A confirmar-se a recusa do candidato A. Salvador em debater publicamente na comunicação social, com o outro candidato, A. Peixoto, às eleições para a presidência do Sporting Clube de Braga, será a demonstração última da falta de transparência. Será o corolário de uma atitude continuada de dizer aquilo que quer, da forma que quer, sem que seja confrontado com a necessidade de explicar os atos de gestão a todos os sócios como é seu dever.
A ser verdade, trata-se de mais uma fuga para a frente e de um desrespeito a todos os sócios do clube e não apenas àqueles que não se reveem na sua candidatura.
O tipo de comportamento adotado nas entrevistas, de tentar hostilizar o adversário, mais não era do que o ensaio da fuga ao debate franco e aberto, cara-a-cara. O não querer debater as propostas do adversário, pode revelar por um lado, uma certa arrogância, falta de respeito e prepotência, mas por outro, revela sobretudo medo do confronto direto.
Nestas eleições, para além dos projetos para o futuro, que são importantes, está também em avaliação aquilo que tem sido a gestão do clube e da SAD, (pois o clube tem sido e ainda será ( ?) o maior acionista da SAD) e o presidente cessante tem obrigação de esclarecer os sócios sobre todos os atos da sua gestão. Os sócios têm direito a serem esclarecidos.
Sei que há sócios para quem a transparência é uma quimera, apenas lhes interessando uns supostos resultados desportivos e que há sempre algum exemplo de alguém noutro clube que não pratica a transparência, pelo que para esses, os supostos fins justificam os meios.
A confirmar-se a fuga ao debate presencial, frente-a-frente, trata-se do culminar de uma caminhada errática, iniciada sobretudo após a final da Taça de Portugal do ano passado, ao saber da intenção de Paulo Fonseca em deixar o clube, tendo mais um ano de contrato. Não foram vistos esforços para demover Paulo Fonseca dessa sua intenção. Teria sido muito mais produtivo triplicar o salário de Paulo Fonseca, do que gastar o que foi gasto na contratação de um treinador que tinha sido despedido do clube 2 anos antes e a quem tinha pago uma indemnização e que por sua vez, tinha acabado de ser despedido de outro clube, seguindo-se-lhe a contratação de outro treinador, que obrigou a pagar uma indemnização ao clube que estava treinar, para passados 4 meses ter que recorrer a um terceiro treinador na época.
A caminhada errática continuou quando, estando em período de campanha eleitoral, decidiu estabelecer um contrato definitivo com o Abel como treinador principal por 3 anos, em vez de o nomear como interino e esperar que o novo presidente tomasse a decisão - fosse ele ou outro. Era o que se exigia em termos de seriedade, de respeito pela candidatura adversária, pelo jogo democrático e pelos próprios sócios.
A caminhada errática continuou com a organização de uma visita propagandística, em pleno período de campanha eleitoral, às obras da cidade desportiva, numa espécie de inauguração antecipada de algo que está em construção, só para aparecer antes das eleições, envolvendo dirigentes desportivos e políticos, tentando objetivamente obter daí dividendos eleitorais. Para além de ser pouco ético, revela uma boa dose de oportunismo e mais uma vez falta de respeito pelo processo eleitoral em curso. Até parece que se trata mais de um reinado do que de uma presidência, que deve ser disputada a cada ato eleitoral.
Uma pergunta que se pode colocar a propósito de um apoio encapotado que estes dirigentes desportivos vieram dar a A. Salvador, desrespeitando o processo eleitoral que está a decorrer no clube, é a seguinte: O que é que o Braga tem beneficiado com o suposto bom relacionamento de A. Salvador com estes dirigentes? A voz do Braga é mais ouvida? Sobretudo no que ao futebol diz respeito, o Braga deixou de ser prejudicado por esses relvados fora? Ou será que estes senhores preferem ter à frente dos clubes alguém que não faça ondas? Alguém que não questione o procedimento de favor que existe objetivamente para com os 3 grandes?
Essa caminhada errática levou A. Salvador a afirmar publicamente que agora o clube precisa mais dele do que nunca. A pergunta que se impõe é a seguinte: Se isto é verdade, que tem feito A. Salvador durante 14 anos à frente do clube? Afinal o que é que tem crescido mais, é o clube ou a dependência do clube em relação ao atual presidente? Qual a razão objetiva da criação desta excessiva dependência? Não é suposto as pessoas servirem o clube dando o melhor de si, de forma a que o clube possa ter estruturas fortes, autónomas e independentes de quem em cada momento o esteja a presidir?
A continuar assim, tentando eternizar-se no poder, tentando cilindrar todos aqueles que aprecem à frente e que pretendem ser verdadeiramente esclarecidos sobre os atos de gestão, quando é que os sócios do Braga irão ver os resultados de auditorias externas verdadeiramente independentes, com evidências documentadas?
Salvador recusa ter «fugido» a debate com PeixotoFoi através de comunicado, publicado poucas horas depois da oficialização de António Pedro Peixoto, que António Salvador respondeu aos ataques do outro candidato.
O presidente salientou que apenas não aceitou o debate, porque até à data não havia outra lista de forma oficial. «Os ataques pessoais expressos na comunicação social, mas também nas redes sociais por parte de elementos integrantes da outra candidatura, são inadmissíveis e os ataques e ameaças ao candidato Fernando Parente, expressas em telefonemas anónimos e mensagens escritas, não dignificam a campanha eleitoral e não contribuem para uma discussão séria sobre os projetos apresentados», esclareceu.
ABOLA
Agora que se confirma oficialmente a fuga de A. Salvador ao debate cara-a-cara, inventando argumentos, que apenas servem de cortina de fumos, fica mais uma vez demonstrado o não assumir das suas responsabilidades e desrespeitar as regras do jogo. Em todos os atos que envolvam dificuldades A. Salvador encontra sempre um culpado, que não seja ele próprio.
A maior crítica que posso fazer ao candidato A. Peixoto é a sua excessiva brandura nas críticas à gestão de A. Salvador, perante alguém que tudo faz e que recorre a todos os meios para se eternizar no poder.
Quantos anos mais podemos esperar para serem esclarecidos e para que o clube possa ser devolvido aos sócios?
Espero bem que muitos daqueles que hoje fazem vista grossa a muita coisa que acontece no nosso clube, não venham mais tarde a arrepender-se!
Quando é que os sócios vão querer passar a exercer os seus direitos e exigirem serem esclarecidos, com provas documentais, sobre os atos de gestão do clube?
Quando é que os sócios vão exigir a realização de auditorias externas totalmente independentes à gestão do clube?