Pessoalmente, não sou contra a Taça da Liga, mesmo tendo sido tão mal tratada desde a sua génese. Sou mais contra haver um campeonato de 18 equipas onde só descem duas. Isto sim, um verdadeiro atentado à competitividade do futebol português e que só ocupa o calendário com jogos tão desinteressantes como desnecessários.
Concordo plenamente.
Isto sim, deveria ser analisado. É uma verdadeira estupidez num campeonato com 18 equipas só descerem duas, faz com que as equipas que estão a meio da tabela cheguem a 5 jornadas do fim sem querer qualquer pressão de conseguir resultados, parecendo que nao, este regulamento acaba até por desvirtuar a seriedade da competição nestes jogos.
A taça da liga teria muito mais interesse, se o vencedor tivesse acesso às eliminatórias da Liga Europa, tal como em Inglaterra ou França.
Mas aqui em Portugal seria algo difícil de fazer, porque se adotassem este método, a nível de campeonato, só até ao terceiro lugar é que daria acesso às competições europeias.
Pois só colocamos 5 equipas nas competições europeias, se passarmos de vez a Rússia, passaremos a colocar 6 e aí já faria mais sentido adotar essa ideia, tal e qual como na França.
Mais importante do que isto, é meter 3 equipas a descer ou pelo menos meter o antepenúltimo a jogar play off com o terceiro classificado da segunda liga.
O mesmo acontece na segunda liga, chegam a Fevereiro/Março e já andam equipas a fazer frete, porque já não descem nem sobem.
Aliás, sou apologista de subirem 2 diretos e depois haver play offs do terceiro ao sexto classificado, para causar alguma motivação as equipas do meio da tabela, porque chegar ao segundo é impossível mas chegar ao sexto (último lugar do play off) já não é, aumentaria e muito a competividade.
Mas também não me parece que haja condições nem que as próprias equipas queiram, há muitas equipas da segunda liga que não querem subir mesmo que eu lhes dessem isso de mão beijada.
Há aqui várias questões sendo a maior parte baseadas no "eu acho". E a opinião pessoal é isso mesmo, vincula a pessoa. O problema é quando se diz uma coisa que é contrariada pelos factos. Outra é uma pessoa ter uma percepção mas não corresponder à realidade.
Disto isto vou só referir alguns comentários.
-Eu sou contra atribuir um lugar europeu a esta taça (sou até contra a competição). É uma opinião pessoal. No entanto até acho que o efeito seria nulo para o prestígio da mesma. Dos vencedores até agora só V. Setúbal e Moreirense não se apuraram para a Europa. Mas o Moreirense até se apurou este ano via campeonato e não foi (falta de pré-inscrição). O Aves, vencedor da Taça, falhou pelo mesmo motivo. Não é o facto de atribuir um lugar europeu que vai fazer com que uma equipa invista mais ou menos na Taça da Liga. As equipas têm recursos limitados para poderem ir a todas e apostam no que é mais importante ou urgente. Acredito que o formato prejudique mais do que o prémio.
-No seguimento do texto anterior surge o exemplo Inglês e Francês. Em França o destino da Taça da Liga é...a extinção. Esta é a última edição. Portanto em toda a UEFA ficarão apenas 2 federações (em 50 e tal?) a terem esta competição.
-O campeonato tinha 18 equipas a descerem 3. E não estava competitivo por isso decidiu baixar-se para 16 (quando os estudos de viabilidade apontavam para 10/12 equipas) com 2 descidas. Ou seja, está mal mas o remédio é demasiado forte, vamos tomar só um cheirinho. Com isto abriu-se espaço no campeonato de 4 fins de semana e para isso surge a Taça da Liga, para ocupar esse espaço (lembro-me do argumento dos presidentes a dizer que pagavam o mesmo e tinham menos 4 jogos de receita).
Depois alguém ganhou as eleições prometendo alargamento e voltamos a ter 18 equipas (e foi uma sorte não passar a 20), mas alterou-se o número de descidas para 2. Porque o tal estudo (o que dava jeito para umas coisas e não dava para outro), dizia que quanto maior for o número de equipas a descer maior é a instabilidade/incerteza, e por isso haverá maior pressão para as equipas jogarem para o pontinho. Com menos descidas, uma derrota seria menos penalizadora para o futuro e portanto poderia fazer com que as equipas apostassem em jogos mais abertos.
