuo de Luís Aguiar, eventualmente), apesar de o internacional sub-20 português se encontrar ainda à procura dos índices físicos ideais, uma vez que apenas começou a treinar sem limitações na passada segunda-feira.
Em termos de alterações na estrutura que mais vezes tem sido utilizada, há a referir a previsível troca de Linz por Paulo César. O austríaco foi titular em todos os jogos anteriores e, excepção ao último, com o Paços de Ferreira, marcou um golo em cada dos quatro desafios, três no contexto das lides europeias (dois ao Sivasspor e um ao NK Zrinjski) , mas as características do jogo e dos atacantes à sua disposição estarão na origem da opção do treinador de lançar o veloz Paulo César e o imprevisível Meyong de início. Linz, tal como Matheus, surge como alternativa a lançar no decorrer do jogo, consoante as circunstâncias.
NK Zrinjski - Braga
Bijeli Brijeg
17h15 SIC
Bijeli Brijeg, em Mostar (Bósnia e Herzegovina)
17h15
Árbitro Sten Kaldma (Estónia)
Assistentes Jaanus Mutli e Marko Leevand
4º árbitro Eiko Saar
NK Zrinjsik
Treinador
Dragan Jovic
12 Igor Melher GR
16 Susic LD
2 Sunjic DC
4 Nikolic DC
11 Zurzinov LE
5 Serdarusic MD
20 Djuric AD
18 Zizovic MO
17 Stojanovic AE
8 Matko AV
9 Selimovic AV
22 Budimir GR
7 Ivan Bubalo LD
24 Predrag Juric DC
27 Marin Anicic LE
19 Kordic AV
21 Vukovic AV
Braga
Treinador
jorge jesus
1 Eduardo GR
47 João Pereira LD
5 Moisés DC
2 Rodriguez DC
6 Evaldo LE
88 Stélvio MD
30 Alan AD
22 Luís Aguiar MO
21 César Peixoto AE
9 Paulo César AV
19 Meyong AV
31 Kieszek GR
27 Filipe Oliveira LD
44 André Leone DC
7 Mossoró MO
10 Jorginho MO
99 Matheus AV
29 Linz AV
Jorge Jesus não abdicará do 4x4x2
Jesus mantém-se fiel ao 4x4x2, mas, no que a Luis Aguiar diz respeito, o pivô ofensivo deverá surgir ligeiramente mais recuado que o habitual, sobretudo, quando o adversário estiver de posse da bola, para formar uma linha de três unidades com Alan e César Peixoto, à frente de Stélvio. Terá, porém, liberdade sempre que a equipa tenha a bola, procurando aproveitar os espaços abertos por Paulo César e Meyong, surgindo de trás para a frente, em zona de finalização - em condições de explorar o forte disparo de meia-distância. Paulo César fará a ligação entre o meio-campo e ataque, procurando fugir à vigilância e surpreender através da velocidade.
Eduardo segura a ambição
Segurança, arrojo e determinação são os predicados de Eduardo, o guardião que concluiu a formação no Braga, mas não passou da equipa B, tapado pela boa forma de então de Paulo Santos. Teve a sorte de encontrar um treinador que acreditou no valor dele: Carvalhal levou-o para o Beira-Mar e depois para o Setúbal, onde, na época passada, rapidamente confirmou o potencial.
Regressou pela porta grande, directo à titularidade e com a Selecção no caminho de mais uma grande temporada.
Jorge Jesus
"Não pode haver desculpas há qualidade para passar"
"O Stélvio vai jogar", esclareceu ontem o técnico Jorge Jesus, dissipando as dúvidas quanto ao inesperado substituto do castigado Frechaut no meio-campo defensivo do Braga. Com clareza, admitiu que o NK Zrinjski é mais forte que os turcos do Sivasspor, o adversário superado na eliminatória da Intertoto, e mantém a convicção de que a equipa portuguesa possui valor suficiente para deixar os bósnios pelo caminho, num reencontro com um enredo diferente do da Pedreira. "As eliminatórias da Taça UEFA discutem-se em dois jogos, e o treinador bósnio, e muito bem, montou uma estratégia para não sofrer golos em Braga e tentar depois resolver a questão aqui. Mas sofreu um golo e vai ter de atacar, vai ter de dividir o jogo com o Braga e criar espaços ofensivos, mas vai também abrir espaços ofensivos, que tentaremos explorar. Não vai poder jogar fechado atrás, como fez no primeiro jogo", começou por referir Jorge Jesus.
