Sp. Braga, FC Porto, Sporting e Benfica: todos de olhos postos em 2011
Carlos Nogueira
A fase a eliminar da Liga Europa começa nesta quinta-feira com a realização da primeira mão dos 16 avos de final. Uma competição que tem o grande atrativo de ter quatro equipas portuguesas envolvidas, algo que acontece pela segunda vez na história e precisamente com as mesmas equipas: Benfica, FC Porto, Sp. Braga e Sporting.
Foram estes quatro emblemas que em 2010-2011 protagonizaram uma Liga Europa inédita, que culminou com três equipas nas meias-finais e uma final completamente portuguesa, disputada em Dublin, com a vitória dos dragões sobre os bracarenses, por 1-0.
Nas meias-finais, o Benfica tinha caído aos pés do Sp. Braga, enquanto o Sporting foi afastado logo nos 16 avos, numa eliminatória com o Rangers, devido aos golos marcados fora pela equipa escocesa, que nesta quinta-feira recebe os bracarenses.
Tendo em conta o que aconteceu há nove anos, é um bom prenúncio o facto de voltarem a estar quatro equipas portuguesas na corrida à final do dia 27 de maio, na Arena Gdansk, na Polónia.
Para isso, é preciso ultrapassar os primeiros obstáculos que, diga-se, apresentam um alto grau de dificuldade, pois o Benfica e o FC Porto medem forças com equipas que caíram da Liga dos Campeões, respetivamente os ucranianos do Shakhtar e os alemães do Bayer Leverkusen, enquanto o Sp. Braga tem pela frente os escoceses do Rangers. Aparentemente, a tarefa menos complicada é a do Sporting que tem pela frente os turcos do Basaksehir.
Águias em queda enfrentam Shakhtar imprevisível
O Benfica joga no frio da Ucrânia naquele que será o momento mais delicado da época, afinal a equipa treinada por Bruno Lage vem de três jogos consecutivos sem vencer e, pior do que isso, viu esfumar-se uma confortável vantagem na liderança da I Liga de sete para um ponto, em apenas uma semana.
É neste contexto que os níveis de confiança dos encarnados vão ser testados em Kharkiv, casa emprestada do Shakhtar devido à guerra civil no leste do território ucraniano com especial incidência em Donetsk. O Benfica tem pela frente um adversário que está sem jogar uma partida oficial desde 14 de dezembro devido ao inverno, o que faz aumentar as dúvidas em torno da equipa treinada pelo português Luís Castro, que beneficia por ter um grande conhecimento dos encarnados.
Na prática, Bruno Lage deve questionar-se sobre qual será o maior peso desta pausa competitiva do adversário: será que as pernas frescas que os jogadores do Shakhtar vão apresentar farão a diferença? Ou será o maior ritmo competitivo dos encarnados a dar cartas nesta eliminatória?
O Shakhtar não mudou muito no mercado de janeiro, tendo apenas se registado o regresso ao clube do extremo brasileiro Fernando, que teve uma passagem fugaz e despercebida pelo Sporting. De resto, a equipa de Luís Castro deverá estar a preparar-se para fazer uma grande aposta na Liga Europa, uma vez que o título de campeão da Ucrânia já não lhe deve fugir, tendo em conta os 14 pontos de vantagem que tem sobre o Dínamo de Kiev.
Este confronto opõe duas equipas que caíram da Liga dos Campeões com alguns traumas. O Shakhtar viu-se relegado para a Liga Europa no último jogo, em casa, quando lhe bastava um empate para seguir em frente na prova, mas acabou por ser derrotado por 3-0 pela Atalanta, numa partida em que ficaram bem evidentes algumas fragilidades defensivas da equipa que, em teoria, o Benfica poderá explorar.
É precisamente na defesa que Luís Castro tem uma baixa, por castigo, no caso o defesa direito brasileiro Dodô, que na época passada esteve emprestado ao V. Guimarães e que tem sido uma das peças importantes no campeão ucraniano. Outra ausência é a do avançado israelita Mano Salomon, autor de dois golos na Liga dos Campeões.
