Bem, o que dizer hoje?
Na antevisão ao jogo, em relação ao onze inicial, mantenho a opinião que tinha, e que aqui disse. O único verdadeiro problema era o Bruno Viana.
A primeira parte foi toda nossa, tivemos muito mais posse, anulamos por completo a saída de bola do Paços, mas não sem sacrifícios. Para termos esse controlo, jogamos com o Fransérgio na frente, que faz o apoio ao meio campo, e o Horta muito central, o que nos tirou muita largura. Ficamos maioritariamente apenas com o Galeno e o Esgaio na linha, que hoje tiveram os dois um jogo mau. O Galeno decidiu sempre mal (em altura de chutar passava, em altura de passar chutava), e o Esgaio não acertou com os cruzamentos. O Abel jogou bem de costas para a baliza e na distribuição para as linhas e no apoio também das linhas (tal como o Horta, quando pôde), mas o jogo das linhas, como foi mau, não conseguiu levar a bola de volta ao avançado.
Por tudo isso, controlámos a posse e o jogo em toda a primeira parte, mas não tivemos oportunidades de golo (ao contrário do que muita gente se está a queixar aqui, que falhamos muitas oportunidades - não, não falhámos, falhámos sim em criá-las).
Por causa disso, e numa tentativa de melhorar na criação das tais oportunidades, o Carvalhal pensou (e bem, na minha opinião) que devia entrar o Iuri, sacrificando alguma presença no meio campo. Em vez de tirar o Fransérgio e levar o Horta para a frente, decidiu tirar o Musrati, e correu mal (claro que depois de correr mal é mais fácil de perceber que correria mal - não posso ficar chateado com o Carvalhal por decidir arriscar, mas admito que sair o Fransérgio em vez do Musrati nos daria maior segurança no meio campo sem sacrificar a maior presença ofensiva do Iuri). Quando o Musrati saiu, o Paços aproveitou para ter mais bola do que a que lhes estava a ser permitida na primeira parte, e na primeira oportunidade de golo marcou. O Esgaio é um desastre a defender, e o apoio que tem no centro pior é - que dizer do Bruno Viana que não tenha já sido dito hoje, a semana passada, o ano passado, há dois anos, e por aí fora? Só não vê quem não quer.
A partir daqui foi tudo um desastre. O Carvalhal continuou a errar nas substituições - o Schettine fez hoje o pior jogo pelo Braga (e tinha boa concorrência de outros jogos terríveis), e o Novais pode ter um ou outro bom pormenor de vez em quando (e até tem feito boas subsituições), mas daí a ser a opção para revirar um resultado ainda vai muito. Perdemos o apoio do avançado entre linhas (que o Ruiz estava a dar) e a velocidade do Galeno (mesmo que estivesse a ser sem critério), e o Iuri entrou com vontade (e até acho que foi o melhorzito na segunda parte) mas teve também muito pouco critério.
Hoje tivemos muitos problemas, e fizemos um jogo horrível, mas também acho que as pessoas gostam de criticar só por criticar sem critério e sem saber o que estão a criticar. Que oportunidades desperdiçamos hoje (fora aquela do Horta)? Em que ocasião o Paulinho marcava hoje? O problema hoje não foi o desperdício que é costume (até porque o maior desperdiçador está lesionado), o problema hoje foi o excesso de bola e a nulidade na criação de oportunidades.
O Abel na primeira parte não foi perfeito, nem foi um Paulinho, mas achar que hoje era o Paulinho que fazia a diferença é recusar a ver o jogo da forma como ele é. Aquilo que o Paulinho traz que o Abel não traz é uma maior agressividade na primeira instância da saída de bola do adversário. Isso só faz falta quando estamos a ter dificuldade em ter bola, o que não aconteceu hoje na primeira parte. Na segunda parte ainda admito que um Paulinho teria sido muito mais inconveniente à defesa do Paços do que o Schettine, mas achar que hoje estava tudo resolvido se tivéssemos o Paulinho é recusarem-se a ver problemas bem mais graves que esta equipa tem. O Abel é novo, tem muito que melhorar, e obviamente não é melhor que o Paulinho, mas foi dos melhores hoje e o problema certamente não foi ele.
Fica uma oportunidade de ouro (que nunca mais vamos ter) de ganhar pontos às 4 equipas. Mais do que isso, fica para trás qualquer ideia de que lutaremos pela Champions esta época (pelo menos para mim). Agora é tentar fazer uma gracinha na Taça da Liga, chegar à meia-final da Taça (provavelmente com o Porto) e dar tudo para conseguirmos a final. No campeonato, é segurar o 4º lugar, que provavelmente significará presença na Liga Europa.
A saber que esta era a época, de centenário, para fazer tudo por tudo para que fosse histórica, não tenho outra palavra para descrevê-la (já em Janeiro) que não uma autêntica desilusão. Zero investimento (filosofia que pelos vistos continuará no mercado de inverno, independentemente do choradinho do treinador), os mesmo problemas defensivos que temos vindo a apresentar nos últimos anos sem qualquer tentativa de os resolver, um treinador bem mais limitado do que ele (e muita gente) o querem fazer.
Não só não vamos conseguir encurtar o fosso para os outros 3 com dinheiro de Champions, como vamos assisti-los a estabilizar do outro lado do fosso com esse mesmo dinheiro.