Voltando ao alargamento. A taça da liga foi criada para ocupar o vazio pelo emagrecimento de 18 para 16 equipas. Voltamos a 18 equipas e a Taça da Liga continua quando a principal razão para a sua criação desapareceu. Ou seja a Taça da Liga sobrecarregou ainda mais o calendário.
-É dito também que a 5 jornadas do fim as equipas a meio da tabela já estão sem objectivos. Fui ver as últimas 5 edições à jornada 30, e sim, as equipas acima do 12º lugar (por vezes 13º) já estavam com uma distância muito confortável para a despromoção, e também já algo longe do 5º/6º lugar. Mas a diferença entre 16º e 17º foi em geral 2 pontos. Ou seja, na prática, descerem 2 ou 3 equipas não iria colocar mais equipas na luta pela despromoção. Ia só apertar mais com as equipas que já estavam nessa luta.
Na realidade temos um país que demografica e economicamente é muito menor do que talvez 20 países da Europa e no entanto temos um campeonato à país grande.
Países como a Bélgica, Suiça, Aústria ou Rep. Checa, com melhores condições, com uma economia mais forte, têm Ligas com menos clubes. Só a Holanda tem 18 equipas, e surge como muito forte a hipótese de juntar com a Bélgica.
A nossa liga tem perdido competitividade a olhos vistos, o fosso é cada vez maior. Mas na UEFA, contrariamente ao espectável, os clubes portugueses safaram-se bem. FC Porto e Benfica conseguiram prestações europeias muito acima do que seria espectável, e um clube da dimensão do Braga chegar à final da LE (depois da campanha que fez na LC) é um feito extraordinário. Mas nos últimos 3 anos, com clubes intervencionados pela UEFA, ou a venderem para pagarem dívidas e a receberem euromendes, Portugal começa a ter as prestações "normais"-apenas um clube na LC e apesar do grupo fácil, está com dificuldades, os restantes na LE e longe de estarem muito confortáveis.
Ultrapassamos a Rússia. Sim, o 5º e o 6º costuma ser um iô-iô porque faz grande diferença entre dividir por 5 ou por 6, e também porque a Rússia tem desinvestido no futebol principalmente pós mundial. As prestações russas têm sido medianas.
Para ver qual o número de clubes que a Liga Portuguesa deveria ter, bastava retirar aqueles que têm dívidas e os que sem empréstimos não conseguiriam montar uma equipa. Se calhar teríamos as tais 10/12 equipas (porque não disponho de dados para tal).
Além disto, cometeram-se erros tremendos na 2ª liga (chegaram a ser 24 equipas, e tanto foi erro que lá reduziram), que é uma liga quase sem público, e tínhamos uma 2ª divisão B muito competitiva (com 3 zonas), para se passar para um campeonato com 8 séries, em que tinhas 2 equipas fortes por série, e as restantes metidas ao barulho da despromoção. Entretanto reduziram e já vão apenas em 4 séries e entretanto as equipas do CP estão mais competitivas (vê-se que já têm tanta dificuldade em manter-se na II Liga e as que descem da II liga têm muita dificuldade para subir, mesmo na Taça de Portugal se conseguem ver equipas com qualidade para o nível que estão).
Enquanto não houver coragem para tomar as medidas necessárias (calendário, nº equipas, nº de jogadores por equipa, empréstimos, dívidas a jogadores) vamos continuar a perder competitividade, a perder espectadores e a perder valor. Não houvesse outros interesses, como seria possível as operadoras pagarem o que pagam aos 3 metralhas? Como seria possível a Sportv continuar de portas abertas?
É que aos dirigentes importa o imediato o curto prazo. Ao contrário do que é dito, os dirigentes querem subir mesmo que não tenham condições. Por isso é que Trofense, união da madeira, Arouca, subiram para depois caírem ao abismo. Por isso há tantos clubes a entregarem o controlo a investidores, tudo com promessas de sucesso a curto prazo.