Antecipando o jogo, analisou: "O NK Zrinjski possui uma equipa melhor que o Sivasspor, com alguns jogadores com qualidade técnica e velocidade, entre os quais destaco o Matija Matko, mas nós estamos preparados para as dificuldades e convictos de que possuímos qualidade para passar a eliminatória."
O jogo será disputado a uma temperatura elevada, situação que o técnico desdramatiza. "Pode mexer um bocadinho com a atitude dos jogadores, tirar-lhes alguma reacção e velocidade, mas isso não é desculpa para não seguirmos em frente", sublinhou. As bolas, diferentes das utilizadas na Liga Sagres, também não serão obstáculo. "No primeiro jogo, ficámos lá com algumas para treinar. São mais leves, mas trata-se apenas de uma questão de adaptação", referiu.
Frustração é palavra que não existe nem constará no dicionário de Jorge Jesus, mesmo perante uma eventual e improvável eliminação. "Não há frustrações em futebol, há objectivos que se conseguem ou não se conseguem concretizar. Se o adversário é mais forte… mas vamos a ver", reagiu, afirmando de seguida fidelidade à filosofia bracarense: "O Braga é uma equipa que tem conceitos, ideias e princípios, e não joga em função do adversário, mas das suas ideias." E elogiou o departamento médico pela recuperação de Moisés, Leone e… Stélvio.
À espera de 12 mil entusiastas
As previsões dos organizadores apontam para uma assistência entre 12 e 15 mil espectadores - entusiastas e incansáveis no apoio à sua equipa, essencialmente através de cânticos, que são o bilhete de identidade dos adeptos do NK Zrinjski. A informação foi transmitida por alguns que estiveram presentes na sessão de treino ontem e que deram outra dimensão aos números. Segundo eles, a média ronda os seis mil e só aumenta em jogos especiais. Os bilhetes custam dez marcos (cinco euros).
Ivankovic sai e volta Nikolic
Mário Ivankovic é o grande ausente, entre os bósnios, na recepção aos arsenalistas. O capitão do NK Zrinjski foi admoestado com o cartão amarelo no jogo da visita ao Minho e, como foi o segundo que lhe foi exibido esta época, foi suspenso por um jogo, a exemplo do que sucedeu com Frechaut. De regresso à equipa estará o central Nikolic, que se encontrava lesionado, por altura da primeira mão.
13 garantidos e mais a caminho
É preciso ter um espírito à prova de superstição, perante o número de adeptos arsenalistas que viajaram com a equipa até Mostar. São 13, um valor conotado com o azar, mas que hoje até pode ser de sorte... se a vantagem bracarense na eliminatória se mantiver. A boa notícia, para quem se arrepia de medo, é que há mais a caminho.
Não é desculpa, é calor!
Ontem, à chegada da comitiva bracarense ao vale de Mostar, o termómetro marcava 36 graus. Jorge Jesus deixou claro que não utilizará este incómodo sufocante como desculpa para o que quer que seja, mas a equipa deve preparar-se para jogar com uns 28 graus. Nada de especial: a temperatura chega aos 50, no Verão, baixando, incrivelmente, a 30 graus negativos no Inverno.
Sá fica fora
Orlando Sá deverá ser o preterido do lote de 19 que Jorge Jesus convocou para Mostar. O jovem ponta-de-lança jogou contra o Sivasspor, mas desta vez deverá ficar a torcer pelo êxito na bancada. Linz e Matheus são os avançados no banco. Stélvio está recuperado, apesar dos sustos.
Madrid só poderá voltar em Outubro
Andrés Madrid ficou em Braga a recuperar de uma lesão muscular, efectuando tratamento, trabalho de ginásio e piscina. O médio-defensivo, recentemente reavaliado no Real Madrid, só volta a competir em Outubro.
Belenenses falhou nos penáltis
O Belenenses foi a única equipa portuguesa a jogar em Mostar para a UEFA. Em 1988/89, defrontou o rival do NK Zrinjski, o Velez Mostar, e, após empate (0-0) nos dois jogos, foi aqui eliminado nos penáltis (4-3).
