Golaço de Desmarets abateu o comandante
Uma semana depois de ter recuperado a liderança no campeonato, após derrotar o Benfica, o Braga teve novo teste complicado, mas não foi capaz de conquistar os três pontos no clássico do Minho. Fez, aliás, muito pouco para vencer e para evitar a primeira derrota no campeonato. Sujeita-se a ser alcançado pela equipa de Jorge Jesus e a ver o FC Porto aproximar-se.
Já o Guimarães conheceu a primeira vitória no campeonato sob o comando de Paulo Sérgio. Um triunfo justo, conseguido à custa de um golaço de Desmarets, mas também fruto de uma entrada forte no jogo.
O Vitória apresentou-se com algumas novidades, entre as quais Sereno como lateral-esquerdo, Andrezinho no lado oposto, relegando Alex para o banco, e Rui Miguel como suplente, com Targino a entrar pela ala direita e em plano de destaque.
Já o Braga não contou com dois habituais titulares como André Leone e João Pereira. Se a vaga do brasileiro foi bem preenchida por Rodriguez, a ausência do lateral-direito notou-se e bem. Ney teve sempre dificuldades para defender e no ataque também não mostrou capacidade para desequilibrar.
Com o Guimarães a entrar muito forte e dominador, com Nuno Assis a coordenar os movimentos ofensivos, Targino a imprimir velocidade e Desmarets a ganhar no duelo com Ney, adivinhava-se o golo na baliza de Eduardo. Foi o que aconteceu à passagem da meia hora de jogo, com o tal golaço do francês.
O Braga, que na primeira parte sentiu muitos problemas para recuperar bolas a meio-campo, surgiu senhor do jogo no segundo tempo. Apostou na circulação de bola, procurou abrir espaços, mas na frente era só Alan quem incomodava. Paulo César e Meyong pouco fizeram para alterar a situação, obrigando Domingos a mexer no ataque. Entraram Matheus, Adriano e Osvaldo, mas nem por isso a equipa bracarense mostrou capacidade para dar a volta ao resultado. Nessa altura já o Guimarães procurava defender a todo o custo a vantagem alcançada na primeira parte, o que foi conseguido, afastando a equipa dos últimos lugares.
Guimarães 1-0 Braga
Estádio D. Afonso Henriques
relvado BOM ESTADO
17 751 espectadores
Árbitro Duarte Gomes (AF Lisboa)
Assistentes José Lima e Pedro Garcia
4º árbitro Luís Caita
-
Guimarães
Treinador Paulo Sérgio
1 Nilson GR 5
31 Andrezinho LD 5
18 Moreno DC 6
22 Gustavo DC 5
4 Sereno LE 6
26 Flávio Meireles MD 5
80 João Alves MO a 78' 5
10 Nuno Assis MO a 83' 6
8 Targino AD 7
20 Desmarets AE 7
9 Roberto AV a 90+1' 5
-
52 Serginho GR
79 Alex LD d 83' 4
27 Custódio MD d 78' 4
7 Carlitos AD
13 Jorge Gonçalves AD
17 Rui Miguel MO d 90+1' -
23 Santana AV
-
Golo [1-0] 30' Desmarets
amarelos 40' Flávio Meireles, 59 Sereno, 61 Moreno, 71' Nuno Assis, 90+1' Desmarets, 90+1' Targino
vermelhos nada a assinalar
Remates à baliza [6] Remates para fora [6] Cruzamentos [19] Cantos [10]
Faltas [19]
Posse de bola [51%]
Braga
Treinador Domingos Paciência
1 Eduardo GR 5
68 Ney LD 4
5 Moisés DC 6
2 Rodriguez DC 5
6 Evaldo LE 5
88 Vandinho MD 5
45 Hugo Viana MO a 88' 4
8 Mossoró MO a 78' 5
30 Alan AD 4
9 Paulo César AE a 53' 3
19 Meyong AV 3
-
31 Kieszek GR
3 Paulão DC
23 Madrid MD
7 Osvaldo AD d 88' -
11 Diogo Valente AE
99 Matheus AE d 53' 4
81 Adriano AV d 78' 3
-
amarelos 63' Rodriguez
vermelhos nada a assinalar
Remates à baliza [4] Remates para fora [7] Cruzamentos [25] Cantos [3]
Faltas [11]
Posse de bola [49%]
Arbitragem
Fora-de-jogo mal assinalado
Num jogo que até acabou por não ser difícil de apitar, esteve bem num lance, aos 39', quando o Guimarães pediu grande penalidade, sem razão, já que a bola foi à mão de Rodriguez. Falhou, porém, dez minutos antes, num fora-de-jogo que assinalou indevidamente a Evaldo.
O Momento: 30' [1-0]
Bomba veio de França
Ainda o Braga estava a reclamar um fora-de-jogo mal assinalado a Evaldo quando o Guimarães inaugurou o marcador. Numa jogada rápida pelo flanco direito, Nuno Assis, inteligente, fez um cruzamento longo para a área, o francês Desmarets, mais rápido do que o brasileiro Ney, disparou fortíssimo e bateu Eduardo. Um golo espectacular.
A Estrela: Desmarets (7)
Torre Eiffel a brilhar
Voltou aos bons velhos tempos, apresentando-se fulgurante pela esquerda. Empreendedor na construção de lances de ataque e com boa velocidade, o parisiense foi o princípio do fim do sonho do Braga com um disparo sensacional de pé esquerdo, de primeira, sem hipóteses para Eduardo.
