A partir do momento em que, em todos os jogos, tudo o que pode correr mal, corre mal, fica complicado defender o treinador, ainda para mais com a gestão desportiva e emocional do plantel absolutamente ridícula a que todos temos assistido.
Mas quando em todos os jogos, tudo o que podia correr bem, corria bem, já todos elogiavam o treinador, certo? E é esse o meu ponto: o treinador não passou a fazer as coisas de maneira tão diferente assim, simplesmente as coisas deixaram de funcionar da mesma maneira dentro de campo. Mas pronto, as pessoas continuam a insistir que antes jogávamos maravilhas e agora não jogamos nada, eu não posso fazer nada... Em Arouca, na primeira parte temos 6 ocasiões de golo e marcamos 4, em Portimão temos 6 ocasiões de golo e não marcamos nenhuma... O Arouca tem dois lances de perigo e não marca nenhum, o Portimonense tem dois lances de perigo e marca um deles... Do ponto de vista do treinador e do que a equipa joga, não mudou assim tanto, mas parece que só eu é que acho isso...
Nada do que dizes é mentira, mas também é verdade que alguma coisa tem que mudar porque a continuar assim até o 4º lugar pode ser complicado.
Talvez seja o caso de o nosso modelo de jogo já não ser surpresa nenhuma para os adversários e desde que isso aconteceu o AJ tem tido bastante dificuldade em encontrar alternativas. Para mim este é o principal problema: a falta de ideias, aliada a uma gestão de plantel perfeitamente ridícula (a meu ver).
Eu não consigo perceber opiniões como esta, é o meu problema... Eu não percebo porque achas que o modelo de jogo já não ser surpresa é que é a razão, ou que haja falta de ideias. Eu continuo a ver uma equipa a criar muitas oportunidades de golo (exceptuando os dois jogos muito fracos na taça), tal como antes. A diferença é que agora não as marcamos. E aqui concordo contigo que alguma coisa tem de mudar: ou se mantém a forma de jogar e volta-se a ter mais eficácia, ou muda-se a forma de jogar a ver se as bolas começam a entrar.
Eu não percebo muito de futebol, e mesmo que percebesse não seria fácil de explicar o que aconteceu a esta equipa. É verdade que o nosso jogo praticamente não mudou desde o início da época e que a grande diferença é que antes entrava quase tudo e agora não entra quase nada.
A meu ver, o problema é que o nosso estilo de jogo só funciona se se conseguir marcar golo cedo no jogo (+/- até à meia hora) porque isso depois obriga o adversário a expor-se mais. Quando não o conseguimos fazer, e pior ainda quando sofremos primeiro, o adversário vai naturalmente fechar-se e contra isso o nosso jogo é muito ineficaz. Água mole em pedra dura nem sempre fura.
A qualidade dos executantes também é outro aspeto que funciona contra nós. Tendo o estilo de jogo que temos não podemos depender tanto do Fabiano, por exemplo, e aí é mais culpa do treinador que do jogador.
Não acho que o nosso estilo de jogo seja ineficaz contra equipas fechadas, até conseguimos criar bastantes oportunidades contra blocos baixos, bem mais que na época passada, por exemplo.
Mas claro que a grande diferença é a qualidade dos executantes, não há grandes dúvidas disso... É que os outros, podem não estar a jogar um piço, mas ter um Porro/Bah/Pepê é muito diferente de ter um Fabiano, ter um Ugarte/Enzo é muito diferente de ter um A. Horta, ter um Trincão/Edwards/Neres/Otávio é diferente de ter um Iuri, ter um Rafa/Pote/Taremi é diferente de ter um Abel/Vitinha. Mas isso é natural, e é natural que os nossos precisem de mais oportunidades para chegar aos mesmos números dos outros, por alguma razão os preços deles são diferentes... Por isso que para nós é difícil manter a regularidade dos outros, porque temos armas piores, e falhando um ou dois, a coisa é mais difícil. Nós vivemos muito dos momentos de forma dos jogadores. Da mesma maneira que tivemos um Banza incrível nas primeiras 4 jornadas, tivemos um Dyego Sousa há umas épocas que marcou 20 golos em meia época e depois 2 golos na outra meia, ou lá o que foi. Aliás, a época do recorde de pontos com o Abel, é um bocado assim: há ali um momento em que embalamos como neste início de época e parecíamos imparáveis, fruto de termos quase todos os jogadores em pico de forma e de, lá está, tudo correr bem. O exemplo mais paradigmático dessa época são os 5-0 em Guimarães... O jogo começa muito mal para nós, mal conseguíamos ter bola, marcámos num contra-ataque, mas continuamos sem ser dominadores até que aparece o penalty e a expulsão aos 30 e tal minutos, e a partir daí foi um passeio, foram 5 mas podiam ter sido 7 ou 8 à vontade. Lembro-me que nessa época ganhámos 6-0 no Estoril também num jogo relativamente dividido (
https://goalpoint.pt/wp-content/uploads/2018/03/GoalPoint-Estoril-Braga-LIGA-NOS-201718-90m.jpg - 15 remates, 7 à baliza, 5 oportunidades flagrantes de golo e... 6 golos!), por exemplo. Depois ganhámos 4-1 em Chaves e 5-1 em Paços, empatando 2-2 em Santa Maria da Feira pelo meio. Ou seja, em 5 jogos seguidos fora de casa, temos 4 goleadas (Vitória, Estoril, Chaves e Paços) e um empate no jogo seguinte a termos ganho em casa ao Sporting... E acabamos esse campeonato a empatar com o Boavista em casa (com um penalty falhado aos 95) e uma derrota em Vila do Conde, tendo acabado a 3 pontos do Sporting, sendo que tínhamos vantagem no confronto direto com eles...
Ou seja, ter esta irregularidade e estes períodos em que parecemos imparáveis (ainda há 2 épocas passamos pelo mesmo com o Carvalhal) tem feito parte do nosso percurso nos últimos anos. E para mim, havendo obviamente diferenças de qualidade entre os treinadores, o factor fundamental é que temos jogadores piores que os estarolas e por isso não conseguimos acompanhar a regularidade deles a nível de resultados, mas temos um clube estável o suficiente e com jogadores bons o suficiente para ser melhor que as restantes equipas em 95% dos campeonatos.
Eu vejo muita gente a falar do excelente plantel que temos, e atenção que eu concordo. Mas não é comparável com o dos outros, simplesmente não é. O Matheus tinha dificuldade em ser titular no Benfica e era suplente nos outros, o resto dos nossos GR não tinham lugar em nenhum plantel. Os nossos dois laterais direitos, nem no Porto (o que tem claramente os piores laterais direitos) eram suplentes, quanto mais nos outros. Os nossos laterais esquerdos, o Sequeira tinha lugar no plantel de Porto e Sporting, com jeitinho. Dos centrais, o Tormena e o Niakaté tinham lugar no Sporting, mas talvez nenhum fosse titular. Dos médios, o Musrati era titular no Benfica e tinha lugar no plantel dos outros dois (acho o Ugarte e o Uribe superiores, ainda assim), do resto o A. Horta era suplente do Sporting e do Porto (se o Bruno Costa é...), mas fundo do banco no Benfica. Na frente, Horta tinha lugar a titular em qualquer um, Vitinha cabe no plantel de qualquer um, mas não a titular, Djaló era suplente no Benfica (não o vejo como superior ao Verón ou ao Arthur Gomes nesta fase) e Banza teria espaço no Sporting e talvez no Porto, de resto não vejo lugar para ninguém. Esta é a minha opinião, claro...