Já o Benfica chega a Kharkiv sem Julian Weigl, que também está suspenso por ter completado uma série de cartões amarelos ao serviço do Borussia Dortmund, o que irá Bruno Lage mudar mais uma vez o meio-campo da equipa, sendo Florentino Luís e Samaris os candidatos a ocupar o lugar do alemão. Além disso, o técnico encarnado vê-se ainda privado de jogadores experientes e importantes na equipa como são os casos de André Almeida e Gabriel, ambos por lesão, a quem se junta ainda o capitão Jardel.
Esta será a segunda vez que o Benfica visita o Shakhtar para as provas da UEFA, sendo que a estreia foi de boa memória para os encarnados que a 4 de dezembro de 2007 foram a Donetsk vencer por 2-1, com dois golos do paraguaio Oscar Cardozo, em jogo da última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões. Isto depois de, na Luz, os ucranianos terem vencido por 1-0.
Dragões em alta frente a alemães de pontaria afinada
Ao contrário do Benfica, o FC Porto apresenta-se em Leverkusen naquele que será o momento mais importante da época, com quatro vitórias consecutivas no campeonato que lhe permitiram relançar a candidatura ao título, uma vez que a liderança está agora a apenas um ponto. A confiança está por isso em alta entre os dragões, que vão encontrar um Bayer também num momento positivos, afinal nos últimos sete jogos, venceu seis, perdeu apenas um na visita ao Hoffenheim, sendo que apresentou uma grande produtividade ofensiva com 18 golos marcados, embora tenha também se mostrado uma equipa algo permeável, com nove golos sofridos nessas partidas.
O Bayer Leverkusen ocupa neste momento o quinto lugar da Bundesliga, com 40 pontos, a apenas seis do líder Bayern Munique. Orientado pelo holandês Peter Bosz, os farmacêuticos reforçaram-se com dois jogadores no mercado de inverno, sendo um deles bem conhecido dos portugueses, trata-se do defesa central Tapsoba contratado ao V. Guimarães por 18 milhões de euros e que já mereceu os mais rasgados elogios por parte do seu treinador. Outra das aquisições foi o médio argentino Exequiel Palacios, de 21 anos, que foi contratado ao River Plate por 17 milhões de euros, mas que ainda não conseguiu conquistar o seu espaço na equipa.
O FC Porto vai enfrentar uma equipa que caiu da Liga dos Campeões, num grupo onde estava a Juventus e o Atlético de Madrid, e que joga habitualmente com um sistema de três defesas, quatro médios e três avançados, no qual se destacam os defesas Jonathan Tah e Sven Bender, os médios Lars Bender e Kai Havertz, e os avançados Kevin Volland, Bellarabi e Moussa Diaby, que não joga esta primeira mão por se encontrar a cumprir castigo. Peter Bosz não pode contar também com o médio austríaco Baumgartlinger, estando em dúvida o defesa esquerdo holandês Sinkgraven.
Do lado dos dragões, a boa notícia é o regresso de Danilo Pereira aos convocados, embora Pepe ainda não faça parte das contas do treinador Sérgio Conceição por continuar a recuperar de lesão. De fora vai estar também o brasileiro Otávio, que vai cumprir um jogo de castigo. Um dos trunfos do técnico portista é o avançado Marega, que vai voltar aos relvados depois de ter abandonado o jogo com o V. Guimarães devido aos insultos racistas de que foi alvo.
Refira-se que esta será a primeira vez que estas equipas se vão defrontar para as provas da UEFA, mas há que ter em atenção que nos 18 anteriores jogos que disputou na Alemanha, o FC Porto venceu por três vezes (Werder Bremen, Hertha Berlim e Hamburgo) e empatou cinco.
