Já trabalha para voltar do outro lado da barricada
5 anos depois da lesão que lhe mudou a vida, Palmeira sorri: a emocionante história do ex-defesa Texto por Ricardo Lestre*
*com Ricardo Rebelo
18 de abril de 2015. Decorria a jornada 29 da Liga NOS e o Benfica estava de visita ao Estádio do Restelo para aquele que seria o último teste antes da recepção ao FC Porto. Não havia margem de erro para a turma de Jorge Jesus que seguia três pontos à frente do eterno rival, mas previa-se uma deslocação complicada. Do outro lado da barricada, um Belenenses na sexta posição, a realizar uma época bem acima das expectativas, prometia luta. E assim aconteceu. Jonas Pistolas premiu duas vezes o gatilho e conquistou três pontos cinzentos para os encarnados. Os de Belém em nada facilitaram a tarefa, dando mostras de qualidade, no entanto, o jogo revelar-se-ia penoso para um dos pilares da histórica equipa que carimbou o regresso azul à Europa.
«Foram três anos de sufoco, de sofrimento, em que me senti muito sozinho e abandonado pelas partes que deviam ter tratado de mim, e não trataram. Agora é bola para a frente e esquecer o que se passou, pensar daqui para a frente, que certamente será um caminho muito melhor».
Volvida uma mão cheia de anos da lesão que ditou a decadência da sua carreira, Mário Palmeira aceitou falar com o zerozero e abriu o baú das más, mas também boas memórias que guarda do seu percurso futebolístico. O transmontano, antigo defesa-central de emblemas como SC Braga, Tondela ou Belenenses, não escondeu a sua paixão pelo desporto-rei. Agora com 30 anos, o bichinho continua presente e irá perdurar por muito mais tempo, não estivesse a meio de concluir o nível I do curso de treinador da Associação de Futebol de Lisboa, entretanto suspenso.
Central foi obrigado a deixar o futebol precocemente
Também a sofrer com os transtornos causados pela pandemia que assola o mundo, o seu futuro a respirar novamente futebol permanece em stand-by. Entusiasmado, Palmeira vê-se a «ensinar jovens e a fazer com que eles aprendam que há coisas boas no futebol». Confesso admirador de Jürgen Klopp e do seu Liverpool, o trintão olha para as experiências com Jorge Jesus ou Leonardo Jardim como um trunfo para os seus primeiros passos, deixando ainda o desejo «de um dia poder voltar a encontrá-los, quem sabe num campo aí perto».
O novo destino que o aguarda até pode sorrir-lhe ainda mais, mas o que é certo é que o miúdo que havia chegado de Tondela estava a realizar a melhor época da sua carreira. Com apenas 25 anos, sabe-se lá até onde poderia ter chegado. Também por isso, foi com amargura nas palavras que Palmeira recordou os infortúnios que viveu, sem, no entanto, deixar a negatividade predominar no seu discurso. Águas passadas não movem moinhos como se diz por aí, porém, o treinador in making recorda como os azares de outros tempos, já enterrados, estão presentes naquilo que agora é importante, a construção de um futuro sem ilusões, dia a dia: «Atualmente estou com os pés muito assentes na terra, derivado a tudo aquilo que me aconteceu, e a tudo aquilo que eu vivi no futebol. Passa muito por isso, por viver o presente».
«Foi um choque muito grande» Palmeira lesionou-se frente ao Benfica
Voltando ao dia em que tudo aconteceu, o Benfica entrava para a segunda parte a vencer por um golo. A exibição não convencia e necessariamente algo teria de mudar, até porque o Belenenses estava longe de ser inofensivo. Aos 54 minutos, numa tentativa de criar o segundo, Nico Gaitán avançou em direção à linha defensiva azul. Palmeira saiu na pressão e em esforço, desarmou o internacional argentino, mas rapidamente se percebeu que não daria para continuar. A lesão na face posterior da coxa direita revelou mais tarde um arrancamento dos isquiotibiais, músculos que constituem um grande suporte da perna. Se o contratempo físico já por si constituía um raro e grave problema, a recuperação seguiu a mesma linha, sendo descrita pelo próprio como um autêntico «calvário».
