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TUDO COMEÇOU NO DIA EM QUE APRESENTARAM "O CRAQUE"
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TUDO COMEÇOU NO DIA EM QUE APRESENTARAM "O CRAQUE"
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  Re: TUDO COMEÇOU NO DIA EM QUE APRESENTARAM "O CRAQUE"
« Responder #20 em: 03 de Novembro de 2007, 03:10 »
Francamente, por algumas reacções que aqui li, parece-me que há muita gente que não percebeu onde o Finesco queria chegar. Não me parece que ele quisesse estabelecer uma relação de causa-efeito entre a chegada de JVP ao clube e alguma instabilidade desportiva que entretanto inegavelmente se instalou. A questão está a montante: a contratação de JVP foi apenas uma expressão da alteração da política desportiva da SAD - e talvez de alguma desorientação e deslumbramento...

Recuando dois anos no tempo, após uma temporada em que, apesar do quarto lugar, terminara em alguma frustração por uma segunda metade da época muito irregular, Salvador decidiu não renovar contrato com Jesualdo - decisão de grande risco, que eu não tomaria, mas que compreendi perfeitamente (não vou voltar ao assunto, mais que discutido). Carvalhal foi o homem escolhido para assumir o comando técnico da equipa. O que seria lógico que acontecesse? Nós tínhamos uma equipa com um modelo e um sistema de jogo consolidados, normal seria Carvalhal aproveitar o que já existia e fazer uma transição sem sobressaltos.

Neste ponto, surge uma incógnita. Quem definiu o plantel? Carvalhal? Ou a SAD? Creio que no caso de JVP, o peso maior da decisão coube à SAD que viu na contratação de João Pinto uma forma de afirmar a sua vontade de ir mais além do que até aí tinha ido. E Carvalhal? Terá simplesmente dado a sua anuência? Viu-o como um homem de que a equipa realmente precisava? Não sei. Creio que seria difícil dizer que não a Salvador. Mas aí vincaria a sua personalidade. Carvalhal deveria ter percebido que a chegada de JVP o obrigaria a reformular o modelo e o sistema de jogo que antes existia. Teria que recomeçar do zero. E isso seria um grande risco, porque as equipas levam tempo a formar-se e, a chegada de JVP, trouxe consigo também uma ilusão acrescida quer aos adeptos quer, parece-me, à SAD. O nível de exigência à partida para mais uma época era desta feita maior. Grande responsabilidade...

O curto consulado de Carvalhal viveu de hesitações. Carvalhal percebia que teria todo o interesse em não destruir o que de bom ficara das épocas anteriores... mas tinha um homem que, evidentemente, vinha para jogar e não encaixava no sistema no qual a equipa estava rotinada. Carvalhal ainda o tentou (colocou JVP a jogar várias vezes como interior esquerdo ou como falso extremo) mas era evidente que, pese a sua qualidade, o colectivo tal qual estava estruturado, não precisava de um jogador com aquelas características.

Carvalhal jamais conseguiu resolver este dilema e pagou por isso. É evidente que para a maioria dos adeptos não interessa que o jogador não seja aquilo que a equipa precisa. "Tem qualidade, tem prestígio, tem de jogar!" Do mesmo modo que o Real Madrid dos galácticos deveria ganhar todos os jogos por goleada...

João Pinto acabou por ser assimilado pela equipa mais tarde (curiosamente com Jorge Costa) quando se assumiu o romper com o  modelo de jogo no qual o Braga de Jesualdo estava rotinado - existia agora um número 10 declarado, com menos obrigações defensivas (num sistema a meio caminho entre o 4-3-3 clássico e o 4-2-3-1). A equipa melhorou um pouco e foi ainda a tempo de acabar a Liga no "seu" quarto lugar, mas nunca revelou o mesmo equilíbrio e consistência que antes mostrara.

A mim apetece-me dizer: que estupidez ter deitado o trabalho de três anos ao rio! Mesmo com a mudança de técnico, não era forçoso cortar com o (então) passado recente. E, salvaguardadas as devidas distâncias entre os clubes (pelo menos no actual momento), pensar que olhando para o V.Setúbal de Carvalhal se vê um sistema e um modelo de jogo muito semelhante ao do Braga de Jesualdo!!! Bastaria ter concentrado esforços na contratação de um número 8 com algumas características de 10 - como o foram a seu tempo João Alves e Hugo Leal...

É para mim evidente que a contratação de JVP foi um erro, mesmo dando de barato a grande qualidade do jogador. O problema não está no jogador, obviamente. Está no facto de a sua contratação ter corporizado uma alteração de política desportiva: a de contratar sem olhar para as necessidades da equipa que se pretende construir.

