Quando tira férias então?
Em setembro, quando fechar o mercado.
E no dia 31 de agosto...
[interrompe] Quando está toda a gente a bombar. Isso é uma estupidez, uma coisa criada para vender. As pessoas fazem do dia 31 a loucura total e depois não conseguem uma contratação por dez segundos... Acho que isso revela pouco profissionalismo dos clubes, porque tens dois meses, quer dizer, tens um ano inteiro para fazer as coisas. Acredito que há oportunidades que surgem nesta altura, até porque há um clube à espera de contratar um jogador para depois libertar outro e tu ficas à espera disso, mas depois não percebo essa loucura: "Faltam 20 minutos para fechar o mercado!" [risos]
Das contratações que temos visto neste mercado em Portugal, quem destacas?
Acho que o Estoril - e estamos a falar de um clube da 2ª divisão, atenção - foi buscar um jogador, o [Renat] Dadashov, que é um ponta de lança que pode ser um dos melhores pontas de lança da Europa, desde que o clube consiga que ele se centre naquilo que ele deve fazer, que é jogar futebol. Ele foi titular nas seleções jovens da Alemanha e entretanto decidiu mudar para o Azerbaijão, porque o pai é do Azerbaijão, e esteve no RB Leipzig e no Frankfurt. É conhecido por ter um feitio especial [risos], mas se conseguir moldar aquele feitio pode ser um caso sério, por isso acho que é um jogador que se deve seguir com muita atenção. Assim de repente é dele que me lembro, dos menos evidentes. Não vale a pena estar aqui a falar do Ferreyra, que já toda a gente conhece.
E relativamente aos jovens portugueses?
Acho que há três jogadores da formação do Benfica que têm todas as condições para serem jogadores de top mundial: o Félix, o Dantas e o Gedson. O Gedson porque tem condições ímpares, é daqueles jogadores que vai agradar a gregos e a troianos, porque fisicamente é um jogador forte, mas é inteligente e bom tecnicamente, e se for bem enquadrado pode jogar em qualquer tipo de modelo de jogo que o treinador queira. O Gedson já está pronto e os outros em breve. Mas os três têm tudo para chegar ao top mundial.
E fora do Benfica?
O Dalot, que saiu para o United, por exemplo. O Diogo Costa, guarda-redes que está na seleção sub-19, também pode ser um jogador de topo.
Há jogadores que andamos a desaproveitar?
Há alguns jogadores que acho que têm qualidade para mais e tenho alguma pena por ainda não terem dado, se calhar os treinadores também não souberam retiraram o máximo deles. Lembro-me do Francisco Geraldes, que para mim tem um potencial e um talento incríveis, e do próprio Podence também. Para mim, estes dois jogadores já deviam estar num patamar acima daquele em que estão.
Dos óbvios não vale a pena falar, porque toda a gente vê, mas quem é te deixou uma boa impressão no Mundial? Ou o Mundial não é sequer um bom sítio para ver seja o que for?
Pois, acho que o Mundial não é um sítio nada bom para ver jogadores. Primeiro, porque é uma competição muito específica. Depois, porque os jogadores chegam em condições físicas e psicológicas até algo debilitadas, porque estão fartos de estágios e de uma época inteira, portanto o Mundial às vezes até é mais uma chatice e não os vês na sua plenitude. Por outro lado, se não conheces os jogadores que chegam a um Mundial, então não conheces ninguém [risos]. Agora, das seleções menos óbvias, das que acompanhamos menos as Ligas, houve um jogador que me surpreendeu bastante, embora já o conhecesse antes: o Arzani, da Austrália. Acho que é um jogador que daqui a uns anos pode estar noutro patamar.
É engraçado, porque ele sempre que entrava, entrava bem, mas não chegou a ser titular.
Acho que as seleções muitas vezes têm pouco a ver com a qualidade do jogador e mais com o peso que ele tem no grupo. E se calhar o jogador que jogava ali tinha peso no grupo e não dava para encostar, por exemplo. Porque ele cada vez que entrava mostrava qualidade acima da média da seleção dele.
Gostavas de ser scout, por exemplo, no Real Madrid, onde podes comprar tudo o que te apetecer?
Bom, mas o Real Madrid até é dos clubes que anda a trabalhar bem no scouting. Tudo o que é bom jogador espanhol eles têm conseguido e estão a ter mais talento do que o Barcelona.
Porque veem antes ou porque pagam mais?
Pois, aí é que já não sei. A capacidade financeira obviamente sabemos que têm. Pagar €60 milhões por um jogador de 2001, que ainda nem pode vir para a Europa porque tem de fazer 18 anos... Agora, que eles estão a ir buscar o talento, tanto espanhol como brasileiro, isso estão.
Mas a minha pergunta era mais no sentido...
Eu percebo, é: "Então quer o Ronaldo ou quer o Messi?" Acho que não me dava gozo fazer isso. Para tomar esse tipo de decisões acho que os clubes nem precisam de scouts. É perguntar ao treinador: "Prefere o Ronaldo ou o Messi?" E depois compram o que querem.
@ https://tribunaexpresso.pt/no-banco-com-os-misters/2018-08-04-Jose-Boto-o-scout-dos-craques-da-Luz-Todos-os-domingos-eu-e-o-Rui-Costa-festejavamos-as-derrotas-do-Saragoca-para-irmos-buscar-o-Aimar
Em setembro, quando fechar o mercado.