«Felizmente tive nos três ou quatro meses a seguir à lesão um fisioterapeuta, o Rodolfo Candeias, que foi a única pessoa que tentou realmente que eu melhorasse, a quem eu tenho a agradecer muito. Acontece que depois de ele sair para outro projeto, começou o calvário, por assim dizer. Se até ao momento, eu com o Rodolfo estava habituado a trabalhar, a ganhar pequenas etapas dia após dia, e a evoluir na minha recuperação, assim que ele teve que sair, o Mário Palmeira estagnou», começou por contar.
Na altura, os profissionais em torno de Palmeira decidiram não avançar para a operação, ficando o trabalho de recuperação entregue a métodos convencionais. Se a fase preambular prometeu, a tal mudança do fisioterapeuta que esteve consigo desde o início deitou tudo a perder. Seguiram-se vários departamentos médicos e, numa linha paralela, a sensação de exclusão à medida que o tempo foi avançando, cimentava-se. Não existiam melhorias significativas na sua condição. O «calvário» começava: «Senti-me à parte, muito afastado, muito sozinho. Não pelo apoio que os meus colegas me davam, porque era um apoio muito grande, mas por parte do departamento médico. Sentia-me ali um bocado abandonado. Depois quando a lesão estagnou, e que ninguém sabia o que fazer, e eu ali perdido, a perder dias e dias de trabalho, tentaram procurar procurar um especialista fora do país. Fomos a Londres, fomos a Lyon e nenhum deu uma resposta concreta. Nenhum especialista dava garantias de nada, que era uma lesão muito grave, e que dificilmente, depois de tudo o que se tinha passado, era recuperável. Foi um choque muito grande». A situação angustiante de Palmeira caminhava a passos largos para a luz inexistente no fundo do túnel, para a longa estrada que se viu obrigado a percorrer, tudo depois de um simples lance fortuito, de um desarme como tantos outros tinha feito. O transmontano conhecia o lado negro do beautiful game.
Realizou 34 jogos pelos de Belém na época 2014/15
O período inicial de reabilitação com resultados positivos traduziu-se numa gota de água no deserto. Ciente do quadro em que se encontrava, não se avizinhavam melhores dias, no entanto, pelo seu empresário, surgiu uma réstia de esperança: «Dá-se a possibilidade de eu ir a uma clínica no Porto, no último ano de contrato que eu tinha, e o Belenenses aceitou. Em três meses que tive na clínica, pelo menos consegui voltar a correr, o que não conseguia antes. Não conseguia correr, andar era uma grande dificuldade, muito limitado. E depois chego a essa clínica no Porto e passado três meses saio de lá a correr, a conseguir chutar uma bola, a conseguir fazer o meu dia a dia normal, que até lá não conseguia».
Os resultados conseguidos eram francamente animadores. Representavam uma evolução que nunca tinha conseguido e que, imediatamente, originaram uma dura questão na sua cabeça: «A pergunta que fica para mim é como é que uma clínica em três meses me consegue voltar a pôr a correr ou a andar, e como é que o departamento do Belenenses, que era um clube de primeira Liga, não conseguiu pelo menos pôr-me a correr?».
O espaço de tempo crucial para a resolução do problema havia passado, mas mesmo assim Palmeira não desistiu, mesmo perante mais uma adversidade. Como se os problemas físicos não bastassem, e mesmo quando as tais melhorias significativas à sua condição apareceram, as boas notícias ficaram somente por aí. Mais um episódio daqueles que seriam «os três piores anos da sua vida», atormentaram o seu percurso, e desta vez teve tudo a ver com o tão ansiado regresso: «Depois de eu recuperar, com promessas de que se recuperasse que voltava a jogar, que voltava a treinar e que voltava a ser integrado, quando chego da clínica, faço os meus primeiros treinos e sou posto à parte. Mandaram-me ficar em casa, que não contavam comigo. Comecei a treinar à parte. Recebi mensagens todos os dias a dizer que não precisava de me apresentar para treinar», confessou, Palmeira, terminando o seu ciclo em Belém, isto em 2016.
