DUAS DE LETRA COM ABEL RUIZ E TORMENA Ambos vivem a primeira temporada em Braga. Ambos já se sentem totalmente parte da família.
Espanha e Brasil tocaram-se em mais um divertido Duas de Letra, com Abel Ruiz e Tormena a mostrarem um pouco mais de si à Legião.
Tormena – Como é para um jogador passar de quase dispensado a titular?
“É claro que foi muito bom. Trabalhamos todos os dias em busca de oportunidades. A verdade é que estive perto de ser emprestado, mas no futebol as coisas mudam muito rápido. Consegui agarrar a posição e ajudar o SC Braga da forma que queria”.
Abel Ruiz – Como está a ser a tua adaptação ao nosso clube e à nossa cidade?
“Estou muito feliz por estar aqui, numa grande cidade e num grande clube. A adaptação foi muito boa e os meus companheiros receberam-me muito bem. Estou muito feliz nesta cidade tão bonita”.
Tormena – Alguma vez pensaste em jogar a trinco?
“Nunca pensei, mas já aconteceu. No ano passado, no Portimonense SC, acabei por jogar nessa posição num jogo. O importante é ajudar a equipa. Jogarei onde for preciso”.
Abel Ruiz – Quem são as tuas inspirações e ídolos?
“O David Villa sempre foi um ídolo para mim. Tenho uma boa relação com ele e sempre me segui por aquilo que faz. Deu-me bons conselhos sobre futebol e sobre a vida. Ajudou-me muito. Gosto muito do Lewandoski também. Voltando ao Barcelona, pude aprender muito Luis Suárez”.
Tormena – Achas que agora será difícil o teu regresso à titularidade?
“Há que trabalhar. Temos jogadores de grande qualidade em todas as posições. O objetivo de todos, de quem joga e de quem não joga, é ajudar a equipa”.
Abel Ruiz – Tens pouco tempo no Braga ainda, mas já criaste alguma amizade forte dentro do clube?
“Como já disse, adaptei-me muito bem a esta nova realidade. Fui muito bem recebido. Mais do que dizer um nome, diria toda a equipa. Mas é claro que num plantel formam-se sempre alguns grupos que se dão melhor. Vivi com o Trincão e o David Carmo no início da quarentena e talvez por isso tenha uma melhor relação com eles”.
Tormena – Como é ouvir os gritos de Matheus dentro de campo?
“Ajuda muito. O Matheus orienta bastante, ele que vê o jogo de trás. Algumas vezes dá vontade de mandar para aquele lugar… Mas ajuda muito. É uma peça fundamental”.
Abel Ruiz – Nesta quarentena quem é que cozinha em casa?
“Não estou a cozinhar muito. A verdade é que o clube tem um mecanismo com o qual nos fornece as refeições e, por isso, não tenho cozinhado muito. Quando está aqui a minha mãe acaba por ser ela a cozinhar, quase sempre algo diferente”.
Tormena – Gostas de jogar no sistema de 3 centrais?
“Gosto mais deste sistema de três centrais. Sinto-me melhor e a equipa joga melhor, na minha opinião. Acima de tudo quero é jogar, independentemente do sistema”.
Abel Ruiz – Do que é que mais gostas no SC Braga?
“Gosto muito da cidade, nomeadamente do Bom Jesus e do Sameiro. Relativamente ao clube, gosto muito da proximidade que existe entre toda a gente. Todos são amigos e acessíveis. Desde o fisioterapeuta a um funcionário de outro departamento qualquer. É uma família”.
Tormena – Já tiveste algum episódio engraçado com o teu nome?
“Acontece muitas vezes. Quem não conhece acaba por ter dificuldades. Tormenta, torneira, já me chamaram muita coisa (risos)”.
Abel Ruiz – Como é passar do Messi para o Paulinho?
“Para mim o Messi é o melhor do mundo e poder conviver com ele durante muito tempo foi um orgulho. Aprendi muito com ele. Paulinho é um grande jogador e uma grande pessoa. Tenho aprendido muito com ele, que é um avançado goleador e muito completo. Estou feliz por poder jogar ao seu lado”.
Tormena – Qual é o jogador mais sério do balneário? E o mais engraçado?
“O mais engraçado é o Raul Silva, que alegra muito o balneário. O mais sério é difícil… Talvez o Matheus seja o mais reservado”.
Abel Ruiz – Qual foi a sensação de marcar ao Rangers na tua estreia?
