A verdade??? Qual verdade? Só se for a tua...
Tal como mostrei no tópico do jogo com o Casa Pia, a nossa produção ofensiva tem sido bastante parecida à do início de época, com a excepção dos golos... Tivemos duas derrotas em casa, em jogos onde fizemos 28 e 30 remates, com mais de 5 oportunidades claríssimas de golo em cada um dos jogos, isto é "não jogar um chavelho"
Fizemos uma exibição bastante competente no Estoril e uma primeira parte sufocante em Barcelos, que não deu goleada porque falhamos, mais uma vez, golos atrás de golos. Em Berlim, fizemos uma exibição muito competente defensivamente, não concedendo quase oportunidades nenhumas e sofrendo apenas num penalty caído do céu, contra aquele que era à data o líder da Bundesliga. Tivemos uns péssimos 15min finais em casa e uma má segunda parte fora contra o Gilloise, e isso custou-nos a continuidade na Liga Europa.
Se eu acho que o nosso estilo de jogo é super atrativo e de classe mundial? Não! Mas o que jogamos agora não é muito diferente do que jogávamos antes. A diferença é que antes, marcávamos golos ao primeiro ou segundo remate do jogo, o que obrigava os adversários a saírem mais para o jogo e nós depois aproveitávamos, e agora não só falhámos quase tudo o que temos, como os adversários ainda marcam na primeira oportunidade que criam (como o Chaves e o Casa Pia). Mas o estilo de jogo é parecido: bolas longas, jogo físico na frente para ganhar segundas bolas, extremos a jogar entre linhas com os avançados a fazer diagonais para fora, etc.
Agora todos criticam a opção de pôr o R. Horta no meio-campo, dizem que não faz sentido e que deixámos de criar oportunidades e não sei que mais. Mas no período em que jogávamos bem, segundo vocês, esta fórmula deu resultado 3 vezes: o golo do empate contra o Sporting surge com o Musrati a central e o A. Horta e R. Horta a médios, o golo da vitória contra o Vitória surge com Castro e R. Horta a médios, e o 1º golo contra o Vizela igual. Por isso, como já disse, não acho que percamos assim tanto com o R. Horta a médio, e ainda no último jogo criamos pelo menos 5 oportunidades pelo corredor central com o Horta a médio. O que acho que emperrou o nosso meio-campo foi a entrada do Racic, e não a colocação do Horta lá.
Numa coisa concordo contigo: o que tem feito a diferença é de facto a qualidade individual dos jogadores... Se marcassem pelo menos uma em cada cinco das inúmeras oportunidades que criámos, se calhar estávamos ali bem mais perto do Benfica, isolados em segundo. É que mesmo sem jogar "a ponta de um chavelho" em 5 das 12 jornadas, continuamos a ser a equipa do campeonato com mais remates e mais remates à baliza. Na Liga Europa, mesmo tendo feito 4 dos 6 jogos neste período em que não jogamos nada, nenhuma equipa tem mais remates à baliza que nós, sendo que os nossos 3 jogos com mais remates à baliza foram os dois com o St. Gilloise e este último com o Malmo, ou seja, quando não jogávamos nada.
A verdade é esta que eu apresentei, a verdade dos factos. O resto não é nenhuma verdade, é apenas uma opinião...
A verdade é que é as estatísticas não dizem tudo, e não, não é pelo facto de fazeres 30 remates que quer dizer que jogaste bem, é que metade desses remates foram quê? Bloqueados? Para a pedreira? É rematar do meio campo então. Dá sempre para emancipar os amantes do excel.
Se olharmos para os remates à baliza, que é sem dúvida alguma um elemento mais diferenciador, fizeste 5 remates contra o Chaves e 8 contra o Casa Pia.
Já agora, dizes que criaste 5 oportunidades claríssimas em cada jogo (Chaves e Casa Pia), e tens razão, se calhar até criaste mais, mas isso é assim tanto contra estas equipas? O Braga criar 5 oportunidades de golo flagrantes contra recém promovidos é sinónimo de fazer um bom jogo? Não esquecer das oportunidades dos outros, é que só o Casa Pia na segunda parte teve 3 oportunidades para fazer golo tão flagrantes quanto as do Braga.
Quanto a utilização do Ricardo Horta ao meio, foi um dos que falei e vou continuar a falar (já no jogo em que ganhámos ao Vizela por 2-0 disse aqui que não gostava desse posicionamento), não sei como é possível dizer que a equipa passa a criar mais, é que não vejo isso (nem tão pouco me interessas as estatísticas desses momentos), o que vejo é uma equipa atabalhoada para construir, com enormes dificuldades para interligar o jogo e o pior, é que deixam claramente autoestradas para os adversários, contra o Vizela a partir desse momento, via-se que podia cair para qualquer lado. Mas são opiniões e não são os factos que as tornam inviáveis, para mim, ainda joga pior quando mete essa tática, já contra o Chaves não resultou.
A verdade dos factos não é a que tu apresentas nem a que as estatísticas dizem, o futebol não é uma folha de excel, e os dados estatísticos podem-nos dizer muita coisa, é verdade, mas não nos dizem que se joga bem ou se joga mal. uma pessoa ainda tem olhos para ver e a dizer o que acha do jogo, sem ter que se suportar estatísticas, isso é para os matemáticos do goal point.
Ora aí está... ia responder mas está tudo dito. Se o futebol fosse algo tão linear assim a vida era muito simples e dedicava-se toda a gente às apostas.
