Foi um jogo decepcionante mas com uma dose de azar muito grande à mistura. Perder um jogo por 3-0 contra um adversário que não "marcou" sequer um golo é obra!
Ponto de ordem: a equipa em termos de posicionamento no terreno não esteve mal. Foi consistente e organizada e, até emergir algum descontrolo a meio da segunda parte, não permitiu que o Sporting criasse jogadas de real perigo (na primeira parte, apenas um remate de simples resolução para Paulo Santos!). Simplesmente, as circunstâncias do jogo, cedo exigiram da equipa mais do que ser uma equipa "arrumada". o jogo cedo pediu iniciativa e capacidade para estender o jogo até à baliza adversária. E nesse capítulo falhámos rotundamente. Tal como em todas as partidas até aqui realizadas em que começámos a perder (pre-época incluída), também desta feita não fomos capazes de reagir a um resultado adverso...
As contas a meio-campo não foram desequilibradas, mas estivemos sempre na defensiva - o meio-campo do Sporting, muito dinâmico, jogou sempre em superioridade numérica, com Custódio a comandar de trás as saídas para o ataque sem qualquer oposição e bloqueando todo o jogo que os seus companheiros centrocampistas não conseguiam filtrar. Seria preciso que pelo menos um dos homens da frente se juntasse aos restantes médios e ajudasse na construção de jogo ofensivo. Nenhum dos que jogaram tem essas qualidades... abriu-se um espaço enorme entre o meio-campo e o tridente ofensivo. Wender, indisponível, faria muito bem esse papel. Uma outra hipótese (que eu defendi antes do jogo) teria sido colocar JVP como (falso) ponta-de-lança, em vez de Marcel e pedir aos dois alas entradas em diagonal para a zona de finalização.
O único perigo poderia sair da exploração dos flancos, onde o Sporting não é tão forte, mas o golo sofrido muito cedo permitiu aos lagartos jogarem como mais gostam: um jogo seguro, cauteloso, em busca da oportunidade para o contrapé, não permitindo grandes veleidades às solicitações à velocidade dos nossos alas (que de resto não só foram sempre mal servidos, como também não estiveram nada inspirados).
De modo que o jogo foi a manifestação de uma confrangedora incapacidade para reagir à adversidade que a equipa vem mostrando jogo após jogo. Do banco também não veio qualquer alento, antes apenas resignação. Também não creio que houvesse opções milagrosas. Creio contudo que a entrada de JVP (pelo menos ao intervalo) talvez se justificasse para o lugar de um dos homens da frente (nunca para o meio-campo), no sentido de aproximar as linhas de ataque e meio-campo e bloquear as saídas para o ataque do Sporting junto à sua área.
De resto, há pormenores que evidenciam a descaracterização desta equipa: a falta de rigor (pontapés de canto e bolas paradas), a vulgarização do erro (passes errados nas saídas para o ataque por manifesta desconcentração), a indisciplina - sem que pareça existir uma voz de comando. Não o posso afirmar, claro, apenas ler os sinais do que vejo em campo...
Quanto a destaques individuais, sublinho pela positiva Luís Filipe (apesar do auto-golo), Irineu (o que mostra o quão estranha foi esta partida) e Matheus (o único a procurar criar embaraços à defensiva do Sporting, apesar de alguma sofreguidão); pela negativa, Nem ( alguns cortes com classe mas imensos erros penalizadores e uma expulsão na sequência de mais uma infantilidade); Madrid (pela anormalidade que é ser mais um entre a mediocridade); Paulo Santos (comportamento inaceitável para com o público).
Gosto do Pedro Henriques como árbitro, mas penso que nesta partida não esteve bem, em claro prejuízo para nós, em particular no lance do terceiro golo(?) (responsabilidade do fiscal de linha) e no lance entre Djaló e Paulo Santos. Não é a intenção que está em causa - há entradas quie não se podem ter num jogo de futebol. Mas não foi pelo árbitro que perdemos. Nessa altura, já teríamos o nosso destino traçado.
Inaceitáveis são as declarações de Paulo Santos no final do jogo - o futebol é uma actividade lúdica mas que é para ser levada a sério e a disciplina não é para ser respeitada apenas de vez em quando. Os adeptos de futebol merecem respeito - e o Paulo Santos tem especiais deveres em relação aos seus adeptos - àqueles que fazem sacrifícios para acompanhar a equipa sempre que podem, que o aplaudem nas vitórias (e nas derrotas!) e que sofrem sempre que ele e a sua equipa perdem...
Inaceitáveis são também as declarações de Carvalhal a propósito de JVP. Não entrou em campo por respeito ao seu passado e presente!? Como pode Carvalhal surgir aos olhos do seu plantel como um líder capaz de tratar com equidade todos os atletas que estão às suas ordens? Fiquei envergonhado com tais declarações...