Adeptos protestam contra o cartão do adepto por todo o país A implementação do Cartão do Adepto a partir desta próxima época está a gerar muita insatisfação nos grupos de adeptos portugueses.
Ontem surgiram várias frases espalhadas por todo o país contra esta medida que obriga os adeptos a terem um cartão específico com todos os seus dados pessoais tanto para assistirem aos jogos em casa em zonas destinadas a grupos de adeptos, como também para assistir a jogos fora.
Este protesto teve origem na Associação Portuguesa de Defesa do Adepto e contou com a participação de cerca de duas dezenas de grupos de apoio de todo o país.
A frase de conjunto usada por todos era: “Legislar não é criminalizar. O nosso cartão é o de cidadão.” Mas também foram apresentadas outras.
Veja o manifesto da APDA:
Manifesto O cartão do adepto, o mais recente instrumento de repressão do estado contra os adeptos, vem mascarado de medida de segurança e combate ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espectáculos desportivos. É de resto um conceito importado, porém totalmente ultrapassado, de meia dúzia de países europeus. Mas por cá, como já é hábito, gostamos de andar na cauda da Europa, seguindo e copiando medidas que entretanto já foram abolidas nos poucos países que caíram no erro de as adoptar.
Só podemos lamentar que tenham procurado soluções desesperadas no exterior, mas ao mesmo tempo não tenha havido a capacidade de avaliar os resultados efectivos dessas supostas soluções. Desde o facto de ser uma medida contraproducente, visto que esta causa não traz o efeito pretendido, pois sabemos que não são pedaços de papel que mudam as pessoas e a sua natureza, passando pelos resultados nefastos para o desporto, como é a perda de adeptos, num campeonato já com poucos adeptos e que, nos últimos anos, tem assistido a uma redução da taxa de ocupação dos estádios Portugueses.
O cartão do adepto, uma tentativa desesperada de catalogação em massa, destrói completamente os valores inclusivos do desporto. Sem qualquer tentativa de omissão, implementa a ideia da separação entre os adeptos "bons" e os adeptos "maus", um acto que potencia gravemente a discriminação. Facilmente se torna uma ferramenta de repressão directa e indirecta em massa, para um grupo de pessoas que têm sido gratuitamente estereotipadas ao longo de vários anos e sob as quais recai um preconceito generalizadamente negativo, desadequado e algo especulativo. Faz também com que seja retirada a liberdade a milhares de pessoas para controlar apenas uma pequena parcela de indivíduos que causam problemas.
Conscientemente, afirmamos que as massas não devem sofrer consequências de medidas que deveriam dizer respeito apenas aos culpados de alguns episódios.
De resto. é esperado que o adepto continue a ser a vaca leiteira do futebol, da qual o sistema retira tudo quanto pode para sustentar o seu negócio.
Num país que descriminaliza os crimes financeiros, garante imunidade aos homens mais poderosos do país que destroem a nossa sociedade e tolera os vários tipos de abusos da classe política, tem agora o descaramento de impor regras ditatoriais àqueles que gostariam de ir ao estádio para assistir a um jogo de futebol, fazendo valer a sua tradicional comunicação para dentro de campo, como é o simples acto de agitar uma bandeira com dimensões superiores a 1x1 metro ou realizar uma coreografia. Isto leva-nos a questionar se o propósito desta medida é acabar com a liberdade de expressão do adepto ou será o combate ao racismo, a xenofobia e a intolerância nos espectáculos desportivos?
Somos seres livres e recusamos entrar num estádio com um cartão que nos é impingido para restringir a nossa liberdade. Isto torna-se paradoxal, numa sociedade que exalta valores como os da própria liberdade. Lamentamos muito que o nosso país, no segmento sócio desportivo, seja norteado por gente que não sabe ou não quer saber o que realmente está a fazer ao desporto."
Hoje, por todo o país, a APDA congregou sob o presente manifesto, cerca de 15/20 grupos organizados de adeptos, que exibiram nas suas cidades a frase "Legislar não é criminalizar. O nosso cartão é o de cidadão!".
Foram ainda espalhadas pela cidade de Coimbra, diversas faixas, de contestação a esta medida, de forma a serem vistas precisamente no dia da "final da prova rainha", conforme ilustra a nossa imagem. Infelizmente, a PSP por volta das 8.30h da manhã fez questão de as retirar todas, restando-nos apenas este registo fotográfico. Apenas nos resta concluir que esta nossa opinião além de incómoda, mais uma vez reflecte que para os Adeptos, a liberdade de expressão e opinião é um bem ao qual lhes é particularmente difícil aceder, neste Estado de Direito Democrático (só para alguns...).
Este protesto marca uma página história no movimento dos Adeptos em Portugal. Estamos informados, estamos conscientes e estamos juntos. O futebol, a nossa paixão e a nossa forma de viver o desporto merecem este Manifesto. E quem não o compreender, não merece lugar no futebol.
Durante os próximos dias iremos actualizar todas as acções e participantes deste Manifesto nacional, aproveitando para agradecer a todas as mãos que trabalharam arduamente para que juntos mostrássemos o que nos une.
Divididos nas cores, unidos nos valores!
em:
https://rematedigital.pt/2020/08/02/adeptos-protestam-contra-o-cartao-do-adepto-por-todo-o-pais/