Um arrepio à chegada à Europa escaldante
"Até me arrepio. Fico gelado", murmurava Paulo Pereira, à chegada a Mostar, a cidade que recebeu o segurança do Braga com um calor de 36 graus, insuficiente para o distrair das memórias da Bósnia do pós-guerra. Hoje, ainda há ruínas e marcas de balas nas paredes, mas nada que se compare ao que os 450 homens portugueses da IFOR encontraram, em 1996. Ex-pára-quedista, integrou-se, com outros 450 homens, na primeira força de paz da ONU, no rescaldo da guerra que, na primeira metade da década de 1990, desmembrou a Jugoslávia. Conheceu nomes que são sinónimo de horror: Sarajevo, Gorazde, Mostar. Regressou a Portugal dez meses depois com uma contabilidade própria: morreram portugueses e italianos na história que ficou por contar - o silêncio era oficial. Ninguém soube que os soldados lusos esperaram dois meses e meio por apoio logístico italiano para terem refeições quentes. Ou que acordavam com a água congelada nas garrafas - o frio ajudou a suportar 45 dias sem poder tomar banho. Paulo preparara-se para dificuldades alheias, não para patrulhas em carros protegidos apenas com lona. Todos os outros eram blindados. De volta a casa, mudou de vida. O arrepio ficou. Reencontrou-o com o Braga.
António Salvador
"Não passar seria uma frustração"
António Salvador foi o último a chegar para embarcar com destino à Bósnia, para onde viajou carregado de optimismo, "convencido de que o Braga fará um bom resultado". A margem curta da vantagem não intimida o presidente do Braga. Nas contas da SAD, a presença num competição europeia está sublinhada como prioritária, e o plantel tem consciência disso, "sabe da responsabilidade", segundo afirmou. Do lado dirigente, também há a consciência "do valor, da qualidade do plantel", que se sacrificou numa pré-temporada acelerada para estar na Taça UEFA: "Seria uma frustração grande, se não conseguisse passar a eliminatória."
Pereira seguro
A contagem decrescente para o fecho do mercado de transferências - em Portugal, o limite das inscrições foi adiado para 1 de Setembro, uma vez que Agosto termina num domingo - aguça a curiosidade em relação ao destino dos jogadores mais apetecíveis. No Braga, João Pereira tem sido tema de conversa, mas, segundo o presidente António Salvador, até agora nenhum dos interessados - entre os quais se contam os espanhóis do Racing de Santander - se dispôs pagar os 3,5 milhões de euros da cláusula de rescisão. "Estamos confiantes que vai cá ficar e que será com estes jogadores que enfrentaremos a época em curso", declarou, rejeitando a hipótese de baixar o valor recebendo jogadores por empréstimo. "Não queremos trocas. Queremos os que cá estão." A única proposta "é para renovar".
As guerras à margem
A curtíssima experiência europeia do NK Zrinjski encerra um capítulo exemplar. Na época passada, nesta fase do caminho para a Taça UEFA, o sorteio colocou os bósnios diante do Partizan de Belgrado, mistura explosiva por questões ainda mais antigas do que a guerra da década anterior, e qualquer combustível serve para acender o nacionalismo. Os adeptos sérvios confirmaram isso mesmo na visita a Mostar. Os desacatos então provocados na cidade que hoje recebe o Braga custaram a eliminação da equipa mais forte, que sublinhara isso mesmo com um par de goleadas. Apesar da vantagem de 11-1 no total dos dois encontros, o Partizan foi afastado pela UEFA, numa medida destinada a servir de aviso para eventuais novos encontros de risco e que ganha mais significado agora que o mapa da Europa ameaça mudar mais uma vez, de forma violenta, a partir do Leste.