A estreia de Rúben Amorim no inferno de Ibrox
Será no mítico e infernal Ibrox Park, em Glasgow, que Rúben Amorim irá fazer a sua estreia como treinador. O Sporting de Braga terá pela frente um Rangers numa altura em que tudo corre às mil maravilhas, afinal desde a chegada do novo treinador contabiliza oito vitórias em nove jogos e, no último sábado, atingiu o pleno de triunfos com os grandes do futebol português. É que, depois de vencer por duas vezes FC Porto e Sporting, foi vencer a casa do Benfica, algo que não acontecia há 65 anos.
O segundo classificado da Liga escocesa, com dez pontos e um jogo de atraso em relação ao Celtic, está numa fase intermitente, pois nas últimas seis jornadas perdeu oito pontos (duas derrotas e um empate) e atrasou-se na corrida pelo título, isto numa temporada em que parecia estar embalado para discutir o primeiro lugar até ao final com o grande rival.
Os bracarenses chegam a esta fase da Liga Europa ainda sem qualquer derrota, tendo por isso vencido o grupo K, à frente do Wolverhampton, enquanto o Rangers sofreu apenas uma derrota na fase de grupos (na Suíça com o Young Boys) e conseguiu o apuramento em segundo lugar, atrás do FC Porto, conseguido arrancar um empate (1-1) no Dragão e uma vitória (2-0) em casa com a equipa de Sérgio Conceição.
O Rangers, histórico do futebol escocês, é treinado por Steven Gerrard, antigo capitão do Liverpool, que neste mercado de inverno recebeu dois jogadores por empréstimo, o médio ofensivo romeno Ianis Hagi (Genk) e o avançado albanês Florian Kamberi (Hibernian), jogadores que ainda estão à procura do seu espaço na equipa.
Para este jogo com o Sp. Braga, o Rangers não vai no entanto poder contar com Ryan Jack, médio que tem de cumprir castigo, e ainda com os lesionados Filip Helander (defesa) e o veterano avançado Jermain Defoe, enquanto o defesa croata Borna Barisic deverá recuperar a tempo de ser utilizado por Gerrard. Do lado dos bracarenses, Rúben Amorim tem a equipa na máxima força e com a motivação em alta devido aos grandes resultados que tem alcançado a nível interno, que já lhe valeram a conquista da Taça da Liga.
Este será o primeiro confronto entre as duas equipas, sendo que o Sp. Braga vai tentar vencer pela primeira vez na Escócia, pois nas duas vezes que ali jogou foi derrotado, com o Hearts e o Celtic. Por sua vez, o Rangers nunca perdeu em casa frente a adversários portugueses, somando seis vitórias e dois empates (ambos com o Sporting).
Teste europeu ao leão sem Bruno Fernandes
O Sporting é a única equipa portuguesa a jogar em casa nesta primeira mão dos 16 avos de final da Liga Europa. O adversário é o quase desconhecido Istambul Basaksehir, clube fundado em 1990 que participa pela segunda vez nesta competição da UEFA e que na liga turca ocupa o segundo lugar a um ponto do líder Trabzonspor.
Jorge Silas já avisou que o seu Sporting tem sido muito forte em casa na Liga Europa, uma vez que venceu os três jogos em Alvalade, com LASK Linz, PSV Eindhoven e Rosenborg na fase de grupos. Só que os leões estão numa fase de grande instabilidade interna, que se tem refletido nos resultados, que colocam a equipa no quarto lugar da I Liga e com a ameaça de atingir o recorde de 15 derrotas numa só temporada, alcançado nas épocas 2000-2001 e 2012-2013. Neste momento, o Sporting contabiliza treze derrotas em todas as competições, duas delas na Liga Europa, onde irá agora jogar uma cartada importante.
O problema do Sporting é que perdeu Bruno Fernandes, o seu melhor jogador, para o Manchester United, e não vai poder contar com Mathieu, o patrão da defesa, que recupera de lesão. Já o treinador dos turcos, Okan Buruk, não pode contar com o experiente médio Mehmet Topal, que vai cumprir castigo.