“Foi uma sensação inesquecível. Vou recordá-lo para sempre. Primeiro jogo, primeira titularidade… Foi incrível. Celebrei como se fosse o melhor golo da história. Como já disse, estou muito feliz por estar aqui e espero vir a ser importante neste clube quando as coisas voltarem à normalidade”.
Tormena – É verdade que te adaptas bem a lateral também?
“Sim. Na época passada joguei a lateral quase todos os jogos. Como disse, jogo onde precisarem de mim. O importante é ajudar”.
Abel Ruiz – É difícil aprender Português?
“Não muito. Estou a aprender rapidamente. Mais do que falar é perceber. Acima de tudo tenho procurado perceber o que diz o treinador e toda a linguagem futebolística. Estou a aprender rápido, através de aplicações e do dia a dia”.
Abel Ruiz – Qual é a posição em que gostas mais de jogar?
“Sempre joguei a avançado centro. Pouco a pouco acabei por descair mais para as alas, mais até para a esquerda. Também gosto de jogar como avançado de apoio. mas onde me sinto melhor é no centro do ataque. No sistema que jogamos, sinto-me cómodo em qualquer uma delas no ataque”.
Tormena – Quem foi o avançado mais difícil de defrontar?
“Já encontrei alguns muito bons, mas há dois que me chamaram muito à atenção. O Jackson Martinez, que apesar das limitações continua a mostrar o porquê de ter sido o grande avançado que foi. O outro é o Dyego Sousa. Muito forte, segura bem a bola e potente no jogo aéreo”.
Abel Ruiz – Qual foi o golo mais importante da tua carreira?
“Não diria um, mas vários. Os golos que fiz pela Espanha no Mundial Sub-17 foram muito importantes. Era um mundial, que só os melhores jogam. Tive a sorte de estar presente. Infelizmente perdemos com a Inglaterra na final. O golo contra o Rangers FC foi especial por ser na minha estreia na Europa”.
Tormena – Qual foi o momento mais difícil da tua carreira?
“Penso que foi esta temporada. Nunca tinha tido nenhuma lesão e esta temporada já tive duas. Foi difícil, mas o importante é voltar da melhor forma. Tudo faz parte do percurso”.
Abel Ruiz – Na próxima época será que marcas mais golos do que o Paulinho?
“Procuro marcar o máximo de golos possível. Vou tentar ajudar a equipa da melhor maneira possível, com golos, assistências e passes. O Paulinho está a fazer muitos golos, vai ser difícil. Mas vou tentar marcar o máximo possível”.
Tormena – O que te levou a ser futebolista?
“Sempre tive esta paixão desde criança. Sempre tive ídolos como Ronaldo, Ronaldinho… Queria ser igual a eles. Ajudaram-me a ir em busca deste sonho”.
Abel Ruiz – Quem joga melhor FIFA: tu ou o Ricardo Horta?
“Ainda não joguei contra ele… Mas quero. Vi-o jogar contra o Santa Clara… Na semana seguinte ganhei ao Boavista FC. É um duelo interessante. Sei que joga muito e bem. Temos que nos encontrar”.
Tormena – Qual é a palavra mais difícil em Português de Portugal?
“O mais difícil é quando falam muito rápido. Não encontro uma palavra”.
Abel Ruiz – Qual era a figura pública que gostavas de conhecer?
“Não consigo dizer uma. Talvez gostasse de conhecer um jogador da NBA. Nunca tive essa oportunidade. Talvez Lebron James, Luka Doncic. Seria especial”.
Tormena – Como foi ganhar o primeiro título da tua carreira aqui no Braga?
“Foi um grande feito. Era um sonho. Fazê-lo aqui foi muito especial. Agora sabemos que ainda temos muito para conquistar”.
Abel Ruiz – Qual é o lugar mais bonito de Braga?
“O lugar que mais gosto é o estádio. É muito bonito. É mágico. Também gosto muito do Bom Jesus e do Sameiro”.
Tormena – Com quem te dás melhor no plantel?
“Dou-me muito bem com todos, mas talvez seja o Galeno. Já nos conhecíamos e é uma pessoa com quem interajo muito”.
Abel Ruiz – Como tem sido viver esta quarentena com companheiros de equipa?
“Como já disse, estive aqui com Trincão e David Carmo. Fizemos muitas coisas juntos, numa casa grande e com jardim. Jogamos futebol, basquetebol e cuidamos da nossa forma física”.
Tormena – Na escola, qual era a tua disciplina preferida?
“Educação física, sem dúvida. Não havia nenhuma que não gostasse, mas esta era a preferida”.
