Prémios ascendem a 3 milhõesSe vencer a Liga Europa, jogadores e técnicos minhotos vão repartir um prémio que, no seu total, é superior a três milhões de euros, precisamente tanto quanto o prémio instituído pela UEFA pela dita conquista. Mas não se pense que este valor se refere exclusivamente ao jogo decisivo, em Dublin. Três milhões de euros foi o que a SAD estipulou gastar em gratificações para todo o percurso nesta competição. Significa isto que muito já foi gasto em cada eliminatória superada.
Se vencer o Benfica, mais uma parcela é queimada e, se estiver em Dublin e levantar o troféu, a equipa capitaneada por Vandinho, arrebata a última fatia, perfazendo o tal bolo que se cifra acima dos três milhões de euros.
Três milhões de euros é precisamente o valor que ontem foi apontado como prémio para os jogadores do Benfica no caso de idêntica conquista. Apenas uma diferença, que no caso faz toda a diferença. Para o Benfica só há prémio no caso de conquista, ao passo que os bracarenses já têm valores intermédios acumulados para receber. Significa isto que, se nenhuma equipa vencer a Liga Europa, só os jogadores bracarenses terão direito a prémio financeiro. Mas, claro está, conquistar a prova vale a mais choruda das parcelas.
A estratégia de António Salvador foi clara a partir do momento em que a equipa foi relegada da Liga dos Campeões para a Liga Europa. Ou seja, por cada patamar atingido, o grupo é valorizado. Tanto mais conforme o nível ultrapassado.
Os quartos-de-final foram o primeiro registo histórico atingido, pois permitiram que o clube atingisse uma fase nunca antes imaginada. E ultrapassar um colosso como o Liverpool adensa o feito, de tal forma que António Salvador resolveu pagar cerca de 400 mil euros ao grupo. Mais do que os 360 mil reservados pela UEFA ao vencedor da dita eliminatória.
A ambição do presidente de clube e SAD fica bem patente na metodologia utilizada. Por exemplo, vencer o Lech Poznan valeu uma soma praticamente irrisória por comparação com a já descrita contra o Liverpool, uma vez que o Braga já mais do que uma vez tinha chegado aos oitavos-de-final. E, quando se apurou para a fase de grupos da Liga dos Campeões, só havia prémio de apuramento para a segunda fase e não para um eventual terceiro lugar e relegação para a Liga Europa.
A figura do BragaAlanJorge Gomes admite que "não era um prodígio" de técnica, explicando que o seu estilo se caracterizava mais "pela raça, pela presença física e pelo instinto na finalização" - no Braga actual, identifica-se com Alan. "É um jogador inquieto, mexido, tem velocidade... Muito perigoso", resume o antigo futebolista brasileiro, compatriota do 30 do Braga. Figura destacadíssima da equipa de Domingos, Alan tem nove golos na época, três dos quais nas provas europeias - um na Champions e dois na Liga Europa. É por ele que passa grande parte do volume ofensivo arsenalista e é também ele que define os tempos de jogo da equipa, acelerando ou travando, consoante as necessidades - e o resultado.
Salvador garante Benfica bem recebidoAs divergências dos últimos tempos não terão qualquer reflexo no jogo de hoje. O Benfica será bem recebido em Braga. Garantia de António Salvador, em carta aberta aos sócios publicada no sítio do clube. "Queremos demonstrar a todo mundo a nossa paixão pelo futebol, fazendo destes jogos uma verdadeira festa, com respeito, fair-play e lealdade para com os nossos adversários e adeptos. Apesar da imagem que se tem tentado criar, o Braga sempre soube receber e respeitar os seus adversários. E amanhã [hoje] vai ser igual", vincou o presidente, que apela à lotação do estádio. "Num momento histórico, apelo a todos a estarem ao nosso lado nesta caminhada que desejamos que nos leve até Dublin. É a altura de nos unirmos, demonstrando a toda a Europa futebolística a força do nosso emblema e da nossa região", pediu.
Viana tem pontaria para a águiaÉ impossível recordar os dois últimos Braga-Benfica e ignorar os golos de Hugo Viana, tão importantes que se revelaram para o triunfo dos bracarenses. Os remates foram praticamente idênticos - cruzados e em força -, só os guarda-redes mudaram. Se em 2009/10 foi Quim quem teve de ir buscar a bola ao interior da baliza benfiquista, há cerca de dois meses a tarefa tocou a Roberto. Por isso, a questão ao médio impunha-se: imagina-se a marcar novamente nesta meia-final? "O aspecto pessoal não conta muito. O importante é que o Braga consiga atingir os seus objectivos, não quem marca; embora todos desejem marcar e jogar bem", defendeu o internacional português, que na carreira já fez o gosto ao pé por duas vezes contra as águias.
Apesar de tudo, Viana encara o Benfica "como um adversário normal" e só pensa numa coisa: atingir a final para poder vingar a derrota sofrida em 2005, frente ao CSKA de Moscovo. "Infelizmente esse momento não acabou muito bem para nós. Por isso, o nosso pensamento agora é acabar da melhor maneira a competição. No entanto, para isso temos de ganhar amanhã [hoje] e depois sairmos vitoriosos de Dublin", vincou o médio bracarense, que classifica o embate de hoje como "o mais importante da época para a cidade e para o clube". "Temos de encarar este encontro como se fosse o último da temporada", referiu Viana, desvalorizando o facto de o Benfica marcar sempre como visitante.
