Força aí Guerreiros do Minho (que não mexeram uma palha para conquistar este país aos mouros) mas cuidado com a La Famiglia, que são quase 30 000.
Não tenho por hábito dar para o peditório das trocas de galhardetes Braga/Guimarães ou entrar em quezílias sem pés nem cabeça. É natural que o tema da nossa campanha seja por ti desvalorizado ou que não te agrade. Nem se esperaria outra coisa.
Agora convém perceber um pouco da racionalidade da campanha e... também saber olhar para o espelho. A campanha "Guerreiros do Minho" é uma alusão ao passado romano da cidade de Braga (Bracara Augusta), no qual se situam as origens da sua proeminência histórica, muito anterior à nossa nacionalidade. Falar em país (Portugal) e em mouros... enfim, é pelo menos de quem não conseguiu situar no tempo a campanha...
Não fora isso o bastante, nem sequer a afirmação "não mexeram uma palha para conquistar este país aos mouros" é verdadeira. Afonso Henriques, futuro primeiro rei de Portugal, não passava de um caudilho, sem autoridade suficiente sobre o território anteriormente governado por seu pai(?), para reunir em sua volta um exército "proto-nacional". O início da sua afirmação fez-se com o apoio da nobreza de entre Douro e Minho (que dispunha do seu corpo de armas particular), que mobilizava a seu bel-prazer consoante as suas conveniências; de modo que dizer que quem se amolou a combater os mouros foram as gentes de Guimarães ou de Braga seria sempre uma afirmação desprovida de qualquer sentido. A tradição que associa a naturalidade de Afonso Henriques a Guimarães por outro lado, com grande probabilidade, não passa de mera propaganda promovida pela historiografia do tempo do Estado Novo - os maiores estudiosos da história medieval portuguesa dividem-se entre Viseu (Mattoso, por exemplo) e Coimbra. O próprio estatuto de capital atribuído a Guimarães (pela presença da corte), terá durado um período muito curto, tendo-se ela rapidamente deslocado para Coimbra por razões estratégicas (libertação do jugo/ afirmação de autoridade perante a nobreza de entre-douro-e-minho). Resta dizer que, toda a documentação história parece indiciar que a condução política do reino foi fortemente influenciada (provavelmente mais que isso) pelo poderoso arcebispo de Braga, D.João Peculiar, que aparentemente terá promovido e apoiado a expansão do reino (também por interesse próprio, procurando consolidar o seu estatuto de centro religioso face às ambições de Santiago de Compostela). Portanto, até é possível que os destinos do reino durante boa parte do reinado de Afonso Henriques tenham sido em grande medida comandados (de facto) a partir de Braga. Até por isso, a tua frase não será exacta...
Isto é apenas uma curiosidade, nada mais, até acho que vocês fazem muito bem aproveitar a tradição histórica que associa Guimarães ao berço da nacão (ainda que isso possa não ser historicamente rigoroso). Agora, apontar defeitos a uma campanha quando a própria associa o clube... à famiglia!?!? Até posso achar piada, mas para além de não parecer existir qualquer vínculo histórico à cidade, é no mínimo infeliz associar ao clube uma organização que não prima pela lisura dos seus métodos quando no nosso futebol vai esta confusão toda de apitos...