Foi em Massamá que encontrou o caminho de volta para os relvados, aos 27 anos, sagrando-se vencedor do Campeonato de Portugal com o Real, em 2016/17. No entanto, as sequelas não desapareceram, levando o defesa a admitir que foi um passo «mais com o coração do que com a cabeça». O problema físico era insustentável e Palmeira não tinha outra opção senão aposentar-se...
Palmeira fez 75 jogos no principal escalão português
«Quando saíram as primeiras notícias que eu estava acabado para o futebol, nunca senti o apoio de ninguém, sem ser do meus colegas, de pessoas que trabalharam comigo, de dirigentes, treinadores. Mas em termos estruturais, de fundos, de coisas mais estruturadas da Federação ou do Sindicato, que agora tem aparecido com algumas coisas interessantes, acho que devia haver um apoio mais forte, um apoio mais estruturado para casos como estes, porque eu fui um de muitos. Houve muitos que foram obrigados a acabar por diversas razões, quer lesões graves, quer outros fatores, e acho que falta esse apoio, uma coisa que diga: 'Este caminho acabou, mas podes seguir por outro caminho, tens isto, tens aquilo, não estás sozinho'. Acho que falta um bocado essa parte humana», completou, quando questionado sobre os apoios que recebeu depois de ter sido obrigado a dizer adeus ao futebol profissional. Palmeira lamentou a lacuna estrutural, servindo-se do seu caso como um de muitos, de uma situação que deve ser tratada com mais atenção.
«Com Jorge Jesus, passei a ver o jogo de outra forma» Chegou com apenas 18 anos ao Braga
Nascido a 24 de setembro de 1989, Chiellini, como era apelidado na Diogo Cão, clube onde se formou, é natural de Constantim, Vila Real. A sua estreia na Primeira Liga deu-se no SC Braga, em 2013, pela mão de José Peseiro. Os bracarenses, com o aval de Manuel Machado, já o tinham ido pescar a Vila Real bem mais cedo, em 2008. Um brilharete num torneio entre várias associações distritais foi suficiente para despoletar o interesse minhoto - as boas notícias não ficaram por aí - a visibilidade que adquiriu valeram-lhe também a chamada à seleção sub-19 portuguesa. GD Ribeirão, Vizela e Estrela da Amadora receberam o jovem nos primeiros suspiros como sénior. Foi também por essa altura que conviveu, ainda que por pouco tempo, com Jorge Jesus, o treinador «com quem mais aprendeu», que mudou a sua perspetiva do jogo e que teve um papel muito importante na evolução do jovem defesa-central.
«Chegar ao Braga e apanhar logo o Jorge Jesus, que é um treinador com grande conhecimento, foi muito gratificante porque aprendi muito com ele. Aprendi muito em termos táticos, aprendi muito em termos pessoais e de conhecer o que é o futebol profissional, que era mesmo muito diferente daquilo que eu estava habituado. Taticamente evoluí muito com o Jorge Jesus, passei a ver o jogo de outra forma. Foi uma das principais causas de eu ter ficado no Braga na altura, para evoluir, para aprender com ele, porque ele tinha essa qualidade, ou tinha mais esse lado. Queria sempre ficar com mais dois ou três jovens para lhes ensinar e aprenderem com ele», frisou, a respeito do atual treinador do Flamengo, não descurando ainda outro técnico com o qual trabalhou, e que se apresenta na órbita da elite portuguesa, Leonardo Jardim.
Segundo Palmeira, as diferenças entre ambos são evidentes, porém, apesar de maneiras e feitios diferentes, as duas experiências foram bastante enriquecedoras, lições das quais o «aluno» diz que lhe vão «dar outra margem para encarar a nova carreira» como técnico:
«O Leonardo Jardim foi mais tarde. Eu na altura estava emprestado antes dele chegar e faltava um central para colmatar o plantel e fiquei eu. São treinadores muito diferentes um do outro, mas com grande qualidade os dois. Só tenho a dizer bem dos dois e aprendi muito com os dois. O Leonardo Jardim tinha uma parte humana que poucos jogadores reconheciam na altura ao Jorge Jesus. Enquanto o Jorge Jesus lidava mais friamente, e era mais objetivo, o Leonardo Jardim tinha mais a parte do carinho com os atletas, de acarinhar e de falar».