"Roberto já realizou grandes exibições"Apesar de o guarda-redes ter sido bastante fustigado com críticas nos últimos tempos e de unanimemente ter sido culpado pelo golo que Hugo Viana marcou no último Braga-Benfica, o médio arsenalista recusou entrar na onda das apreciações negativas sobre o guarda-redes espanhol. "Não podemos estar a olhar para o Roberto como uma fragilidade do Benfica, até porque já realizou grandes exibições este ano", comentou Viana.
Polémica desde o primeiro jogoNas últimas épocas, Braga e Benfica têm coleccionado polémicas que, pelos piores motivos, ficarão na memória dos adeptos e devidamente documentadas - como sucedeu logo no primeiro jogo entre estes emblemas, a 3 de Abril de 1927, e foi relatado no jornal "Diário do Minho". Evandro Lopes, investigador e co-autor de "A história da bola em Braga" - que revelou que o clube foi fundado em 1914 e não em 1921, como se julgava -, divulgou, através do blogue "Alfarrábios de Braga", a crónica desse desafio, disputado no Campo do Raio e relativo ao Campeonato de Portugal, que o Benfica venceu, por 4-3. Antes do pontapé de saída, "a escolha de campo" coube ao Benfica e "beneficiou o Sporting [de Braga] que ficou com o sol a seu favor". O relato detalhado do que se seguiu ao pontapé de saída dá conta de um jogo emotivo, equilibrado até nos penáltis (um para cada lado) e com vários artistas em destaque: Alberto, Laurêta, Gumercindo e Romão, no Braga; no Benfica, "Victor Hugo, Tamanqueiro e Germano, óptimos, e os restantes razoáveis", escreve o jornal bracarense que dedica um último e arrasador parágrafo ao trabalho do árbitro: "prejudicou bastante o Sporting Clube de Braga, tendo, no entanto, o nosso grupo feito um resultado brilhante, atendendo à categoria do seu adversário" - o tempo diluiu o desnível.
Rodriguez sonha com uma presença "linda" na finalRodriguez considera que "está tudo em aberto" na eliminatória e apesar de se dizer "concentrado na meia-final", já antevê Dublin. "Seria lindo estar na final", afirmou a uma rádio peruana. O central quer "aproveitar o facto de jogar em casa" para ganhar.
Custódio junta-se a Viana no meio-campo arsenalistaSem Vandinho, Domingos vai juntar novamente Custódio e Hugo Viana no meio-campo arsenalista. Os dois chegaram a começar o último encontro com o Benfica, para o campeonato, mas o trinco alinhou apenas os 15 minutos iniciais devido a um problema físico.
Estádio não vai encherPela procura de bilhetes registada até ontem, é muito pouco provável que o Estádio AXA encha para o jogo da meia-final. Ainda assim, estará próximo da melhor casa da época, pois deve registar uma assistência na ordem dos 25 mil espectadores. Desses, 1500 serão afectos ao Benfica. Mas é seguramente a melhor receita.
Mais Faixas de incentivoComeça a tornar-se um hábito os adeptos do Braga colocarem faixas de incentivo à porta do AXA nos momentos mais importantes. E ontem lá estavam elas, não deixando nenhum jogador indiferente. "Quem não sente não entende...", "Orgulhosamente Guerreiros do Minho" e "Façam história" foram três das mensagens mais importantes.
Peterson em vez de VandinhoO haitiano Peterson é a novidade da convocatória de Domingos Paciência, que, face à ausência de Vandinho, teve de improvisar com um jovem do satélite Vizela. Entra assim na lista o único médio à disposição, o que até nem é uma estreia absoluta. Cristiano, também do Vizela, será o guarda-redes suplente. Dani, que tem treinado com a equipa, fica de fora.
Soma das partes confirma equilíbrioA ideia de equilíbrio que se tem desta eliminatória não desaparece nem quando o histórico Jorge Gomes aprecia cada um dos 11 jogadores que Braga e Benfica devem lançar esta noite. Não foi uma comparação que O JOGO pediu ao brasileiro que defendeu arsenalistas e encarnados - foi mesmo o primeiro estrangeiro a jogar pelo clube da Luz -, mas da soma das partes conclui-se facilmente que os colectivos se equiparam. Claro que há jogadores mais influentes do que outros, seja, no lado do Braga, o "tocador de piano" Rodriguez, o "alfinete" Sílvio ou o "homem de área completo" Meyong, ou, pelo Benfica, "o defesa-avançado" Fábio Coentrão, o "imprevisível" Gaitán, ou Saviola, o avançado que "põe a cabeça em água a qualquer defesa"; mas a sensação de taco a taco resiste. "É natural que assim seja. É impossível prever quem vai seguir em frente, apesar da vantagem do Benfica. São equipas igualmente fortes", justifica Jorge Gomes.
Considerando que a ausência de Vandinho talvez não se faça sentir, uma vez que Custódio, "mesmo não sendo tão agressivo, está à altura" de substituir o influente brasileiro, Jorge Gomes acentua ainda a dinâmica de Salino, "o baixinho que corre muito", e as bolas paradas de Hugo Viana. Já em desacordo com os críticos de Roberto, o antigo avançado - que jogou três anos no Benfica e sete no Braga - entende que o espanhol "é um bom guarda-redes", e o único jogador dos encarnados a quem detecta algumas limitações é Jardel. Não por falta de qualidade, mas porque chegou há pouco tempo ao clube. "E eu também tive a minha tremedeira quando fui para o Benfica", recorda Jorge Gomes, elogioso até para com o mal-amado César Peixoto. "Está num momento de forma espectacular!", afirma, confessando-se "dividido" quanto a quem prefere ver na final de Dublin: "Vou ficar feliz seja qual for o vencedor."
O JOGO