Realmente o adepto de futebol é um "espécime" fantástico. Andou-se a semana toda a dizer que o Famalicão era favorito e que estávamos condenados, mas depois duma 1ª parte em que o Famalicão não consegue fazer 2 passes seguidos no nosso meio-campo e está a jogar atrás à espera do contra-ataque, afinal já somos uma merd@ porque tínhamos de massacrar... Considero que estamos a chegar bem à frente, tanto por dentro como por fora, pelos 2 lados, tem faltado a definição, que também se percebe que não seja fácil com tanto jogador do Famalicão perto da sua área. No entanto, conseguimos criar algumas chances de marcar. Acho que o Paulinho tem de passar a bola naquele lance em que remata de longe, e que o Horta podia ter conseguido dominar aquela bola para se isolar. Mas não vejo a desgraça que vocês vêm, sinceramente. Há quem diga que não percebe a táctica de sair pelo Bruno Viana em vez de sair com os médios. Primeiro, os médios têm tido bola sim, e segundo, com o Amorim também não havia nenhum médio a baixar para construir. Já agora, o cabeceamento do Paulinho parece-me que ia para a baliza, mas bateu no defesa, não vejo nenhum falhanço nesse lance... E para quem não percebeu, o esquema é exatamente o mesmo (3-4-3), alguém que diga isso ao Carlos Brito, que ele ainda não percebeu.
Ok, vamos por partes.
1º - Não vi ninguém a dizer que o Braga tinha a obrigação "de massacrar". Vi toda a gente a dizer o mesmo que tu: conseguimos bloquear bem o ataque do Famalicão, mas na frente houveram falhas vergonhosas na decisão. E é disto que toda a gente se está a queixar. Depois de, com alguma surpresa (como tu admites), o Braga conseguir bloquear tão bem o jogo do Famalicão, a forma como isto foi completamente desaproveitado é vergonhosa, e é disto que toda a gente se queixa. O R. Horta atrapalhava o Galeno (aliás, na 1ª parte, pouco se viu do Horta), o Paulinho decidiu sempre mal, o Sequeira e o André Horta não faziam nada fora a mesma diagonal, sistematicamente, em espécie de bate bombo, para o Esgaio (e ele que corra), ninguém acompanhava as jogadas do Trincão (fora esporadicamente o Fransérgio - que foi o nosso melhor).
Jogam como se tivessem sido agora apresentados, nem parecem uma equipa que joga junta há anos, e esse é o problema. O entrosamento entre os jogadores parece ter desaparecido completamente, e isto é muito preocupante, muito mais que diferenças táticas ou falhas individuais. A noção de colectivo que o Amorim recuperou depois da saída do Sá Pinto parece ter saído com ele, e isto não se resolve só com mudanças táticas. O que importa se bloqueamos o jogo do Famalicão, se o nosso entrosamento é tão mau que jogadores que se conhecem tão bem como o Paulinho e o R. Horta não conseguem entender entre eles simples jogadas de "puxar defesas para dentro/passe para fora"?
2º - O Amorim não usava médio para construir, porque usava 3 centrais. Numa tática onde se joga só com 2, é espectável que alguem da frente assuma a construção (senão qual é o objetivo de diminuir ao número de defesas?);
3º - Não, o esquema não foi o mesmo do Amorim. Era o mesmo do Sá Pinto, um 4-4-2 a defender, e no ataque uma espécie de 3-4-3, com os centrais a ficar atrás com um dos laterais, do lado onde não se está a atacar, mas diferente do do Amorim, porque os 3 da frente fechavam na área, em vez de abrir nas linhas. Tal e tal o que o Sá Pinto usava.
Se eu acho que é o fim do mundo? Não. Se acho que estamos a melhorar? Sem dúvida. Se isso era propriamente difícil? Nem por isso.
O que me inquieta mais é ver que o problema do Braga vai para além do conhecimento futebolístico-tático do treinador/ferrugem da quarentena. Honestamente, pela forma como os jogadores se comportam entre eles, parece haver um problema bem mais sério. Espero que dê para dar a volta a isto, não propriamente só nos resultados, mas mais importante na atitude dos jogadores. Mesmo o próprio treinador, parece-me ser um bocado mais apático e calculista do que a situação pós-corona do nosso futebol exige (um jogo destes, onde conseguimos controlar, e bem, o jogo do Famalicão, pedia substituições muito mais cedo, e agora com 5 substituições então nem se fala. O tempo de jogo do Rui Fonte é absurdo, considerando o pouco que o seu companheiro de posição faz)