O Braga tem um plantel de qualidade, com lacunas é um facto, mas de de qualidade. E essa qualidade não está a ser espelhada em campo. Tivemos um bom começo mas já nessa altura via-se que a equipa tinha problemas. Não somos uma equipa compacta e não estamos a conseguir lidar com as adversidades. A equipa desorganiza-se facilmente e abre espaços a meio campo que não podem acontecer. Quando estamos a perder entramos em modo kamikaze e isso fica ainda mais acentuado... tudo isto tem dedo do Artur Jorge mas bem... o que importa é que fazemos não sei quantos remates por jogo.
Precisamente por não ser linear, e uma equipa poder perder mesmo criando muito e mais que o adversário, é que eu defendi o que defendi. Ser linear é fazer a associação maus resultados - más exibições...
"Tivemos um bom começo mas já nessa altura via-se que a equipa tinha problemas"
Exato, é precisamente esse o meu ponto: o que se joga hoje não é assim tão diferente do que se jogava antes, para o bem e para o mal.
"Quando estamos a perder entramos em modo kamikaze e isso fica ainda mais acentuado..."
Mas o que querem vocês? Não estou a atingir, sinceramente. Se estamos a perder em casa, não é absolutamente normal entrar em "modo kamikaze"
"o que importa é que fazemos não sei quantos remates por jogo."
Não, o que importa é ganhar jogos. Fazer muitos remates por jogo é só um sinal de que conseguimos ter criação ofensiva e chegar perto da baliza contrária, não é sinal de que tudo está bem e que não é preciso fazer nada, nem eu nunca disse isso. Mas pronto, quando se quer desconversar...
Após uma leitura mais cuidada da tua análise percebi o teu ponto de vista, contudo não concordo em alguns pontos. Por exemplo o entrar em modo kamikaze colocando uma data de avançados não me parece inteligente na medida em que muitas vezes há muito jogo pela frente e a equipa fica completamente desequilibrada a meio campo... mas lá está são opiniões. De qualquer das formas assumo que fiz uma interpretação errada 😉
Lá está, eu nem estou a defender que vocês estão completamente errados nem nada do género. Também eu achei exagerado tirar o A. Horta para pôr o Djaló aos 57min. A questão é que a equipa estava a precisar dum abanão, e o Djaló veio dar esse abanão. Não sei se o A. Horta estava cansado ou assim, mas se fosse eu, tinha tirado primeiro o Iuri para pôr o Djaló, em vez de ir logo à maluco. Mas a maior parte das vezes que ele tem feito isto é nos últimos 15/20min, e eu aí acho perfeitamente compreensível, porque se der logo resultado, ele corrige logo a seguir (como fez contra o Vizela, por exemplo, em que a seguir ao 1-0 meteu o Gorby). Aceito perfeitamente que se ache que esta não é a melhor maneira de fazer o ataque final à baliza contrária, em certos jogos até concordo que não foi o melhor movimento. O meu ponto aqui é dizerem que a equipa deixa de criar perigo depois dessas situações, e isso para mim não é verdade, e no domingo fartamo-nos de criar perigo depois da entrada do Djaló e recuo do R. Horta.
Quanto ao modo "kamikaze", acho que vai de cada treinador, e normalmente a avaliação das pessoas baseia-se sempre no resultado final: se resulta, o treinador é um génio, se não resulta, foi um nabo. O Conceição, por exemplo, é igual ao Artur Jorge, se as coisas não estão a correr bem, desata a meter jogadores de ataque. Por exemplo, no Estoril, o Porto empata o jogo aos 99' quando tinha em campo Pepê, Galeno, Verón, Taremi, Toni Martinez e Dany Loader, 3 pontas-de-lança e 3 extremos... Em Vila do Conde, acaba o jogo com Otávio, Pepê, A. Franco, Toni Martinez, Loader, Galeno e Verón, 7 jogadores de ataque. Já o Amorim, por exemplo, não abdica do sistema por nada neste mundo. Muda as características dos jogadores muitas vezes, metendo jogadores mais ofensivos em posições recuadas, mas nunca abdica do sistema, e depois a solução é Coates a ponta-de-lança. Foi campeão com muitos golos do Coates a acabar os jogos, era o maior, agora que perde e empata jogos a torto e a direito, é um burro por não ter plano B...
Eu não sou propriamente fã declarado de nenhuma das abordagens, acho que depende sempre do jogo e da postura do adversário. Neste jogo com o Casa Pia, por exemplo, acho que fez sentido o que ele fez, exceptuando a entrada do Rodrigo Gomes, que nunca faz sentido a não ser que estejamos a ganhar por 3 ou por 4 para ele ganhar moral. O Casa Pia defende com 5 e tem apenas 2 médios, pelo que não é assim tão grave o recuo do R. Horta, que continua a subir e a formar muitas vezes uma linha de 5 na frente, que é necessária para alargar a linha defensiva deles e abrir espaço para entrar no meio deles. Foi assim que o Djaló apareceu duas vezes pelo meio para rematar, foi assim que o Iuri ganha o espaço à entrada da área para combinar com o Banza e ganhar o penalty, foi assim que o Djaló ganhou o espaço entre lateral e central para depois fazer aquele remate por cima da barra (péssima decisão, já agora!). Senão íamos passar o tempo todo a fazer o que o Benfica fez ontem na segunda parte: circular a bola por fora do bloco dum lado para o outro, e basicamente ser inofensivo até que o GR contrário dá uma fífia de todo o tamanho e oferece um golo... A abordagem do Benfica torna-os bem mais seguros defensivamente do que a abordagem do Artur Jorge? Sem dúvida! Mas também os torna presas bem mais fáceis para a defesa adversária, e eles não criaram nada de jeito, a não ser um livre direto mais 2 ou 3 cruzamentos perigosos sem sequer haver remate.