O Basaksehir chega a Alvalade motivado por uma importante vitória frente ao Besiktas, por 1-0, que lhe permitiu ultrapassar o Sivasspor e instalar-se no segundo lugar. No entanto, a equipa de Istambul vem de uma série de três jogos (dois empates e uma derrota) sem vencer fora, o que poderá ser um bom sinal para o Sporting aproveitar.
No entanto, é bom que os leões estejam desconfiados desta equipa turca, que venceu o grupo J da Liga Europa, à frente da Roma de Paulo Fonseca, e do Borussia Mönchengladbach, equipa alemã que foi eliminada da prova por ter perdido (1-2) em casa na última jornada frente a este Basaksehir, que conta com vários estrangeiros no seu plantel, alguns deles com nome feito, como são os casos do eslovaco Martin Skrtel, os franceses Gael Clichy e Enzo Crivelli (melhor marcador da equipa), o senegalês Demba Ba, o holandês Eljero Elia ou o brasileiro Robinho. Restam ainda dois jogadores que atuaram em Portugal: Júnior Caiçara no Gil Vicente e Carlos Ponck, que alinhou no Benfica B, Desp. Chaves, Paços de Ferreira, e Desp. Aves, entre outros.
Esta é a segunda vez que o Basaksehir visita Portugal, tendo em 2017 sido derrotado (1-2) pelo Sp. Braga na fase de grupos da Liga Europa, enquanto em Istambul o triunfo foi dos turcos pelo mesmo resultado. Por sua vez, o Sporting recebe pela quarta vez uma equipa turca em Alvalade, tendo vencido o Kocaelispor (2-0) e o Besiktas (3-1), mas perdeu de forma surpreendente com o Gençlerbirligi (0-3) em 2003, um aviso para a equipa de Jorge Silas.
Pedro Martins enfrenta Arsenal
Há ainda três treinadores portugueses que entram em campo para lutar por um lugar nos oitavos-de-final da Liga Europa. Aqui o maior grau de dificuldade é para Pedro Martins, que recebe a visita do Arsenal, numa altura em que luta palmo a palmo com o PAOK Salónica, de Abel Ferreira, pelo título de campeão grego. Os ingleses, que desde janeiro contam com Cédric Soares, olham para a Liga Europa como uma oportunidade de salvar a época, até porque, se a conquistar, garante um lugar na próxima edição da Liga dos Campeões, algo que está complicado através da Premier League.
Por sua vez, o Wolverhampton de Nuno Espírito Santo tem pela frente o Espanyol, clube com tradição mas que luta pela manutenção na Liga espanhola, razão pela qual a equipa mais portuguesa de Inglaterra tem aqui a possibilidade de impor a sua teórica superioridade.
Já a AS Roma de Paulo Fonseca terá, aparentemente, a tarefa mais facilitada, pois recebe os belgas do Gent. Trata-se de uma boa oportunidade de dar a volta à crise por que passam os romanos, que nos últimos cinco jogos perderam quatro e empataram um. Mas atenção a este Gent, segundo classificado da Liga belga e que ainda não perdeu na Liga Europa, tendo na fase de grupos ficado à frente de Wolfsburgo, Saint-Étienne e Oleksandriya.
Eis a lista completa dos jogos da primeira mão dos 16 avos de final da Liga Europa
17.55:
Cluj-Sevilha
Sporting-Basaksehir
FC Copenhaga-Celtic
Eintracht Frankfurt-RB Salzburgo
Getafe-Ajax
Ludogorets-Inter Milão
Club Brugge-Manchester United
Shakhtar Donetsk-Benfica
20.00:
AS Roma-Gent
Wolfsburgo-Malmö
Wolverhampton-Espanyol
Rangers-Sp. Braga
Olympiacos-Arsenal
APOEL Nicósia-Basileia
Bayer Leverkusen-FC Porto
AZ Alkmaar-LASK Linz
em: https://www.dn.pt/edicao-do-dia/20-fev-2020/benfica-sporting-fc-porto-e-sp-braga-todos-de-olhos-postos-em-2011-11839432.html
Carlos Nogueira
A fase a eliminar da Liga Europa começa nesta quinta-feira com a realização da primeira mão dos 16 avos de final. Uma competição que tem o grande atrativo de ter quatro equipas portuguesas envolvidas, algo que acontece pela segunda vez na história e precisamente com as mesmas equipas: Benfica, FC Porto, Sp. Braga e Sporting.