Deu-se a conhecer definitivamente em Tondela
Sem espaço em Braga, seguiu-se o Tondela. Palmeira adquiriu a regularidade necessária na equipa beirã, ainda que na segunda liga portuguesa, efetuando 39 jogos. As prestações consistentes foram suficientes para convencer os responsáveis do Belenenses. Pela imprensa, começou a ecoar que o jovem defesa não era o alvo prioritário para aquela posição dos azuis, contudo, e pese a lesão, os números e a qualidade justificaram a aposta. Palmeira foi imprescindível para Lito Vidigal e para o seu substituto, Jorge Simão. A época a bom nível seria simbolizada com um grande feito da equipa de Belém, feito esse que teve o contributo de Palmeira.
O «Milagre de Belém» como esplendor da sua carreira«Foi lindo, foi mágico, foi viver uma coisa que eu nunca tinha vivido». Palmeira não escondeu a felicidade em ter feito parte da equipa que voltou a colocar o Belenenses no mapa europeu, olhando para o êxito como o mais importante da sua carreira. Haviam passado vários anos do memorável duplo duelo do Belenenses de Jorge Jesus com... o todo poderoso Bayern de Munique. Num formato diferente, a equipa caiu na primeira ronda, mas caiu de pé, enchendo aqueles gentes lisboetas de orgulho. O paradigma do emblema é agora inequivocamente diferente, mas o regresso dar-se-ia talvez mais cedo do que muitos esperavam, e para fazer ainda melhor.
Apesar da lesão, Palmeira considerou a época 2014/15 como a melhor da sua carreira
O contexto histórico importa, o ambiente entusiástico que se foi desenvolvendo naquela temporada, também. Palmeira recordou com orgulho a caminhada rumo à sexta posição, num «clube histórico, um clube que faz falta ao futebol português». O antigo defesa refutou ainda uma hipotética pressão adicional que se possa ter gerado, isto à medida que os adeptos, e a própria equipa, iam começando a acreditar cada vez mais: «O Belenenses tem uma massa associativa extraordinária, tenho um grande carinho por eles. Logo nos primeiros jogos, entramos bem no campeonato, e começou-se logo, a seguir ao Moreirense, salvo erro, a falar no «Milagre de Belém» que era a Liga Europa». Os pupilos de Jorge Simão, sucessor de Lito Vidigal, que havia abandonado o clube por divergências com a direção, assumiam o lugar seis da tabela depois de baterem a formação nortenha (2x0), na ronda 27. Acreditava-se naquela equipa que, a garantir a qualificação, seria ainda mais fantástico dado que o Belenenses realizava apenas a sua segunda época depois de subir de divisão. Contudo, os concorrentes pela última vaga europeia eram vários, panorama que ainda assim não desviou uma «equipa muito unida».
«Começou-se logo aí a sentir a pressão que é exigida nestes clubes. Nunca nos atrapalhou sendo sincero. Nunca pensamos nisso numa pressão, mas sim como um dos objetivos. Se podíamos alcançar, porque não alcançá-lo. Motivação em vez de pressão. Eramos uma equipa que ninguém dava nada por nós. Tínhamos muitos jogadores portugueses, e na altura, havia poucos jogadores portugueses na Liga Portuguesa, não eram aposta. Começamos a acreditar muito em nós, sabíamos das nossas capacidades, das nossas qualidades. Começamos a acreditar que podia dar». A certa altura, a Liga Europa passou a ser mesmo uma marca a alcançar. Palmeira não pôde terminar a época, mas não deixa de ser uma das caras que conseguiu alcançar um objetivo delineado em balneário:
Equipa da qual fez parte foi a sétima a chegar à Europa pelo Belenenses
«Sabíamos que o podíamos alcançar e que tínhamos equipa para o alcançar, e felizmente alcançámos. Colocámos o Belenenses outra vez na Liga Europa, e no ano seguinte fizemos uma Liga Europa extraordinária. Deixou-nos orgulhosos porque conseguimos aquilo que nos propusemos entre nós, não cá para fora, mas entre nós. Nunca foi visto como uma pressão mas sim como um objetivo a alcançar». O sentimento de dever cumprido ficou presente no conjunto que contava com nomes como Carlos Martins ou Nélson, numa linha de maior experiência, mas também com Sturgeon, Deyverson (meia época) ou Miguel Rosa.