E no dia 31 de agosto...
[interrompe] Quando está toda a gente a bombar. Isso é uma estupidez, uma coisa criada para vender. As pessoas fazem do dia 31 a loucura total e depois não conseguem uma contratação por dez segundos... Acho que isso revela pouco profissionalismo dos clubes, porque tens dois meses, quer dizer, tens um ano inteiro para fazer as coisas. Acredito que há oportunidades que surgem nesta altura, até porque há um clube à espera de contratar um jogador para depois libertar outro e tu ficas à espera disso, mas depois não percebo essa loucura: "Faltam 20 minutos para fechar o mercado!" [risos]
Das contratações que temos visto neste mercado em Portugal, quem destacas?
Acho que o Estoril - e estamos a falar de um clube da 2ª divisão, atenção - foi buscar um jogador, o [Renat] Dadashov, que é um ponta de lança que pode ser um dos melhores pontas de lança da Europa, desde que o clube consiga que ele se centre naquilo que ele deve fazer, que é jogar futebol. Ele foi titular nas seleções jovens da Alemanha e entretanto decidiu mudar para o Azerbaijão, porque o pai é do Azerbaijão, e esteve no RB Leipzig e no Frankfurt. É conhecido por ter um feitio especial [risos], mas se conseguir moldar aquele feitio pode ser um caso sério, por isso acho que é um jogador que se deve seguir com muita atenção. Assim de repente é dele que me lembro, dos menos evidentes. Não vale a pena estar aqui a falar do Ferreyra, que já toda a gente conhece.
E relativamente aos jovens portugueses?
Acho que há três jogadores da formação do Benfica que têm todas as condições para serem jogadores de top mundial: o Félix, o Dantas e o Gedson. O Gedson porque tem condições ímpares, é daqueles jogadores que vai agradar a gregos e a troianos, porque fisicamente é um jogador forte, mas é inteligente e bom tecnicamente, e se for bem enquadrado pode jogar em qualquer tipo de modelo de jogo que o treinador queira. O Gedson já está pronto e os outros em breve. Mas os três têm tudo para chegar ao top mundial.
E fora do Benfica?
O Dalot, que saiu para o United, por exemplo. O Diogo Costa, guarda-redes que está na seleção sub-19, também pode ser um jogador de topo.
Há jogadores que andamos a desaproveitar?
Há alguns jogadores que acho que têm qualidade para mais e tenho alguma pena por ainda não terem dado, se calhar os treinadores também não souberam retiraram o máximo deles. Lembro-me do Francisco Geraldes, que para mim tem um potencial e um talento incríveis, e do próprio Podence também. Para mim, estes dois jogadores já deviam estar num patamar acima daquele em que estão.
Dos óbvios não vale a pena falar, porque toda a gente vê, mas quem é te deixou uma boa impressão no Mundial? Ou o Mundial não é sequer um bom sítio para ver seja o que for?
Pois, acho que o Mundial não é um sítio nada bom para ver jogadores. Primeiro, porque é uma competição muito específica. Depois, porque os jogadores chegam em condições físicas e psicológicas até algo debilitadas, porque estão fartos de estágios e de uma época inteira, portanto o Mundial às vezes até é mais uma chatice e não os vês na sua plenitude. Por outro lado, se não conheces os jogadores que chegam a um Mundial, então não conheces ninguém [risos]. Agora, das seleções menos óbvias, das que acompanhamos menos as Ligas, houve um jogador que me surpreendeu bastante, embora já o conhecesse antes: o Arzani, da Austrália. Acho que é um jogador que daqui a uns anos pode estar noutro patamar.
É engraçado, porque ele sempre que entrava, entrava bem, mas não chegou a ser titular.
Acho que as seleções muitas vezes têm pouco a ver com a qualidade do jogador e mais com o peso que ele tem no grupo. E se calhar o jogador que jogava ali tinha peso no grupo e não dava para encostar, por exemplo. Porque ele cada vez que entrava mostrava qualidade acima da média da seleção dele.
Gostavas de ser scout, por exemplo, no Real Madrid, onde podes comprar tudo o que te apetecer?
Bom, mas o Real Madrid até é dos clubes que anda a trabalhar bem no scouting. Tudo o que é bom jogador espanhol eles têm conseguido e estão a ter mais talento do que o Barcelona.
Porque veem antes ou porque pagam mais?
Pois, aí é que já não sei. A capacidade financeira obviamente sabemos que têm. Pagar €60 milhões por um jogador de 2001, que ainda nem pode vir para a Europa porque tem de fazer 18 anos... Agora, que eles estão a ir buscar o talento, tanto espanhol como brasileiro, isso estão.
Mas a minha pergunta era mais no sentido...
Eu percebo, é: "Então quer o Ronaldo ou quer o Messi?" Acho que não me dava gozo fazer isso. Para tomar esse tipo de decisões acho que os clubes nem precisam de scouts. É perguntar ao treinador: "Prefere o Ronaldo ou o Messi?" E depois compram o que querem.
@ https://tribunaexpresso.pt/no-banco-com-os-misters/2018-08-04-Jose-Boto-o-scout-dos-craques-da-Luz-Todos-os-domingos-eu-e-o-Rui-Costa-festejavamos-as-derrotas-do-Saragoca-para-irmos-buscar-o-Aimar