Não percebeste aquilo que eu quis dizer a respeito das vendas e da forma como são feitas (e apresentadas) as contas. A academia nada terá que ver com isso se o clube continuar a gastar o que não tem!são esses Abel Ruiz que dão acima de 10M os anos ao Barcelona e vão mantendo a academia paga para que a seguir venha um Xavi ou Iniesta. Porque se só desse prejuízo já tinha sido morta e enterrada porque nenhuma empresa segura um setor que só dê prejuízo. Agora, novamente. O Barcelona tem uma academia para lhe dar o próximo Messi, Xavi, Iniesta. Não para vender. Nós temos uma academia para ter o próximo Trincão: faz 1 ou 2 anos na A e sai a troco de milhões. Novamente: O Barcelona, que tem receitas ordinárias de Mil Milhões, forma para ter sucesso desportivo. Nós temos que formar para vender.
Nighthawk, pego só nesta parte do teu comentário devido à referência direta à academia.
A questão não passa por não ser um clube formador e vendedor (rentabilizar a academia). Claro que o clube deve formar e tirar dividendos disso, mas o que deve acontecer (e já devia acontecer há muito tempo) é que o Braga além de os vender deve tirar o proveito desportivo necessário desses atletas. Porque não pode estar a contar em vender XX milhões todos os anos. Tem de ter contas equilibradas caso não venda em determinado período.
Só para dar uma ideia, há data de 2018 a receita bruta dos clubes portugueses proveniente de transferências era de 61% (Inglaterra 23%; Alemanha 20%; Espanha 25%). A França apresentava um valor acima dos 50% (54 para ser exacto) sendo que o valor de receitas agregado em França rondava os 1.7MM, enquanto que em Portugal a receita agregada (440m) estava abaixo da liga Holandesa, Turca, Russa e pouco acima da liga Belga. É preciso uma dose de realidade, se não há receita ordinária elevada não pode existir o vício de projetar orçamentos, porque clubes expostos a um número destes (proveniente das vendas) está sujeito à volatilidade e pode afundar. Os orçamentos do Braga não podem refletir uma postura de desequilíbrio (à escala do Braga) equiparando-se à estratégia dos estarolas que têm associada uma sobrevalorização dos recursos (que possivelmente o covid ajudará a “ajustar”) e um sistema bancário e judicial que os protege.
É aqui que entra a tal frase "futebol é o momento". Discordaste da venda do Neto e da do Trincão? O Neto não deu qualquer rendimento desportivo. O Trincão vai dar menos de 1 época. Alguém nos garante que o Neto valeria o mesmo ou mais dali a 2 anos? Olha o exemplo do Trincão: com o covid todas as transferências vão baixar provavelmente uns 20 a 30%... e se ele se lesiona? e se não "explode" como preconizado?
Havendo alguém que bata com o dinheiro (cláusula ou perto disso) nós temos que vender. Não podemos dar uma de Porto e segurar o Herrera mais 2 anos e depois ele sair a custo 0 ou, no caso de um jovem, desvalorizar. Aliás, vejam o caso do Xadas. Se calhar se o Salvador o tivesse vendido por 5 ou 10M há 3 anos antes de ele se estrear tinha sido melhor... E depois devemos usar esse dinheiro também para reforçar o nosso orçamento (lá está, eu não acho que deva ser 60% a não ser que 60% do que investimos seja na academia). Se não usarmos os 30M para abater passivo, investir na equipa, em infraestruturas ou subir um pouco o orçamento vamos fazer o quê com eles? Deitá-lo fora? Vamos deixar de vender jogadores para não termos receitas extraordinárias?
Há uma coisa que todos concordamos. Os tugas estão demasiado baseados nas receitas de vendas de jogadores, é verdade. Mas isso é assim porque não há receitas ordinárias. Tirando a TV todas as outras são praticamente residuais. Nesse sentido, alguém que aposte forte numa academia estará melhor preparado porque é óbvio que uma boa academia vai fornecer melhores jogadores. Isso é tão óbvio que antes saia daqui tudo para o Sporting e o Porto (olhem o Max do sporting é daqui de Braga...) e agora ficam cá todos. E pode assumir todos os anos receitas com essas vendas pois investiu para tal. Mal era uma empresa investir 20M e não esperar um retorno 4 a 5 vezes acima disso!
Claro que o Braga precisa de vender...mas não pode é esperar que vai vender X e orçamentar as contas de acordo com uma expectativa. Logo não deve ser tido como a base da pirâmide na operação do clube, porque corre o risco da pirâmide ruir num instante. Praticamente todos os clubes do Mundo vão vender se tiverem uma oferta tentadora por um jogador. As exceções são muito poucas e são de clubes que não precisam de receitas extraordinárias...infelizmente o Braga não é um deles (e os eucaliptos tb não por muito que se apregoe por aí...não fosse a corrupção e os bancos e já estavam enterrados).
A venda do Neto (e do Jordão não te esqueças) nada tem a ver com a venda do Trincão. Quer em termos dos “contornos” do negócio quer no impacto dos jogadores no clube. Com o Trincão em campo o clube ganhou um troféu e venceu jogos (possivelmente um 3 lugar tranquilo). O Neto jogou quase 48min na equipa A. Isso seria ótimo se efetivamente tivesse entrado aquele dinheiro no clube. Eu preferia, a correr bem, que o Neto ficasse no Braga e rendesse 8-10M hoje, do que sair nos moldes financeiros em que saiu.
Quando falas de “miúdos” como os das galinhas que entram, jogam e rendem milhões isso não pode ser aplicado ao Braga de forma linear. Até porque eles continuam a gastar o não têm mesmo colocando “miúdos” a jogar. Depois um Ferro, Tavares ou Ruben Dias no Braga não iam ser mais do que carne para canhão. Nem lhes reconheço grande valor, nem os jornalistas iriam enaltecê-los da mesma forma, nem os árbitros portugueses protegê-los (exibições patéticas fez o Ruben Dias na Europa), nem a qualidade dos colegas de equipa é similar para que eles possam fazer menos m*rda em campo e saírem bem vistos. Não é aquele miúdo dos tripeiros que vale cento e não sei quantos milhões (para os avençados jornalistas portugueses)?? À escala quanto valeria o Trincão nos eucaliptos?? O Carmo (campeão europeu) e titular na primeira liga já estava na Juventus nesta altura não?? O Braga não pode antecipar este tipo de vendas com um impacto tão grande nas contas por situações como estas. E não pode fazê-lo porque a realidade é a que sabemos, o universo de adeptos e receitas com base nisso é limitado e enquanto não houver tomates de parar a liga até ver a situação dos direitos televisivos corrigida com uma equiparação de valores o problema vai manter-se...a não ser que o Braga meta no estádio 30mil pagantes em todos os jogos e venda camisolas por esse mundo fora a partir de Setembro. Até lá, sem contas equilibradas a coisa poderá sempre correr muito mal. Foi como disse anteriormente, havendo tanta dependência de vender (não vendendo “miúdos” da academia) estaremos sempre a hipotecar a equipa, porque depois tens de vender titulares e começar tudo de novo.