Foram estes quatro emblemas que em 2010-2011 protagonizaram uma Liga Europa inédita, que culminou com três equipas nas meias-finais e uma final completamente portuguesa, disputada em Dublin, com a vitória dos dragões sobre os bracarenses, por 1-0.
Nas meias-finais, o Benfica tinha caído aos pés do Sp. Braga, enquanto o Sporting foi afastado logo nos 16 avos, numa eliminatória com o Rangers, devido aos golos marcados fora pela equipa escocesa, que nesta quinta-feira recebe os bracarenses.
Tendo em conta o que aconteceu há nove anos, é um bom prenúncio o facto de voltarem a estar quatro equipas portuguesas na corrida à final do dia 27 de maio, na Arena Gdansk, na Polónia.
Para isso, é preciso ultrapassar os primeiros obstáculos que, diga-se, apresentam um alto grau de dificuldade, pois o Benfica e o FC Porto medem forças com equipas que caíram da Liga dos Campeões, respetivamente os ucranianos do Shakhtar e os alemães do Bayer Leverkusen, enquanto o Sp. Braga tem pela frente os escoceses do Rangers. Aparentemente, a tarefa menos complicada é a do Sporting que tem pela frente os turcos do Basaksehir.
Águias em queda enfrentam Shakhtar imprevisível
O Benfica joga no frio da Ucrânia naquele que será o momento mais delicado da época, afinal a equipa treinada por Bruno Lage vem de três jogos consecutivos sem vencer e, pior do que isso, viu esfumar-se uma confortável vantagem na liderança da I Liga de sete para um ponto, em apenas uma semana.
É neste contexto que os níveis de confiança dos encarnados vão ser testados em Kharkiv, casa emprestada do Shakhtar devido à guerra civil no leste do território ucraniano com especial incidência em Donetsk. O Benfica tem pela frente um adversário que está sem jogar uma partida oficial desde 14 de dezembro devido ao inverno, o que faz aumentar as dúvidas em torno da equipa treinada pelo português Luís Castro, que beneficia por ter um grande conhecimento dos encarnados.
Na prática, Bruno Lage deve questionar-se sobre qual será o maior peso desta pausa competitiva do adversário: será que as pernas frescas que os jogadores do Shakhtar vão apresentar farão a diferença? Ou será o maior ritmo competitivo dos encarnados a dar cartas nesta eliminatória?
O Shakhtar não mudou muito no mercado de janeiro, tendo apenas se registado o regresso ao clube do extremo brasileiro Fernando, que teve uma passagem fugaz e despercebida pelo Sporting. De resto, a equipa de Luís Castro deverá estar a preparar-se para fazer uma grande aposta na Liga Europa, uma vez que o título de campeão da Ucrânia já não lhe deve fugir, tendo em conta os 14 pontos de vantagem que tem sobre o Dínamo de Kiev.
Este confronto opõe duas equipas que caíram da Liga dos Campeões com alguns traumas. O Shakhtar viu-se relegado para a Liga Europa no último jogo, em casa, quando lhe bastava um empate para seguir em frente na prova, mas acabou por ser derrotado por 3-0 pela Atalanta, numa partida em que ficaram bem evidentes algumas fragilidades defensivas da equipa que, em teoria, o Benfica poderá explorar.
É precisamente na defesa que Luís Castro tem uma baixa, por castigo, no caso o defesa direito brasileiro Dodô, que na época passada esteve emprestado ao V. Guimarães e que tem sido uma das peças importantes no campeão ucraniano. Outra ausência é a do avançado israelita Mano Salomon, autor de dois golos na Liga dos Campeões.
