“Vou ver o Braga campeão”
MOSSORÓ CONFIANÇA O brasileiro do Istambul Basaksehir é rival esta quinta-feira, mas um fervoroso adepto durante todo o ano. Como adepto, alinha o discurso com o de António Salvador
“O Braga tem jogadores jovens e isso é importante, pois podem fazer muito mais”
Márcio Mossoró
Jogador do Basaksehir e ex-Braga
Esteve no jogo na Luz em que Jesus disse que lutar contra os grandes só na PlayStation e ouviu o presidente replicar o discurso este ano, em Alvalade. Concorda com os dois, mas não se rende
Com o Braga já apurado para os 16 avos de final da Liga Europa, a viagem à Turquia perde parte da emoção. Mas não para o Basaksehir, que ainda joga o apuramento e muito menos para Mossoró, que volta a defrontar o clube de quem se diz adepto. Foram cinco anos em Braga a lutar por um título que nunca chegou ... Continua a acompanhar o campeonato português ou só há tempo para o turco?
—Sim, acompanho sempre. Além de ser adepto do Braga, gosto muito do futebol português. Estive em Portugal seis anos. Este ano, o FC Porto está muito forte e tem mostrado essa força nos jogos. Está a ser um bom ano para os três grandes, mais o Braga, que também já é um grande. Está a ser um campeonato muito bem disputado. Tem sido assim nos últimos anos.
O FC Porto é, no seu entender, o favorito a ser campeão?
—Não tenho dúvidas. Se eles continuarem desta forma... Não trabalhei com o Sérgio Conceição, mas dá para ver a ambição que ele passa para os jogadores, aquela vontade de ganhar, a raça... E o FC Porto tem mostrado isso.
Tem sofrido poucos golos e mostrado que é uma equipa mesmo muito forte, não só no campeonato, mas também na Liga dos Campeões. E o Braga?
Como é que assiste ao percurso ascendente da equipa?
—Cresceram muito nas últimas semanas. E estão a crescer porque têm muitos jogadores de qualidade, com um grande potencial. Vi que o António Salvador disse que era o melhor Braga dos últimos anos. Na altura disse que eles ainda tinham de conquistar muito, mas a verdade é que estão bem. Têm jogadores jovens, e isso é muito importante, podem fazer muito mais do que têm feito até agora. Estou a torcer para que isso aconteça. Ainda o Mossoró jogava no Braga quando o Jorge Jesus disse que lutar com os grandes só na PlayStation.
Em Alvalade, Salvador também disse que é quase impossível... É mesmo?
— O investimento das equipas grandes é muito alto e depois há as influências... Não vou dizer que os árbitros são mal-intencionados, mas no jogo do Braga com o Benfica, na Luz, que perdeu por 3-1, houve um golo anulado que não estava em fora de jogo.
Mais recentemente, em Alvalade, aconteceu o mesmo. Assim é complicado, não é? Mas encontra solução?
—Acho que as pessoas do Braga não podem desistir. Foi como aconteceu na Taça de Portugal. O Braga foi duas vezes à final, em dois jogos muito parecidos, mas o primeiro perdeu contra o Sporting e o segundo ganhou ao FC Porto. Isso mostra que nunca podemos desistir de perseguir os nossos sonhos.
Também tem o sonho de ver o Braga campeão?
—Tenho. Eu acredito que ainda vou ver o Braga campeão. E irei lá festejar.
“O meio-campo é o sector mais forte”
Danilo foi o primeiro nome a saltar da boca do jogador. Fábio Martins é outro dos preferidos
Quem é o Mossoró do atual Braga?