Abel Ruiz – O que é que te atraiu no SC Braga?
“Atraiu-me o interesse que tiveram por mim. Quando souberam que queria deixar o FC Barcelona, porque não estava a jogar muito. O presidente foi a Barcelona, conversámos e gostei muito do projeto. Gostei da cidade e de tudo o que envolve o clube”.
Tormena – Não passas um dia sem fazer o quê?
“Sem jogar videojogos. Está a ser o maior passatempo. Distrair a cabeça… Fora isso é treinar e manter a forma e a cabeça boa”.
Abel Ruiz – Quais as diferenças culturais entre Espanha e Portugal?
“A comida é um pouco diferente. Mas sempre me habituei a comer de tudo. Quem me vem visitar, nomeadamente a minha família, acaba por notar diferença nos sabores e na textura. Outra diferença é nas áreas verdes, onde Portugal tem mais do que Espanha. Tudo o resto acaba por ser parecido”.
Tormena – Normalmente, quem é o primeiro a chegar e o último a sair do balneário?
“O último a sair é o Abel, sem dúvida. Os primeiros são sempre o Matheus, Trincão… O Abel também chega cedo”.
Abel Ruiz – Já tens alguma comida portuguesa favorita?
“Gosto muito do bacalhau à brás. Provei e gostei muito. Em Espanha não existe”.
Tormena – Quem era o teu ídolo de infância?
“Apesar de não ser da minha posição, achava-o fenomenal. O Ronaldo. Teve uma carreira brilhante”.
Abel Ruiz – Quem é a tua inspiração no Braga?
“Mais do que inspirações tenho objetivos. Quero crescer neste clube, sou muito jovem. Como jogador e como homem. Quero desfrutar deste nível alto e deste país. É um sonho estar aqui e quero dar o máximo de mim por este clube”.
Tormena – Top 3 de melhores centrais do mundo?
“Sergio Ramos, Thiago Silva e o Marquinhos”.
Abel Ruiz – Qual é o estilo de música que mais ouves?
“Ouço de tudo e não tenho um estilo propriamente dito. As canções pop espanholas são as que ouço mais. Acabo por ouvir reggaeton. Mas a definir um estilo é o pop espanhol”.
Tormena – Como é que te sentes por ser o melhor defesa do Braga?
“Toda a equipa tem muita qualidade. Temos um dos melhores plantéis em Portugal. Todos os centrais são muito bons e diferentes. Jogue quem jogar, toda a gente demonstra qualidade”.
Abel Ruiz – Qual é o emoji que mais usas?
“Agora que estou longe da minha namorada acabo por usar mais o coração. Já que o carinho não pode ser demonstrado pelo tato, procuro fazê-lo através do telemóvel, enviando o máximo de corações possível (risos). Gosto de os mandar a todas as pessoas de quem gosto, porque o amor é muito importante na vida”.
Tormena – Achas que eras um bom guarda-redes?
“No rachão já mostrei o meu valor. Só não sou melhor que os guarda-redes, mas se precisarem já sabem que podem contar comigo”.
Abel Ruiz – Achas que o nosso Trincão vai ter sucesso no Barcelona?
“Acredito que as coisas lhe vão correr bem. Do que pude trabalhar com ele deu para perceber que é um jogador incrível, com uma qualidade impressionante. Acho que vai ser alguém importante em Barcelona. Espero que desfrute da cidade e do clube”.
Tormena – Define o Abel em 3 palavras.
“Pelo pouco tempo que tem de Braga e pela forma rápida como se adaptou… Três palavras seriam companheiro, trabalhador e determinado. Sabe onde quer chegar”.
Abel Ruiz – Quem gostarias de trazer do Barça B para o Braga?
“Riqui Puig. Joguei muito tempo com ele e é um jogador que talvez lhe fizesse bem sair do FC Barcelona. É muito bom jogador. Poderia desfrutar dos seus passes e assistências, bem como do seu companheirismo”.
Tormena – Achas que o Braga mudou a tua mentalidade?
“Acaba por mudar. O SC Braga é um dos maiores clubes do país. Chegas e vês a grandeza da equipa e dos adeptos. Um clube que luta por coisas grandes. Isso muda a tua mentalidade e torna-te mais competitivo”.
Abel Ruiz – Define o Tormena em 3 palavras.
“Agressivo, como um defesa central deve ser. Elegância, pela forma como sai a jogar. Amável. É uma pessoa feliz”
em:
www.scbraga.pt