Já o Benfica chega a Kharkiv sem Julian Weigl, que também está suspenso por ter completado uma série de cartões amarelos ao serviço do Borussia Dortmund, o que irá Bruno Lage mudar mais uma vez o meio-campo da equipa, sendo Florentino Luís e Samaris os candidatos a ocupar o lugar do alemão. Além disso, o técnico encarnado vê-se ainda privado de jogadores experientes e importantes na equipa como são os casos de André Almeida e Gabriel, ambos por lesão, a quem se junta ainda o capitão Jardel.
Esta será a segunda vez que o Benfica visita o Shakhtar para as provas da UEFA, sendo que a estreia foi de boa memória para os encarnados que a 4 de dezembro de 2007 foram a Donetsk vencer por 2-1, com dois golos do paraguaio Oscar Cardozo, em jogo da última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões. Isto depois de, na Luz, os ucranianos terem vencido por 1-0.
Dragões em alta frente a alemães de pontaria afinada
Ao contrário do Benfica, o FC Porto apresenta-se em Leverkusen naquele que será o momento mais importante da época, com quatro vitórias consecutivas no campeonato que lhe permitiram relançar a candidatura ao título, uma vez que a liderança está agora a apenas um ponto. A confiança está por isso em alta entre os dragões, que vão encontrar um Bayer também num momento positivos, afinal nos últimos sete jogos, venceu seis, perdeu apenas um na visita ao Hoffenheim, sendo que apresentou uma grande produtividade ofensiva com 18 golos marcados, embora tenha também se mostrado uma equipa algo permeável, com nove golos sofridos nessas partidas.
O Bayer Leverkusen ocupa neste momento o quinto lugar da Bundesliga, com 40 pontos, a apenas seis do líder Bayern Munique. Orientado pelo holandês Peter Bosz, os farmacêuticos reforçaram-se com dois jogadores no mercado de inverno, sendo um deles bem conhecido dos portugueses, trata-se do defesa central Tapsoba contratado ao V. Guimarães por 18 milhões de euros e que já mereceu os mais rasgados elogios por parte do seu treinador. Outra das aquisições foi o médio argentino Exequiel Palacios, de 21 anos, que foi contratado ao River Plate por 17 milhões de euros, mas que ainda não conseguiu conquistar o seu espaço na equipa.
O FC Porto vai enfrentar uma equipa que caiu da Liga dos Campeões, num grupo onde estava a Juventus e o Atlético de Madrid, e que joga habitualmente com um sistema de três defesas, quatro médios e três avançados, no qual se destacam os defesas Jonathan Tah e Sven Bender, os médios Lars Bender e Kai Havertz, e os avançados Kevin Volland, Bellarabi e Moussa Diaby, que não joga esta primeira mão por se encontrar a cumprir castigo. Peter Bosz não pode contar também com o médio austríaco Baumgartlinger, estando em dúvida o defesa esquerdo holandês Sinkgraven.
Do lado dos dragões, a boa notícia é o regresso de Danilo Pereira aos convocados, embora Pepe ainda não faça parte das contas do treinador Sérgio Conceição por continuar a recuperar de lesão. De fora vai estar também o brasileiro Otávio, que vai cumprir um jogo de castigo. Um dos trunfos do técnico portista é o avançado Marega, que vai voltar aos relvados depois de ter abandonado o jogo com o V. Guimarães devido aos insultos racistas de que foi alvo.
Refira-se que esta será a primeira vez que estas equipas se vão defrontar para as provas da UEFA, mas há que ter em atenção que nos 18 anteriores jogos que disputou na Alemanha, o FC Porto venceu por três vezes (Werder Bremen, Hertha Berlim e Hamburgo) e empatou cinco.