O brasileiro riu, mas não sabe responder, por ver tanta qualidade que não sabe bem quem destacar. Se tiver de escolher fala do meiocampo, que acredita ser o grande suporte da equipa. Danilo foi o primeiro nome que lhe saiu da boca, mas muitos outros se seguiram, sinal de que conhece o antigo clube como a palma da mão. Teve de o estudar por altura do primeiro jogo entre as duas equipas e ficou rendido, de vez, depois da exibição arsenalista nesse triunfo por 2-1 sobre o Basaksehir a 28 de setembro. Entretanto, foi sempre a crescer. “O Braga tem crescido muito com o decorrer da época e chega a esta fase muito bem. Cresceram muito desde que jogámos contra eles. Tem um conjunto de jogadores muito bons. No meio-campo, por exemplo, têm o Danilo, o Vukcevic, o Fransérgio... Acho que é o meio-campo que tem feito a diferença. São fortes na marcação. E o ataque do Braga também tem o Hassan, o Paulinho, ou o Dyego Sousa quando entra. São jogadores que estão sempre a lutar”, começa por apontar. “E depois ainda têm muita criatividade nas alas. Gosto muito do Fábio Martins. Ele não tem jogado sempre, mas quando entra está sempre bem. Ou seja, são muitos jogadores de qualidade e o Braga está bem servido em termos individuais”, rematou.
Porque a palavra títulos foi assunto em grande parte das questões, o jogador não deixou de desabafar, ainda que a rir-se da própria infelicidade. À procura de troféus desde que, em 2006, saiu do Brasil, José Márcio da Costa só venceu uma Taça da Liga. “Lutei por dois campeonatos em Portugal e perdi. Um, com Domingos, disputei até à última jornada. Outro, com Leonardo Jardim, até perto do fim. Na Liga Europa de 2011 fui à final e perdi. Na Arábia Saudita perdi a final da Taça e aqui, na Turquia, também. Estou sempre a bater à porta”, riu, bem-disposto.
“Comparo o Basaksehir ao Braga pela forma como cresceu”
As contas do Grupo C da Liga Europa são simples: o Braga está qualificado, o Hoffenheim eliminado, Ludogorets e Basaksehir disputam o lugar em aberto. Os turcos têm de ganhar e esperar que os búlgaros percam. Mas se o Ludogorets ganhar na Alemanha, então o Braga tem de empatar para ser cabeça de série no sorteio de sexta. “É complicado, mas vamos lutar até ao fim. Temos uma equipa com média de idade alta. A prioridade é o campeonato, mas vamos tentar o apuramento na Liga Europa”, comentou o criativo, que olha para dentro e vê o passado. “Comparo muito o Basaksehir ao Braga. É um clube que cresceu e que tem um grande potencial. As pessoas vão ouvir falar, num futuro próximo, do Basaksehir na Champions. Temos essa prioridade. Aqui, como em Portugal, o que conta são os três grandes, e nós também corremos por fora”, comparou.
“Na Luz, o Braga perdeu por 3-1 e houve um golo anulado que não estava em fora de jogo. Em Alvalade, aconteceu o mesmo. Assim é complicado, não é?”
“Hassan, Paulinho e Dyego Sousa estão sempre na luta. E gosto muito do Fábio Martins”
“O Braga perdeu uma final de Taça com o Sporting e no ano seguinte ganhou ao FC Porto. Isso mostra que não podemos desistir”
ARBITRO ESCOCÊS BEATON EM ESTREIA
O escocês John Beaton foi o árbitro designado pela UEFA para dirigir a partida entre o Basaksehir e o Braga. Internacional desde 2012, Beaton nunca apitou jogos da equipa bracarense e terá como assistentes Douglas Potter e Sean Carr. Jordan Stokoe foi nomeado para 4.º árbitro. Para o jogo com o Belenenses (16 de dezembro), as entradas poderão ser trocadas por brinquedos.
SALDO PODERIO CONTRA TURCOS
Nas últimas duas deslocações à Turquia, o Braga perdeu (1-0) diante do Fenerbahçe, em 2015/16, e empatou (1-1) com o Konyaspor, na época passada, mas o histórico de jogos contra equipas turcas é favorável aos minhotos. Em 11 partidas, o Braga soma sete vitórias e um empate, enquanto o Basaksehir ainda não venceu em casa nesta época, para a Liga Europa.
O JOGO