IN OJOGO
O Braga chegou, ontem ao início da tarde, a Mostar, onde, hoje, discute a passagem à eliminatória de acesso à fase de grupos da Taça UEFA. A equipa portuguesa colocou-se em vantagem no primeiro embate e esta poderá ser suficiente para garantir o sucesso dos minhotos, conhecida que é a consistência defensiva revelada pela equipa de Jorge Jesus, que em cinco jogos oficiais não sofreu ainda qualquer golo: Sivasspor- Braga (0-2), Braga-Sivasspor (3-0), Braga-NK Zrinjsik (1-0), Braga-Leixões (4-0) e Paços de Ferreira-Braga (0-2). O cenário permite encarar este jogo decisivo com alguma serenidade, sem se perspectivar que os arsenalistas venham a fazer do recurso a uma estratégia marcadamente defensiva a sua arma, conforme se pode aferir pelo volume de golos marcados nestes cinco jogos, num total de 12 (média de 2,4 golos por partida. A realidade aponta para uma equipa equilibrada, coesa na retaguarda e dinâmica no ataque, e é precisamente um Braga consistente e atrevido, com capacidade para surpreender o NK Zrinjski, que é esperado no anfiteatro bósnio. Sem poder contar com Madrid e Frechaut, o primeiro lesionado e o segundo castigado, Jorge Jesus já tem à sua disposição Stélvio, que se encontra restabelecido do estiramento no joelho direito, sofrido no jogo com o Leixões, no início de Agosto. A disponibilidade de Stélvio permite ao técnico arsenalista resolver a questão do médio de cobertura sem necessidade de recorrer a uma adaptação (o recuo de Luís Aguiar, eventualmente), apesar de o internacional sub-20 português se encontrar ainda à procura dos índices físicos ideais, uma vez que apenas começou a treinar sem limitações na passada segunda-feira.
Em termos de alterações na estrutura que mais vezes tem sido utilizada, há a referir a previsível troca de Linz por Paulo César. O austríaco foi titular em todos os jogos anteriores e, excepção ao último, com o Paços de Ferreira, marcou um golo em cada dos quatro desafios, três no contexto das lides europeias (dois ao Sivasspor e um ao NK Zrinjski) , mas as características do jogo e dos atacantes à sua disposição estarão na origem da opção do treinador de lançar o veloz Paulo César e o imprevisível Meyong de início. Linz, tal como Matheus, surge como alternativa a lançar no decorrer do jogo, consoante as circunstâncias.
NK Zrinjski - Braga
Bijeli Brijeg
17h15 SIC
Bijeli Brijeg, em Mostar (Bósnia e Herzegovina)
17h15
Árbitro Sten Kaldma (Estónia)
Assistentes Jaanus Mutli e Marko Leevand
4º árbitro Eiko Saar
NK Zrinjsik
Treinador
Dragan Jovic
12 Igor Melher GR
16 Susic LD
2 Sunjic DC
4 Nikolic DC
11 Zurzinov LE
5 Serdarusic MD
20 Djuric AD
18 Zizovic MO
17 Stojanovic AE
8 Matko AV
9 Selimovic AV
22 Budimir GR
7 Ivan Bubalo LD
24 Predrag Juric DC
27 Marin Anicic LE
19 Kordic AV
21 Vukovic AV
Braga
Treinador
jorge jesus
1 Eduardo GR
47 João Pereira LD
5 Moisés DC
2 Rodriguez DC
6 Evaldo LE
88 Stélvio MD
30 Alan AD
22 Luís Aguiar MO
21 César Peixoto AE
9 Paulo César AV
19 Meyong AV
31 Kieszek GR
27 Filipe Oliveira LD
44 André Leone DC
7 Mossoró MO
10 Jorginho MO
99 Matheus AV
29 Linz AV
Jorge Jesus não abdicará do 4x4x2
Jesus mantém-se fiel ao 4x4x2, mas, no que a Luis Aguiar diz respeito, o pivô ofensivo deverá surgir ligeiramente mais recuado que o habitual, sobretudo, quando o adversário estiver de posse da bola, para formar uma linha de três unidades com Alan e César Peixoto, à frente de Stélvio. Terá, porém, liberdade sempre que a equipa tenha a bola, procurando aproveitar os espaços abertos por Paulo César e Meyong, surgindo de trás para a frente, em zona de finalização - em condições de explorar o forte disparo de meia-distância. Paulo César fará a ligação entre o meio-campo e ataque, procurando fugir à vigilância e surpreender através da velocidade.
Eduardo segura a ambição
Segurança, arrojo e determinação são os predicados de Eduardo, o guardião que concluiu a formação no Braga, mas não passou da equipa B, tapado pela boa forma de então de Paulo Santos. Teve a sorte de encontrar um treinador que acreditou no valor dele: Carvalhal levou-o para o Beira-Mar e depois para o Setúbal, onde, na época passada, rapidamente confirmou o potencial.
Regressou pela porta grande, directo à titularidade e com a Selecção no caminho de mais uma grande temporada.