A estreia de Rúben Amorim no inferno de Ibrox
Será no mítico e infernal Ibrox Park, em Glasgow, que Rúben Amorim irá fazer a sua estreia como treinador. O Sporting de Braga terá pela frente um Rangers numa altura em que tudo corre às mil maravilhas, afinal desde a chegada do novo treinador contabiliza oito vitórias em nove jogos e, no último sábado, atingiu o pleno de triunfos com os grandes do futebol português. É que, depois de vencer por duas vezes FC Porto e Sporting, foi vencer a casa do Benfica, algo que não acontecia há 65 anos.
O segundo classificado da Liga escocesa, com dez pontos e um jogo de atraso em relação ao Celtic, está numa fase intermitente, pois nas últimas seis jornadas perdeu oito pontos (duas derrotas e um empate) e atrasou-se na corrida pelo título, isto numa temporada em que parecia estar embalado para discutir o primeiro lugar até ao final com o grande rival.
Os bracarenses chegam a esta fase da Liga Europa ainda sem qualquer derrota, tendo por isso vencido o grupo K, à frente do Wolverhampton, enquanto o Rangers sofreu apenas uma derrota na fase de grupos (na Suíça com o Young Boys) e conseguiu o apuramento em segundo lugar, atrás do FC Porto, conseguido arrancar um empate (1-1) no Dragão e uma vitória (2-0) em casa com a equipa de Sérgio Conceição.
O Rangers, histórico do futebol escocês, é treinado por Steven Gerrard, antigo capitão do Liverpool, que neste mercado de inverno recebeu dois jogadores por empréstimo, o médio ofensivo romeno Ianis Hagi (Genk) e o avançado albanês Florian Kamberi (Hibernian), jogadores que ainda estão à procura do seu espaço na equipa.
Para este jogo com o Sp. Braga, o Rangers não vai no entanto poder contar com Ryan Jack, médio que tem de cumprir castigo, e ainda com os lesionados Filip Helander (defesa) e o veterano avançado Jermain Defoe, enquanto o defesa croata Borna Barisic deverá recuperar a tempo de ser utilizado por Gerrard. Do lado dos bracarenses, Rúben Amorim tem a equipa na máxima força e com a motivação em alta devido aos grandes resultados que tem alcançado a nível interno, que já lhe valeram a conquista da Taça da Liga.
Este será o primeiro confronto entre as duas equipas, sendo que o Sp. Braga vai tentar vencer pela primeira vez na Escócia, pois nas duas vezes que ali jogou foi derrotado, com o Hearts e o Celtic. Por sua vez, o Rangers nunca perdeu em casa frente a adversários portugueses, somando seis vitórias e dois empates (ambos com o Sporting).
Teste europeu ao leão sem Bruno Fernandes
O Sporting é a única equipa portuguesa a jogar em casa nesta primeira mão dos 16 avos de final da Liga Europa. O adversário é o quase desconhecido Istambul Basaksehir, clube fundado em 1990 que participa pela segunda vez nesta competição da UEFA e que na liga turca ocupa o segundo lugar a um ponto do líder Trabzonspor.
Jorge Silas já avisou que o seu Sporting tem sido muito forte em casa na Liga Europa, uma vez que venceu os três jogos em Alvalade, com LASK Linz, PSV Eindhoven e Rosenborg na fase de grupos. Só que os leões estão numa fase de grande instabilidade interna, que se tem refletido nos resultados, que colocam a equipa no quarto lugar da I Liga e com a ameaça de atingir o recorde de 15 derrotas numa só temporada, alcançado nas épocas 2000-2001 e 2012-2013. Neste momento, o Sporting contabiliza treze derrotas em todas as competições, duas delas na Liga Europa, onde irá agora jogar uma cartada importante.
O problema do Sporting é que perdeu Bruno Fernandes, o seu melhor jogador, para o Manchester United, e não vai poder contar com Mathieu, o patrão da defesa, que recupera de lesão. Já o treinador dos turcos, Okan Buruk, não pode contar com o experiente médio Mehmet Topal, que vai cumprir castigo.