Evidentemente, não posso estender este raciocínio a esta temporada. Jorge Costa deveria ter ponderado um plantel que acomodasse a presença de um jogador com as características de JVP, se a sua intenção era dar-lhe um papel de relevo. Não acautelou esse facto e temos hoje um plantel com muita qualidade individual e com grandes desequilíbrios: temos extremos talhados para um 4-3-3 clássico (são sobretudo avançados) quando para acomodar a presença de um playmaker como JVP (ou, talvez em menor grau) Jorginho, precisaríamos de alas com mais características de médios. Em contrapartida, também nos falta o tal número 8 (com algumas características de playmaker) que nos permita regressar ao passado (talvez o único seja Castanheira).


Notas:

1. Se calhar menosprezei indevidamente o factor expectativas que o Finesco também refere. É evidente que as expectativas nas temporadas em que Jesualdo esteve à frente da equipa não estavam ao nível do que sucedeu com Carvalhal ou com Jorge Costa (só na última temporada do professor existia a ambição de algo mais que as competições europeias). A contratação de vedetas como JVP contribuiu para que, nos adeptos sobretudo, a fasquia se elevasse a um nível que não tinha correspondência com o acréscimo de potencial que a sua chegada traria.

2. Os desequilíbrios do actual plantel não se reduzem aos que acima apontei (pela sua relevância para a minha exposição). Poderia acrescentar toda a linha defensiva (poucas opções nuns casos, falta de qualidade noutros).

3. Uma vez mais repito, como o Finesco o fez na sua exposição, que não está em causa a qualidade nem o empenho (pelo menos em campo) de JVP. Se há qualidade que ele tenha é essa: é sempre um jogador que dá o litro...
JotaCC
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  Re: TUDO COMEÇOU NO DIA EM QUE APRESENTARAM "O CRAQUE"
« Responder #21 em: 03 de Novembro de 2007, 09:30 »
Eu acho que o Joao Pinto já devia estar fora do futebol o prazo de validade expirou mas tambem acho mal fazerem dele bode espiatorio.Penso não ser a verdadeira razão desta confusão.Eu pergunto não será mais uma Gestifut que anda a minar isto ??? a meter aqui em Braga a m*** toda e uns Paramés  ???
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Ricardo Equipa Principal
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  Re: TUDO COMEÇOU NO DIA EM QUE APRESENTARAM "O CRAQUE"
« Responder #22 em: 03 de Novembro de 2007, 09:55 »
Não está em causa a pessoa, que nos merece todo o respeito em virtude do seu passado futebolístico e profissional.

É verdade que eu posso até ser paranóico, mas a partir do momento em que o Braga decidiu apresentar o primeiro verdadeiro craque da sua história no defeso do ano passado, nunca mais o clube teve estabilidade.
Se calhar, ainda somos pequenos demais para recebermos "galáticos"... Mesmo os grandes, como o Real Madrid ou Barcelona, têm dificulade em lidar com eles, mas sobretudo com os "colegas de balneário" deles.
Já se perguntaram a vocês próprios porque é que o Manchester, nos últimos anos, só contrata míudos talentosos, em vez de apostar em "craques"? Viram o exemplo do Chelsea, com Ballack e Schevchenko?

Isto tudo para dizer que, se calhar, o Braga quis crescer depressa demais. Não podemos culpar os responsáveis do clube por isso. Mas a verdade é que quando se dão passos maiores que a perna, corre-se sérios riscos de se tropeçar.

E acontece que a contratação dum "craque" faz tudo inflaccionar: as aspiraçoes, a ambição, os preços, a pressão, a presunção, as invejas...
Uma coisa é pensar em grande, outra, é achar-se grande.
Dantes, um empate na casa de um clube menor era um pontinho.Hoje, são dois pontos perdidos.

Como disse, não está em causa a pessoa do João Vieira Pinto, mas o que a sua figura representa.
Mais, a novela que o envolve só faz sentido quando se trata dum "craque".

Coincidência, ou talvez não, o João Vieira Pinto já viu passar três treinadores desde que chegou, ou melhor, desde que foi apresentado em Braga como "craque".

Sinceramente, só espero que ele possa acabar a carreira em Braga saindo, como ele merece: pela porta grande.

Mas a verdade, é que desde que ele veio, nunca mais o Braga andou direito...


Fantástica análise! Estou de acordo a 100%. Só não sei porque renovaram com ele...

O problema não é o João Pinto em si, mas o que a equipa tem que ser retalhada por causa dele...
Em Braga, Com o Braga, Pelo Braga
www.mesadaciencia.blogspot.com
 

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