Jorge Jesus
"Não pode haver desculpas há qualidade para passar"
"O Stélvio vai jogar", esclareceu ontem o técnico Jorge Jesus, dissipando as dúvidas quanto ao inesperado substituto do castigado Frechaut no meio-campo defensivo do Braga. Com clareza, admitiu que o NK Zrinjski é mais forte que os turcos do Sivasspor, o adversário superado na eliminatória da Intertoto, e mantém a convicção de que a equipa portuguesa possui valor suficiente para deixar os bósnios pelo caminho, num reencontro com um enredo diferente do da Pedreira. "As eliminatórias da Taça UEFA discutem-se em dois jogos, e o treinador bósnio, e muito bem, montou uma estratégia para não sofrer golos em Braga e tentar depois resolver a questão aqui. Mas sofreu um golo e vai ter de atacar, vai ter de dividir o jogo com o Braga e criar espaços ofensivos, mas vai também abrir espaços ofensivos, que tentaremos explorar. Não vai poder jogar fechado atrás, como fez no primeiro jogo", começou por referir Jorge Jesus.
Antecipando o jogo, analisou: "O NK Zrinjski possui uma equipa melhor que o Sivasspor, com alguns jogadores com qualidade técnica e velocidade, entre os quais destaco o Matija Matko, mas nós estamos preparados para as dificuldades e convictos de que possuímos qualidade para passar a eliminatória."
O jogo será disputado a uma temperatura elevada, situação que o técnico desdramatiza. "Pode mexer um bocadinho com a atitude dos jogadores, tirar-lhes alguma reacção e velocidade, mas isso não é desculpa para não seguirmos em frente", sublinhou. As bolas, diferentes das utilizadas na Liga Sagres, também não serão obstáculo. "No primeiro jogo, ficámos lá com algumas para treinar. São mais leves, mas trata-se apenas de uma questão de adaptação", referiu.
Frustração é palavra que não existe nem constará no dicionário de Jorge Jesus, mesmo perante uma eventual e improvável eliminação. "Não há frustrações em futebol, há objectivos que se conseguem ou não se conseguem concretizar. Se o adversário é mais forte… mas vamos a ver", reagiu, afirmando de seguida fidelidade à filosofia bracarense: "O Braga é uma equipa que tem conceitos, ideias e princípios, e não joga em função do adversário, mas das suas ideias." E elogiou o departamento médico pela recuperação de Moisés, Leone e… Stélvio.
À espera de 12 mil entusiastas
As previsões dos organizadores apontam para uma assistência entre 12 e 15 mil espectadores - entusiastas e incansáveis no apoio à sua equipa, essencialmente através de cânticos, que são o bilhete de identidade dos adeptos do NK Zrinjski. A informação foi transmitida por alguns que estiveram presentes na sessão de treino ontem e que deram outra dimensão aos números. Segundo eles, a média ronda os seis mil e só aumenta em jogos especiais. Os bilhetes custam dez marcos (cinco euros).
Ivankovic sai e volta Nikolic
Mário Ivankovic é o grande ausente, entre os bósnios, na recepção aos arsenalistas. O capitão do NK Zrinjski foi admoestado com o cartão amarelo no jogo da visita ao Minho e, como foi o segundo que lhe foi exibido esta época, foi suspenso por um jogo, a exemplo do que sucedeu com Frechaut. De regresso à equipa estará o central Nikolic, que se encontrava lesionado, por altura da primeira mão.
13 garantidos e mais a caminho
É preciso ter um espírito à prova de superstição, perante o número de adeptos arsenalistas que viajaram com a equipa até Mostar. São 13, um valor conotado com o azar, mas que hoje até pode ser de sorte... se a vantagem bracarense na eliminatória se mantiver. A boa notícia, para quem se arrepia de medo, é que há mais a caminho.
Não é desculpa, é calor!
Ontem, à chegada da comitiva bracarense ao vale de Mostar, o termómetro marcava 36 graus. Jorge Jesus deixou claro que não utilizará este incómodo sufocante como desculpa para o que quer que seja, mas a equipa deve preparar-se para jogar com uns 28 graus. Nada de especial: a temperatura chega aos 50, no Verão, baixando, incrivelmente, a 30 graus negativos no Inverno.
Sá fica fora
Orlando Sá deverá ser o preterido do lote de 19 que Jorge Jesus convocou para Mostar. O jovem ponta-de-lança jogou contra o Sivasspor, mas desta vez deverá ficar a torcer pelo êxito na bancada. Linz e Matheus são os avançados no banco. Stélvio está recuperado, apesar dos sustos.
