A avaliar pelo que vi, e o que vi, a este respeito, foi apenas a última Tertúlia Bracarense, atrever-me-ia a dizer que António Duarte não é nem na forma, nem na substância um exemplo de civilidade e urbanidade.
Podendo embora ser um braguista dos sete costados, não teve, naquele concreto debate, uma intervenção digna.
Lavou roupa suja, arrogou-se dono de uma humildade que o discurso, seja pela substância, seja, uma vez mais, pela forma, não permite antever e, com isso, apercebendo-se ou não, apenas prejudicou a imagem, digna, do candidato que diz apoiar e com cuja candidatura está, de uma ou de outra forma, comprometido - o que lhe é, aliás, legítimo.
Sou confesso apoiante do Pli e, assumo, embora perceba que o candidato Pli se socorra de um discurso que aponte para um fim de ciclo e para o esgotamento de um modelo, não concebo que quem se socorra do mesmo discurso não trate de densificar o que alega.
Dizer que não respeitou os sócios, ou que o fim de ciclo chegou porque, de entre um conjunto de boas épocas, apareceu uma outra que, sendo má, não é horrível é, quanto a mim, manifestamente pouco. E não esclarece quem gostava de ter sido esclarecido.
Podendo fazê-lo, não explicitou o motivo pelo qual considera que os sócios foram desrespeitados, ou, utilizando um termo porventura menos desagradável, desconsiderados.
E isto só vem contribuir para dar força a todos aqueles que, de uma forma um tanto ou quanto saloia, vêem nas preocupações dos sócios uma espécie de "fait-divers" que só aproveita a demagogos.
Podia ter dado conta da incapacidade do António Salvador para esclarecer devidamente os sócios nas sessões que se deseja sejam de esclarecimento. Basta, aliás, atentar na tendência para desconversar patenteada pelo Salvador para perceber o que digo. Reparar nos esgares de desprezo lançados a quem, legitimamente, questiona a sua actuação pode, também, ajudar a compreender os sócios.
Podia ter dito que há, no Braga, negócios que se nos apresentam como inexplicáveis. Podia falar apenas do caso Juan Carlos, mas tenho, também, em mente casos como o de Wallace, Gil Dias e outros que vão e vêm sem que verdadeiramente lhes tenhamos visto a cara.
Também não seriam despiciendas as referências à ausência de condições do nosso estádio, ao mau funcionamento de determinados serviços (como sejam, a título meramente exemplificativo, as bilheteiras do estádio..), à falta de diálogo com os sócios, à incapacidade para explicar devidamente coisas tão básicas quanto as condições de aquisição de bilhetes e lugares em autocarros.
Em vez da opção pelo discurso agressivo e hostil a quem, livremente, apoia outro candidato que não o seu, podia ter dado conta de situações tão injustas quanto as que se passaram no Braga x Benfica - jogo em que se quis apenas angariar o máximo de receita à custa do adversário, nem que pelo caminho tivessem de ser votados ao desprezo os sócios.
Não lhe vi, também, uma única crítica à ausência de estratégia tendente a um maior envolvimento da cidade.
E, ainda no que respeita a críticas que não tratou de densificar, podia ter dado conta da impunidade de que gozam certos diários desportivos que, sobretudo em vésperas de jogos com o Benfica, muito gostam de arrastar pela lama o nome do Sporting Clube de Braga e daqueles que são, efectivamente, o maior património deste clube - os seus adeptos.
Quem lê atentamente desportivos e se apercebe de peças jornalísticas encomendadas, que apenas parecem servir o objectivo de nos associar aos lampiões, sabe bem do que falo.
António Duarte não o fez e prestou-se a figuras que pouco dignificam quem gosta de ver o seu nome associado a uma candidatura.
Devo, em todo o caso, dizer que o que António Duarte disse não me vincula. Sou, é certo, apoiante de Pli, mas isso está longe de significar que eu me reveja nas palavras de um ou outro apoiante mais acirrado.
Incluo-me, aliás, naquele (significativo) conjunto de adeptos que entendem que o apoio a Pli não deve toldar raciocínios ou, muito menos, levar a um conveniente branqueamento dos méritos da presidência de Salvador.
O apoio a Pli está, aliás, longe de significar que me reveja na ideia de que o modelo de Salvador está esgotado. Creio, de resto, e analisando as evidências, que não o está.
Move-me, essencialmente, a crença de que Pli não é, como querem fazer crer, um miúdo incauto e imberbe, mas, também, a convicção de que Pli, uma vez no comando, terá uma gestão mais consentânea com aquilo em que acredito - alicerçada num maior envolvimento da cidade, numa atitude mais dialogante e concentrada na defesa daqueles que, como ele, põem o clube acima de muita coisa, que não descurará, acredito eu, uma gestão tão enérgica quanto responsável dos dinheiros do clube.
Certo de que cada caso é um caso, e de que mesmo aqueles que discordam de mim querem, tanto quanto eu, o bem do clube (nem de outra forma poderia ser..), tenho uma certeza - estas eleições são, já, uma grande vitória.