História do jogo
Hugo Viana e Vandinho pegados
O brasileiro chamou a atenção ao português antes do intervalo e, quando se encaminhavam para o intervalo, foi visível a picardia
A tensão do dérbi minhoto acabou por afectar mais os jogadores do Braga e no final da primeira parte Vandinho e Hugo Viana chegaram a pegar-se. Na origem do desentendimento entre os médios bracarenses terá estado uma chamada de atenção que o brasileiro fez ao português instantes antes do intervalo, que levou o último a pedir-lhe explicações mal Duarte Gomes deu por concluída a etapa inicial. A confusão, desvalorizada no final pelo ex-Valência - "foi um equívoco, porque ele estava a falar de uma coisa e eu de outra", disse -, só acabou graças à intervenção de Moisés e Eduardo. E para provar que os problemas haviam ficado no balneário, no final surgiu uma imagem na televisão de ambos a abraçarem-se.
O Braga um a um
Eduardo 5
Sem chance de defender o remate de Desmarets. De resto, só bolas à figura do titular de Portugal.
Ney 4
Sem ser um João Pereira, substituiu-o bem ao nível do ataque. Mas foi ingénuo a defender e muitas vezes ausente. No golo, por exemplo.
Moisés 6
O melhor da defesa. As mialgias não o largam, mas ninguém repara nisso, tal o vigor com que aborda cada lance. Pelo ar, é imperial.
Rodriguez 5
Nem sempre rigoroso, fica na retina um cartão por ter acorrido tarde à bola. Melhorou no segundo tempo.
Evaldo 5
Targino foi um tormento na primeira parte, e só na segunda foi o lateral empreendedor a que nos habituou.
Vandinho 5
Desapoiado, acabou por se ressentir no capítulo do passe. Quando tinha de decidir, estava esgotado.
Hugo Viana 4
Longe do último jogo. Apagado, nem nas bolas paradas desequilibrou. E só após o intervalo defendeu a sério.
Mossoró 5
Imprevisível e único inconformado no primeiro período, pagou a factura com cansaço, quando a equipa resolveu ajudar. Teve de sair.
Alan 4
Nem um pingo de inspiração entre tantas gotas de transpiração. Nunca ludibriou Sereno e só tirou um cruzamento com acerto.
Meyong 3
Muito sozinho durante 45'. Quanto teve companhia, nem se viu.
Paulo César 3
Ausente e incapaz de dinamizar e desbloquear o jogo.
Matheus 5
Agitou o jogo, mas atrapalhou-se frequentemente com a bola.
Adriano 3
Isolado, deixou a bola passar-lhe entre as pernas.
Osvaldo -
Sem tempo.
"Continuamos à frente"
Domingos Paciência reconheceu "mérito" ao Guimarães por ter entrado "bem" no jogo: "Quando não se entra bem no jogo corre-se o risco de sofrer. Tínhamos obrigação de fazer mais na primeira parte. Aceito, no entanto, a nossa primeira derrota; vamos manter a nossa identidade porque, para todos os efeitos, continuamos na liderança no fim desta jornada".
Numa das vezes em que o Braga tentou ir à frente, sublinhou, "há um fora-de-jogo mal assinalado ao Evaldo e depois desse lance nasce o golo do Guimarães". "Quando se começa a perder um jogo assim é complicado. Um erro ajuda a mudar um jogo. Não perdemos por culpa do árbitro, mas é pena que tenha permitido substituições que demoraram muito. Fez-me lembrar aquele jogo na Alemanha em que o Rui Costa demorou a sair e ficámos a jogar com dez. Era preciso fazer isso para evitar este tipo de situações", concluiu.
Hugo Viana
"Derrota não nos abala"
Para Hugo Viana, o empate seria o resultado mais adequado pela reacção do Braga, após o intervalo. "Na primeira parte o Guimarães foi superior, mas na segunda apresentámo-nos um pouco melhor, tentando responder à vantagem do adversário", comentou o médio, certo de que a derrota não terá reflexos negativos no futuro da equipa. "Não acredito que esta derrota nos possa abalar; penso que na segunda parte tivemos uma boa resposta e podíamos ter empatado."
Tudo normal com Viana
Vandinho comentou a acesa troca de palavras com Hugo Viana no final da primeira parte: "Não aconteceu nada, estávamos a falar, os nossos companheiros entenderam mal, tentaram resolver uma coisa que não aconteceu. Tudo normal." O médio considerou que "o jogo foi decidido na primeira parte" e explicou porquê: "Não estivemos ao nosso melhor nível, na segunda parte acertámos mas infelizmente não marcámos." Agora, diz, "está tudo na mesma" em relação à confiança num bom campeonato: "O nosso grupo é muito unido, temos muita força, perder ia acontecer um dia. Estamos todos de parabéns pela nossa campanha."
Presidentes lado a lado
A rivalidade existente entre os adeptos de Guimarães e Braga não impediu que os presidentes dos dois clubes minhotos assistissem ao encontro lado a lado na tribuna do D. Afonso Henriques. Emílio Macedo e António Salvador vibraram intensamente com as incidências do encontro, mas no final o vitoriano saiu claramente mais satisfeito.
Festa das claques
Provocações vitorianas[/b]
Sem as claques do Braga no estádio - entraram mais tarde -, foram as do Guimarães que fizeram a festa no início do jogo. Os White Angels exibiram uma imagem de cinco bracarenses ajoelhados perante um rei e a mensagem "desde 1922 a beijar os pés ao rei", os Insane Guys uma tarja onde se lia "vencer é a nossa porta, não há outra saída".
O JOGO