Miguel Pedro
Tudo contribui para a depressão
As arbitragens não têm sido felizes nos últimos jogos do SC Braga
Depois da derrota contra o Rio Ave, comentei com um amigo que a equipa do SC Braga (entenda-se, jogadores, técnicos e mesmo dirigentes) era uma equipa deprimida. Ao “googlar” o termo depressão, uma das definições que aparece é a seguinte: “Depressão é uma perturbação na qual são experienciadas emoções de angústia, tristeza, frustração, desânimo, desmotivação, resultantes de experiências traumáticas vividas no passado, das quais ainda não nos conseguimos libertar.” Aí percebi que não é só a equipa que está deprimida, mas também a grande maioria dos adeptos. Na verdade, as mais recentes “experiências traumáticas”, ou seja, perder em casa contra o rival de Guimarães, perder contra o Moreirense na final da Taça CTT e, agora, contra o Rio Ave desencadearam uma série de reações típicas dos processos de depressão.
Alguns adeptos viram-se para o tradicional “vocês são uma vergonha” cantado para os jogadores e técnicos; outros viram-se contra a administração da SAD, imputando-lhe a causa deste estádio depressivo. Os jogadores, em campo, demonstram desnorte tático, tristeza no jogo e, em casos pontuais, como foi o de Vuckevic no infeliz lance da cabeçada a Guedes, reações de impulsividade violenta. Mas correm e esforçam-se e lutam muito, disso ninguém se poderá lamentar. Mas o facto de tal esforço e luta ser inglória agrava ainda mais a depressão.
O treinador tenta ter um discurso positivo, mas o certo é que não colhe junto dos jogadores, nem dos adeptos. Na verdade, Jorge Simão nem conseguiu ter junto dos adeptos aquele período de “estado de graça” ou de “benefício da dúvida” que os novos treinadores costumam ter. António Salvador bem tentou reagir à derrota da Taça CTT com duas sonantes contratações no fecho do mercado de inverno: Fransérgio e Dyego Sousa. Mas os efeitos positivos desta “injeção de novidade” – a mensagem presidencial de que se “está a preparar o futuro” – não colheram junto dos adeptos.
O futebol vive, como sabemos, do momento, dos resultados de cada jogo. O estádio de depressão nem sequer permitiu saborear as contratações e constatar que, na verdade, são bons reforços para a próxima época. Porque é nesta época que estamos, preocupa-nos o “hoje” e a depressão adensa-se. E, como sabemos, quando as coisas estão mal, quando estamos em baixo, ainda nos pisam mais.
As arbitragens não têm sido felizes nos últimos jogos: o penálti da final é, no mínimo, estranhíssimo (na verdade, há mais de 40 anos que vejo futebol em muitos campeonatos e nunca vi um penálti assinalado quando o guarda-redes tem a bola agarrada e, ao deslizar, derruba o avançado….e acho que vão passar mais 40 anos até que veja outro.).
Contra o Rio Ave, o fiscal de linha na primeira parte deveria estar receoso ou perturbado com o vento e levantava a bandeira em cada ataque bracarense, estivesse ou não o avançado em fora de jogo. O árbitro achou por bem, também, não dar segundo cartão amarelo ao defesa do Rio Ave que placou Baiano quando este se iria isolar. Ou seja, tudo a ajudar a que o estado depressivo se agrave. É urgente curarmo-nos desta depressão. E, no futebol, a medicação melhor é ganhar jogos. Venha o próximo comprimido para ver se nos curamos.
O JOGO