O Basaksehir chega a Alvalade motivado por uma importante vitória frente ao Besiktas, por 1-0, que lhe permitiu ultrapassar o Sivasspor e instalar-se no segundo lugar. No entanto, a equipa de Istambul vem de uma série de três jogos (dois empates e uma derrota) sem vencer fora, o que poderá ser um bom sinal para o Sporting aproveitar.
No entanto, é bom que os leões estejam desconfiados desta equipa turca, que venceu o grupo J da Liga Europa, à frente da Roma de Paulo Fonseca, e do Borussia Mönchengladbach, equipa alemã que foi eliminada da prova por ter perdido (1-2) em casa na última jornada frente a este Basaksehir, que conta com vários estrangeiros no seu plantel, alguns deles com nome feito, como são os casos do eslovaco Martin Skrtel, os franceses Gael Clichy e Enzo Crivelli (melhor marcador da equipa), o senegalês Demba Ba, o holandês Eljero Elia ou o brasileiro Robinho. Restam ainda dois jogadores que atuaram em Portugal: Júnior Caiçara no Gil Vicente e Carlos Ponck, que alinhou no Benfica B, Desp. Chaves, Paços de Ferreira, e Desp. Aves, entre outros.
Esta é a segunda vez que o Basaksehir visita Portugal, tendo em 2017 sido derrotado (1-2) pelo Sp. Braga na fase de grupos da Liga Europa, enquanto em Istambul o triunfo foi dos turcos pelo mesmo resultado. Por sua vez, o Sporting recebe pela quarta vez uma equipa turca em Alvalade, tendo vencido o Kocaelispor (2-0) e o Besiktas (3-1), mas perdeu de forma surpreendente com o Gençlerbirligi (0-3) em 2003, um aviso para a equipa de Jorge Silas.
Pedro Martins enfrenta Arsenal
Há ainda três treinadores portugueses que entram em campo para lutar por um lugar nos oitavos-de-final da Liga Europa. Aqui o maior grau de dificuldade é para Pedro Martins, que recebe a visita do Arsenal, numa altura em que luta palmo a palmo com o PAOK Salónica, de Abel Ferreira, pelo título de campeão grego. Os ingleses, que desde janeiro contam com Cédric Soares, olham para a Liga Europa como uma oportunidade de salvar a época, até porque, se a conquistar, garante um lugar na próxima edição da Liga dos Campeões, algo que está complicado através da Premier League.
Por sua vez, o Wolverhampton de Nuno Espírito Santo tem pela frente o Espanyol, clube com tradição mas que luta pela manutenção na Liga espanhola, razão pela qual a equipa mais portuguesa de Inglaterra tem aqui a possibilidade de impor a sua teórica superioridade.
Já a AS Roma de Paulo Fonseca terá, aparentemente, a tarefa mais facilitada, pois recebe os belgas do Gent. Trata-se de uma boa oportunidade de dar a volta à crise por que passam os romanos, que nos últimos cinco jogos perderam quatro e empataram um. Mas atenção a este Gent, segundo classificado da Liga belga e que ainda não perdeu na Liga Europa, tendo na fase de grupos ficado à frente de Wolfsburgo, Saint-Étienne e Oleksandriya.
Eis a lista completa dos jogos da primeira mão dos 16 avos de final da Liga Europa
17.55:
Cluj-Sevilha
Sporting-Basaksehir
FC Copenhaga-Celtic
Eintracht Frankfurt-RB Salzburgo
Getafe-Ajax
Ludogorets-Inter Milão
Club Brugge-Manchester United
Shakhtar Donetsk-Benfica
20.00:
AS Roma-Gent
Wolfsburgo-Malmö
Wolverhampton-Espanyol
Rangers-Sp. Braga
Olympiacos-Arsenal
APOEL Nicósia-Basileia
Bayer Leverkusen-FC Porto
AZ Alkmaar-LASK Linz
em: https://www.dn.pt/edicao-do-dia/20-fev-2020/benfica-sporting-fc-porto-e-sp-braga-todos-de-olhos-postos-em-2011-11839432.html