Pela excelência do conteúdo aqui fica a citação na íntegra de uma carta envida a Platini, na sequência deste jogo contra os turcos que o imbecil do árbitro tratou de resolver à sua maneira:
Braga - Carta aberta do Miro ao Platini
Carta ao Presidente da Union of European Football Associations
|Casimiro Canhoto
Braga, 15 de Fevereiro de 2012
Exmo. Sr. Presidente da Union of European Football Associations,
Nota Prévia: Informo desde já que não me irei dar ao trabalho de escrever em Francês. Se V. Exc. não entende a escrita em língua Portuguesa prévia ao acordo ortográfico, peça a uma das suas secretárias (dessas que costumam andar de joelhos a rastos) para traduzir a missiva no Google.
Serve a presente para demonstrar a minha profunda indignação perante a ideologia que V. Exc. tenta, a todo o custo, incutir na instituição a que V. Exc. preside.
Em Maio do pretérito ano, V. Exc. não foi capaz de disfarçar o desconforto provocado pelo facto de, pela primeira vez na história, a final da segunda mais importante competição de clubes, organizada pela instituição a que V. Exc. preside, ter sido disputada por duas equipas portuguesas.
Mais desconforto lhe causou o facto de um dos clubes finalistas ser oriundo de uma cidade com cerca de cem mil habitantes, ter uma assistência média de espectadores inferior a quinze mil pessoas e um orçamento anual inferior a alguns clubes da segunda divisão da querida França de V. Exc.
Este "pequeno", mas ENORME clube da cidade de Braga, localizada no norte de Portugal, contraria a ideologia que V. Exc. tenta incutir, conseguindo atingir importantes resultados europeus nas últimas temporadas: para além de atingir a final da última edição da Liga Europa, conquistou a última edição da Taça Intertoto em 2009 e apurou-se para a fase de grupos da Champions League da época passada; graças ao trabalho de excelência preconizado por todos os agentes envolvidos na sua estrutura: dirigentes, técnicos, atletas e funcionários. Saliente-se também, em abono da verdade, o apoio entusiástico dos seus adeptos, que apesar de não serem muitos, são vibrantes!
Não foram necessários investimentos faraónicos, nem financiamentos de multi-milionários cuja fonte de rendimento por vezes é dúbia, nem contratos de sponsorização com marcas de referência mundial, nem gigantescas massas de adeptos dentro e fora do país.
Deve V. Exc. entender que o que torna o desporto futebol tão querido por milhões de pessoas à escala global, é precisamente esta imprevisibilidade do resultado e também o facto de dentro das quatro linhas as diferenças de poderio de várias índoles, por vezes, não se traduzirem no jogo jogado.
Mas infelizmente, não é esse o entendimento de V. Exc.em relação a este desporto. Mas sim, a obrigatoriedade de serem os clubes poderosos e arrastadores de massas a disputarem os grandes jogos e a conquistarem títulos, para que seja possível obter as volumosas receitas televisivas e apetecíveis contratos publicitários.
Não fosse esse "pequeno" mas ENORME clube português voltar a fazer alguma "gracinha" nas provas europeias, V. Exc. tratou de arranjar forma de aniquilar as suas legítimas aspirações. Nesse sentido, V. Exc. encomendou uma arbitragem que possibilitasse esse aniquilamento, tarefa que determinado "mercenário" holandês desempenhou ontem na perfeição. Da mesma forma, acredito seriamente que o mesmo irá suceder com os demais clubes portugueses envolvidos nas provas europeias, mais cedo ou mais tarde.
O que V. Exc., provavelmente, não deve ter ainda percebido talvez por alguma falta de genica mental, é que ao aniquilar o "pequeno" mas ENORME clube, que tão brilhantes prestações tem conseguido graças ao trabalho dos seus agentes referidos anteriormente, está a beneficiar um clube turco que "apenas" tem actualmente o ex-presidente e ex-treinador presos por envolvimento em acções ilegais que visavam adulterar resultados de jogos, bem como quatro meses de salários em atraso aos seus atletas, mercê de um investimento astronómico sem qualquer sustentabilidade.
A cultura que V. Exc. tenta incutir no futebol irá transformar este tão belo desporto numa farsa, semelhante às lutas de Wrestling, em que tudo é forjado e se sabe de antemão quem vai chegar ao topo.
O que V. Exc. não percebe, também, é que muitos dos milhões de apaixonados do futebol existentes por esse mundo fora, acabarão por perder essa paixão, quando começarem a perceber que, afinal, o conceito de desporto foi completamente posto de lado em detrimento do exclusivo interesse económico. Então, o até aqui desporto-rei irá perder gradualmente os milhões de adeptos. E nessa altura, eu quero ver se a Sony, ou o Master Card, estarão na disponibilidade de continuar a despender de rios de dinheiro para patrocinar um desporto em declínio.
Será que V. Exc. ainda não teve a capacidade de perceber que se está a destruir o futebol? É preciso um tipo com a quarta classe e o nono ano feito nas Novas Oportunidades alertá-lo para isso?
Acho que não, porque V. Exc. é casmurro e vai pegar na minha carta e usá-la para não gastar papel higiénico, porque a crise também chegará ao futebol e há que começar a ganhar hábitos de poupança.
Até lá, veremos V. Exc. a levar os "Manchesters" e os "Barcelonas" ao colo, para conseguir as finais que tanto deseja, evitando assim alguma "gracinha" como aquela que os "insolventes" portugueses fizeram no ano transacto.
Sr. Platini: vá abaixo da minha cidade!
Sem outro assunto de momento, despeço-me atenciosamente.
Casimiro Canhoto