Madrid só poderá voltar em Outubro
Andrés Madrid ficou em Braga a recuperar de uma lesão muscular, efectuando tratamento, trabalho de ginásio e piscina. O médio-defensivo, recentemente reavaliado no Real Madrid, só volta a competir em Outubro.
Belenenses falhou nos penáltis
O Belenenses foi a única equipa portuguesa a jogar em Mostar para a UEFA. Em 1988/89, defrontou o rival do NK Zrinjski, o Velez Mostar, e, após empate (0-0) nos dois jogos, foi aqui eliminado nos penáltis (4-3).
Um arrepio à chegada à Europa escaldante
"Até me arrepio. Fico gelado", murmurava Paulo Pereira, à chegada a Mostar, a cidade que recebeu o segurança do Braga com um calor de 36 graus, insuficiente para o distrair das memórias da Bósnia do pós-guerra. Hoje, ainda há ruínas e marcas de balas nas paredes, mas nada que se compare ao que os 450 homens portugueses da IFOR encontraram, em 1996. Ex-pára-quedista, integrou-se, com outros 450 homens, na primeira força de paz da ONU, no rescaldo da guerra que, na primeira metade da década de 1990, desmembrou a Jugoslávia. Conheceu nomes que são sinónimo de horror: Sarajevo, Gorazde, Mostar. Regressou a Portugal dez meses depois com uma contabilidade própria: morreram portugueses e italianos na história que ficou por contar - o silêncio era oficial. Ninguém soube que os soldados lusos esperaram dois meses e meio por apoio logístico italiano para terem refeições quentes. Ou que acordavam com a água congelada nas garrafas - o frio ajudou a suportar 45 dias sem poder tomar banho. Paulo preparara-se para dificuldades alheias, não para patrulhas em carros protegidos apenas com lona. Todos os outros eram blindados. De volta a casa, mudou de vida. O arrepio ficou. Reencontrou-o com o Braga.
António Salvador
"Não passar seria uma frustração"
António Salvador foi o último a chegar para embarcar com destino à Bósnia, para onde viajou carregado de optimismo, "convencido de que o Braga fará um bom resultado". A margem curta da vantagem não intimida o presidente do Braga. Nas contas da SAD, a presença num competição europeia está sublinhada como prioritária, e o plantel tem consciência disso, "sabe da responsabilidade", segundo afirmou. Do lado dirigente, também há a consciência "do valor, da qualidade do plantel", que se sacrificou numa pré-temporada acelerada para estar na Taça UEFA: "Seria uma frustração grande, se não conseguisse passar a eliminatória."
Pereira seguro
A contagem decrescente para o fecho do mercado de transferências - em Portugal, o limite das inscrições foi adiado para 1 de Setembro, uma vez que Agosto termina num domingo - aguça a curiosidade em relação ao destino dos jogadores mais apetecíveis. No Braga, João Pereira tem sido tema de conversa, mas, segundo o presidente António Salvador, até agora nenhum dos interessados - entre os quais se contam os espanhóis do Racing de Santander - se dispôs pagar os 3,5 milhões de euros da cláusula de rescisão. "Estamos confiantes que vai cá ficar e que será com estes jogadores que enfrentaremos a época em curso", declarou, rejeitando a hipótese de baixar o valor recebendo jogadores por empréstimo. "Não queremos trocas. Queremos os que cá estão." A única proposta "é para renovar".
As guerras à margem
A curtíssima experiência europeia do NK Zrinjski encerra um capítulo exemplar. Na época passada, nesta fase do caminho para a Taça UEFA, o sorteio colocou os bósnios diante do Partizan de Belgrado, mistura explosiva por questões ainda mais antigas do que a guerra da década anterior, e qualquer combustível serve para acender o nacionalismo. Os adeptos sérvios confirmaram isso mesmo na visita a Mostar. Os desacatos então provocados na cidade que hoje recebe o Braga custaram a eliminação da equipa mais forte, que sublinhara isso mesmo com um par de goleadas. Apesar da vantagem de 11-1 no total dos dois encontros, o Partizan foi afastado pela UEFA, numa medida destinada a servir de aviso para eventuais novos encontros de risco e que ganha mais significado agora que o mapa da Europa ameaça mudar mais uma vez, de forma violenta, a partir do Leste.
IN OJOGO