10º texto
"O CULTO DO BRAGUISMO" - brigada da relote
Não é fácil escrever sobre este assunto tão díspar e único mas ao mesmo tempo tão coletivo como o futebol deve ser praticado. Principalmente quando antes de nós vêm vários textos de qualidade a relatarem o mesmo sentimento que nos une neste clube, nesta cidade, neste espaço virtual, neste braguismo cada vez mais forte e enraizado na nossa gente, mas que muitos fazem força para o desvalorizar, tentando manchar-nos com intolerância, violência e ignorância.
Nós somos aqueles que mudam o humor de acordo com o resultado do jogo, que acompanham este período de especulações e definições do mercado de transferências, que ficamos apreensivos e ansiosos com o próximo jogo, à espera do golo que nos garanta a vitória!
O Sp. Braga é tudo para nós, e a partir dele tudo se origina.
É o Sp. Braga que está acima das extravagâncias, vaidades, das rixas gratuitas, dos conflitos egocêntricos e da vingança que os outros procuram para nos abater. Não somos grandes ou únicos. Nem o queremos ser. Esses não são exemplo para ninguém. A copiar que se copiem os melhores.
Porque hoje é dia de futebol, de confraternizar, de rivalizar com o adversário sendo ele de que clube for, de saborear a vitória, de lamentar a derrota, ou de se indignar com o empate. É dia de celebrar a beleza da partida, por mais que ela não seja tão bela assim, porque ali estão os limites postos pelo desafio, o gosto doce da superação, o amargo do erro, a exaltação do objetivo alcançado. Que saudades de Dublin.
O adversário está caído. Vencemos!
Era o nosso fado. Coimbra vestida de vermelha e branco. Porque assim quisemos, porque mais força fizemos. O futebol é um desporto onde a certeza poucas vezes prevalece. Quase nunca. Algumas equipas carregam no seu sangue a arte de contrariar a lógica. E este Braga consegue-o. E nós somos as vitaminas que este clube precisa para continuar a sua vocação. É esta beleza toda que nos difere de todos os outros. Somos mágicos. Somos enormes. Somos braguistas. Quer em casa, quer fora.
Estamos no início de temporada e ela está lá, paciente à espera do seu fiel e habitual morador. A cadeira de sonho dos braguistas.
Por muito que se critique, por muito que se censure (e até com certa razão) o estádio AXA, estes pouco mais de dez anos de existência coincidem com o melhor momento da história desportiva do Sp. Braga. Habituámo-nos a lutar pelos primeiros lugares, a morder os calcanhares aos grandes e a participar com brio nas provas internacionais. O Benfica deixou de jogar em casa e até os triunfos sobre os encarnados são mais saborosos. É a nossa casa.
É ela, mansa e acolhedora, que recebe, compreensiva, a avalanche de sentimentos que rondam uma batalha. É nela que se misturam paixão, ódio, alívio, apreensão, alegria, tristeza, festa, deceção, sorriso, lágrimas. É certamente impossível encontrar outro lugar onde se viva tantos sentimentos livremente, e ver que ao nosso lado muitos estão a partilhar a mesma condição. Aquela meia-final, com o Benfica, no longo caminho até Dublin me irá acompanhar para todo o sempre.
A casa dos braguistas é o estádio AXA e o cimento da bancada é a nossa razão de ser. Simples e humilde, tal como o velhinho 1º de Maio. Apesar de vivermos tempos onde se tenta impor um determinado padrão, na minha opinião, um estádio capaz de abrigar o verdadeiro sentimento pelo clube deve ter o cimento da bancada completamente à mostra. Simples, assim, mas o bastante para acolher e deixar extravasar o que há de mais puro nos braguistas, a paixão pelo seu clube, edificando-se um culto vermelho ao Sp. Braga, que cada um traz consigo para iluminar o nosso caminho!
Nas bancadas do AXA, há sentimento, há alma. E mesmo que vazia (ou aparente pelo cinzento que não é preenchido), a mera admiração traz-nos à mente as lembranças ou a mera imaginação dos momentos de euforia ali vividos. Desde a inauguração do estádio, ao golo do Renteria ao St. Liège, do Matheus ao Celtic, do Mossoró ao Benfica, do Lima ao Partizan, às vitórias sobre o Sevilha, Arsenal, Liverpool, Benfica, entre tantas e tantas outras maravilhas proporcionadas pelos nossos Gverreiros do Minho.
O Braguismo viverá a partir do sagrado espaço da nossa cadeira, do aconchego da morada do braguista que fará com que o Sp. Braga nunca seja esquecido. Jamais será! Está na história e nos corações dos braguistas. No meu, no teu, no nosso.
Obrigado Sp. Braga, por nos proporcionar tantos momentos de alegria a quem te quer bem! E não é tão pouca gente assim! #Estamos Juntos.
“brigada da relote” – Miguel Gonçalves – sócio e adepto do S.C.Braga