Não tenho tempo para grandes análises... nem grande vontade de as fazer...
Apenas digo que me parece que a equipa falhou porque não se encaixou bem no Sporting. Jorge Costa optou por fazer Carlos Fernandes encostar aos centrais perante a dupla Djaló-Liedson; Luís Filipe adiantava-se um pouco aproximando-se de Nani. Ora esta fórmula deu ao Sporting muito espaço nas alas, fundamentalmente na (nossa ala) esquerda. É que este Sporting é uma equipa enganadora: o losango do meio-campo tem uma capacidade de desdobramento muito grande com Nani e Moutinho, extremamente versáteis, velozes e móveis. São eles quem garante a exploração das alas. Com Carlos Fernandes muito encostado aos centrais (de olho num dos pontas-de-lança do Sporting), sofremos bastante nas alas. Os nossos médios foram forçados a jogar demasiado recuados para suster as brechas que atrás se abriam, deixando Miguel Veloso manobrar à vontade. Como tinha dito antes da partida, penso que o encaixe deveria ter sido feito de outra forma: deixando ao trinco a missão de fazer de terceiro central sempre que necessário (no caso, deveria ser Frechaut) e adiantando ligeiramente os laterais de forma a encurtar espaços relativamente a Nani e Moutinho...
Melhorámos com a entrada de JVP por duas razões: porque ele de facto entrou bem no jogo, fresco, disciplinando bem o jogo da equipa, de uma forma até que poucas vezes lhe vi fazer com a nossa camisola; mas sobretudo porque Jorge Costa arriscou em definitivo o 1x1 na defesa, com Nem e Paulo Jorge frente a Liedson e (agora) Alecssandro. O nosso meio-campo jogou bem mais adiantado e pôde pressionar mais alto os médios sportinguistas - finalmente Veloso tinha quem o acossasse! Mas por outro lado, também é verdade que concedemos bem maiores espaços lá atrás e só a inépcia dos atacantes leoninos (sobretudo Alecssandro) permitiu que passássemos este período com a nossa baliza incólume (situações de contra-ataque de dois para dois e três para três foram várias). Mas, com o marcador desfavorável, justificava-se os riscos assumidos. Que até poderiam ter valido o empate porque a pressão que exercemos sobre o Sporting na última meia-hora foi muito intensa, com algumas oportunidades de golo...
Uma última observação: não podemos ir do 8 ao 80 (e vice-versa) quando avaliámos o momento da equipa. Depois da vitória na Madeira, pontuada por uma boa exibição, todos estávamos optimistas, crendo que a equipa estava em crescendo exibicional. Agora parece que voltámos à mesma depressão com que encarávamos a equipa há uma jornadas atrás. Parece-me que é no meio que está a virtude. Penso que melhorámos um pouco o nosso nível de jogo - sobretudo quanto à solidez defensiva -, mas como tinha dito há uma semana, a vitória e a exibição na Madeira decorreram também das (menores) dificuldades que se nos foram colocadas pela estratégia do adversário. A qualidade de jogo, no plano ofensivo, dificilmente melhorará esta temporada: porque pelo percurso da equipa que nós conhecemos não se criaram rotinas (não basta jogarem os mesmos jogadores, há que insistir num modelo de jogo); porque o plantel contém alguns desequilíbrios gritantes - o maior dos quais é não existir, como diz o lionelpower, um "Hugo Leal", capaz de pautar o jogo a tempo inteiro. Desta forma, a nossa qualidade de jogo ressente-se, sempre que a estratégia do adversário nos coloca particulares dificuldades - nomeadamente super-povoando o meio-campo. Acresce, nesta partida, que defrontámos aquela que é para mim a melhor equipa portuguesa, considerando apenas o colectivo. Tem um padrão de jogo definido, um sistema mecanizado e sobretudo um dinamismo que nenhuma outra equipa portuguesa tem - por vezes parece uma desorganização organizada - o que cria especiais dificuldades a quem os defronta. Por isso, a mim apetece-me valorizar mais a última meia-hora, em que fomos capazes de encostar o adversário às cordas - mesmo correndo muitos riscos. Etiquetar a nossa exibição de vergonhosa não é justo - até porque uma equipa joga também em função das dificuldades que o adversário lhe coloca...