A luta fez-se até ao fim - o Belenenses beneficiou da derrota do Paços de Ferreira na Choupana - garantindo em Barcelos, e depois em duas eliminatórias europeias, que a Cruz de Cristo viajaria pelo velho continente em 2015. Segredo do sucesso? «Tínhamos um balneário muito forte, um espírito de grupo muito forte». O coletivo, a turma à portuguesa, se assim se pode dizer, talvez tenha sido definitivamente a maior arma. Impedido de prosseguir nesta bela história, foi do lado de fora que Palmeira observou muitos dos que tinham começado a travessia consigo a chegar à fase de grupos da Liga Europa. Fazia-se história no Restelo.
«A 'Real' cereja no topo do bolo»Defesa-central despediu-se dos relvados com um título
Global Imagens / Tony Dias
As palavras são de Palmeira, o trocadilho é nosso. O bolo devia ter sido maior, mas por força das circunstâncias, o imponente defesa-central foi obrigado a colocar a cereja prematuramente. O que é certo é que depois do dilúvio por que teve de passar, foi mesmo no topo que a conseguiu meter, sagrando-se campeão do terceiro escalão do futebol português, com o Real SC, em 2016/17. Admirador da Marvel, o defesa-central ainda foi a tempo de ser um dos heróis que levou o clube de Massamá à Segunda Liga, mas como em qualquer filme dos quais diz ser grande adepto, o Plot Twist do Campeonato de Portugal ditou uma série de dificuldades antes de levar os oponentes de vencido:
«Foi um campeonato extremamente difícil, muito competitivo, e nós tínhamos uma equipa em que o teto salarial não era muito. Não foi fácil sequer chegar à fase final, foi muito difícil de lá chegar, derivado a essa qualidade que existe nas divisões mais baixas do nosso futebol», reconheceu.
Para além da Taça Intertoto, Palmeira conquistou o CNS
Já no decorrer da temporada, Palmeira percebeu que o fim estava iminente. Os progressos eram tardios e assim que retornou à competição, rapidamente sentiu que «já não era o mesmo». A incapacidade era muita, levando-o a admitir que já «não tinha a mesma dinâmica, as mesmas capacidades». Foi aí que se mentalizou «que dificilmente poderia voltar a jogar ao mais alto nível». Sem contar a ninguém, Palmeira permaneceu no barco até ao fim, dizendo adeus da melhor maneira.
O sentimento que ficou na última gota de suor foi de missão cumprida, sem esquecer, claro, o agradecimento ao Real: «Foi com alegria muito grande que ganhei esse título. Tenho um enorme carinho por tudo o que o Real me ofereceu no meu último ano como futebolista. Só tenho a dizer bem das pessoas com quem trabalhei. Acabar assim foi acabar feliz, com o sentimento de dever cumprido, porque o futebol a mim sempre me deu mais coisas boas do que menos boas. E apesar daqueles três anos que passei, acabar com o título de campeão nacional no Campeonato de Portugal, foi acabar com orgulho e mostrar que afinal eu tinha alguma coisa para dar. Foi um motivo de orgulho e muita felicidade». 2017 foi o ano da despedida. A porta fechou-se forçosamente, mas Palmeira está em vias de abrir outra que lhe dará acesso ao desporto que tanto ama. É num 4x4x2 que imagina as suas peças distribuídas, porém, sem grandes euforias. «Viver o presente», como reforçou, é a prioridade para já. Esta história obriga-nos necessariamente a refletir, mas mais do que isso, dá-nos a realidade de um desportista que viu-se impedido de fazer o que mais gosta, não do seu sonho. «É isso que me apaixona, a paixão pelo futebol, é a pureza do futebol» - Palmeira não nos revelou o sonho, o maior sonho - mas demonstrou a sua vontade em continuar ligado a uma das suas paixões. Afinal de contas, não é isso que importa? Talvez não seja uma distância assim tão vasta...
em:
https://www.zerozero.pt/news.php?id=282834