Estava a ouvir o Pedro bouças a falar e ele tem razão, o Braga nesta eliminatória foi batido muitas vezes com passes entre-linhas e permitiu que jogadores recebessem a bola só com a nossa defesa pela frente.
Está é uma das razões para termos levado 5 duas vezes do Sporting o ano passado, eles são fortíssimos nisto e espero que o Artur Jorge esteja atento.
Das duas uma: ou a equipa técnica ainda não percebeu isso, ou então não sabe como corrigir.
Isso não aconteceu só com o Sp Lisbon, aconteceu dezenas de vezes no ano passado (Vizela, Chaves, Casa Pia, Vitória na taça, Sp Lisbon x3, Santa Clara, Portimonense).
Continua a acontecer este ano. Chaves foi um jogo inteiro com o credo na boca, Panathinaikos em casa e fora conseguiu vários momentos em que se liberta facilmente da primeira linha de pressão, até o Backa Topola o conseguiu 2 ou 3x na 1.ª mão. Não vai ser diferente domingo nem nunca parece-me.
As coisas vão andando enquanto jogamos no tugão e as equipas mais fracas não tiverem capacidade de aproveitar esses momentos e marcamos mais 18 golos que os nossos xG (ver goalpoint). É estrutural, a nossa equipa é um caos na reação à perda e quando a primeira pressão é batida. Penso que levaremos mais umas tareias este ano, na Champions e contra os 3 do costume cá (provavelmente a começar este fim-de-semana)…
Na minha opinião, não se trata de não saber corrigir, trata-se de não saber. Porque a manta é curta, e se tapas dum lado destapas do outro. O maior defeito defensivo das equipas do Amorim também sempre foi o espaço entre médios e defesa... O Amorim também é mau e não sabe corrigir? É um misto de várias coisas: para não haver esse espaço, as linhas têm de estar mais juntas. E para isso acontecer, só há duas hipóteses: ou a linha defensiva sobe, ou a linha média desce. E se a linha média desce, então não podes pressionar alto, porque se pressionas alto, a linha média é obrigada a subir e, com isso, ou destapas as costas da linha média, ou sobes a linha defensiva destapando as costas da defesa. É assim que funciona com todas as equipas. O Sporting do Amorim sempre preferiu destapar as costas dos médios, para proteger gajos como o Coates, que não conseguem cobrir tão bem as costas. Por isso que o Amorim quis o St. Juste, por isso que muito se falou de ele querer o Tormena... Porque com jogadores assim, ele pode subir mais a defesa para encurtar espaços entre as linhas.
O que o Braga faz é mais ou menos o mesmo: privilegia a cobertura da profundidade, em virtude de não ter centrais rapidíssimos. E eu prefiro assim, porque o Pana conquistava as costas dos médios, mas depois, como a linha defensiva está segura, eles eram obrigados a procurar o corredor lateral. Idealmente, a bola não devia entrar ali entre linhas, se a pressão funcionar. Mas entre dar aquele espaço ou dar as costas da defesa, é preferível dar aquele espaço.
E não concordo com esses jogos todos que falas... "Chaves foi um jogo inteiro com o credo na boca", mas não pelo espaço entre linhas... O mesmo se aplica a alguns dos jogos que falas da época passada.
Quando a pressão é batida, todas as equipas no mundo sofrem com isso e ficam desequilibradas, nós estamos longe de ser um desastre por isso, é exatamente esse o risco associado à pressão, é por isso que equipas mais fracas não pressionam alto... Faz parte de ser uma equipa ambiciosa e ofensiva.
Quanto à má reação à perda e eventual má capacidade de pressão da nossa parte, estamos mais uma vez em desacordo, e já no outro dia aqui falei disso. Não tenho dados dos jogos com os sérvios, mas nos restantes 4 jogos, temos, em cada um deles, 14 ações defensivas no meio campo adversário (até assusta o facto de ter sido exatamente igual nos 4 jogos). Por exemplo, o Porto, equipa muito famosa pela sua capacidade de pressão, tem 14, 6, 5 e 8. O Sporting tem 13, 15 e 11. O Benfica tem 23, 14, 22 e 11. Como podes ver, o único que se destaca de nós é o Benfica, o Sporting está quase igual e o Porto bem abaixo de nós. Temos já pelo menos 4 golos que surgem diretamente de recuperações altas de bola...
As nossas linhas defensiva e média estavam mais juntas quando jogava o Musrati com o Vítor, o problema é que depois havia muito espaço entre a média e a ofensiva. É o que eu, e muitos treinadores até, dizemos: se tapas dum lado tens de destapar do outro. Ou então deixas construir à vontade e encostas-te atrás com as linhas todas juntas...