Hoje, não resisti á tentação de trazer para estas páginas um brilhante texto do nosso amigo Cardoso.
Nele, o seu autor reflecte o estado de espirito e a emoção de ser BRAGUISTA.
Para que conste e nos faça reflectir. Hoje e sempre !
SER BRAGUISTA
Para o Braguista, o Braga joga todos os dias. De manhã abre o jornal na página desportiva para ver as novas do Enorme
Há uns anos atrás, o amigo Pereira teve uma inspiração quase profética: amargurado com os nossos conterrâ-neos “encarnados”, defensor acérrimo do vermelho puro com mangas brancas, sentiu, com muita razão, que era mais do que bracarense.
Era qualquer coisa que ainda não tinha sido definida – era um braguista! Na altura foram os “maluquinhos da Internet” que lhe deram voz. E hoje o Braguismo faz parte do vocabulário dos mais entranhados sofredores deste clube que, por ser Enorme, não é um grande.
Já várias pessoas me perguntaram o que significa ser braguista. Na verdade, a resposta é complicada porque exige sentimento. Só sentindo o Braguismo se entende o conceito. Por exemplo, se eu disser que o braguista sofre com alegria, só alguns compreenderão.
O braguista tem um orgulho imenso no seu estádio Bracara Avgvsta. Quer o jogo seja transmitido no canal do Estado, no canal dos ricos ou noutro qualquer, é no estádio que ele se sente em casa, junto da imensa família braguista, unida pela paixão.
Mesmo que o jogo seja numa sexta-feira de trabalho ou numa segunda por conveniência dos senhores da televisão, o braguista está lá para sofrer com alegria, firme como os pilares da Sé. Chova ou faça sol, mesmo que o vento lhe corte as orelhas, aguenta com firmeza nas filas com que o castigam.
Se a chuva lhe encharca os ossos, não lamenta a má sorte mas fica triste por causa dos que ficam em casa a ver o jogo na televisão. Mas a alegria cega de ver o Braga jogar supera tudo! E, orgulhoso, ocupa a sua cadeira comprada a peso de ouro mas feliz porque assim contribui para o engrandecimento do seu clube.
O jogo começa e o coração desata aos pulos. Reprime uma lágrima marota ao canto dos olhos quando ouve o hino do Enorme, sofre com a bola que sai ao lado, grita com o árbitro que tem o apito desafinado e rói as unhas quando o adversário perde o respeito. Uma tristeza de morte invade-o quando alguns que pensam ser braguistas arrancam cadeiras do seu próprio estádio.
Mas o braguista gosta de futebol. Adora futebol. Por isso fica triste quando a equipa joga mal, mesmo que ganhe. E isto só os braguistas entendem. Ele não quer só a vitória porque precisa de sentir orgulho nos seus heróis. Mas mesmo que o Braga jogue mal e perca, num instante o braguista volta a sentir-se feliz porque sabe que há outro jogo para a semana que vem. E será com o mesmo contentamento que voltará a vestir a camisola e a colocar o cachecol, com o mesmo orgulho gritará e levando a mesma inabalável fé sofrerá com alegria.
Para o Braguista, o Braga joga todos os dias. De manhã abre o jornal na página desportiva para ver a novas do Enorme. Empertiga-se por causa dos jornais da capital para quem só existem os grandes que ele abomina. No emprego vai à Internet de cinco em cinco minutos, e é o mais rápido de todos a minimizar o site antes que o chefe (que geralmente é encarnado) descubra.
Neste capítulo destaca-se uma sub-espécie muito peculiar: o superbraguis-tapontocom. Na hora do café discute com os amigos sobre as tácticas do Jesualdo. E todas as noites, antes de dormir, escala a equipa para o próximo jogo.
É por isso que o Braga tem sempre o melhor treinador do mundo: ele próprio. Treinador de bancada, é certo, mas não se limita a exibir o emblema na camisola. O emblema do Enorme está lá dentro; dentro do peito. Mesmo no coração!
Manuel Cardoso
Nele, o seu autor reflecte o estado de espirito e a emoção de ser BRAGUISTA.
Para que conste e nos faça reflectir. Hoje e sempre !
SER BRAGUISTA
Para o Braguista, o Braga joga todos os dias. De manhã abre o jornal na página desportiva para ver as novas do Enorme
Há uns anos atrás, o amigo Pereira teve uma inspiração quase profética: amargurado com os nossos conterrâ-neos “encarnados”, defensor acérrimo do vermelho puro com mangas brancas, sentiu, com muita razão, que era mais do que bracarense.
Era qualquer coisa que ainda não tinha sido definida – era um braguista! Na altura foram os “maluquinhos da Internet” que lhe deram voz. E hoje o Braguismo faz parte do vocabulário dos mais entranhados sofredores deste clube que, por ser Enorme, não é um grande.
Já várias pessoas me perguntaram o que significa ser braguista. Na verdade, a resposta é complicada porque exige sentimento. Só sentindo o Braguismo se entende o conceito. Por exemplo, se eu disser que o braguista sofre com alegria, só alguns compreenderão.
O braguista tem um orgulho imenso no seu estádio Bracara Avgvsta. Quer o jogo seja transmitido no canal do Estado, no canal dos ricos ou noutro qualquer, é no estádio que ele se sente em casa, junto da imensa família braguista, unida pela paixão.
Mesmo que o jogo seja numa sexta-feira de trabalho ou numa segunda por conveniência dos senhores da televisão, o braguista está lá para sofrer com alegria, firme como os pilares da Sé. Chova ou faça sol, mesmo que o vento lhe corte as orelhas, aguenta com firmeza nas filas com que o castigam.
Se a chuva lhe encharca os ossos, não lamenta a má sorte mas fica triste por causa dos que ficam em casa a ver o jogo na televisão. Mas a alegria cega de ver o Braga jogar supera tudo! E, orgulhoso, ocupa a sua cadeira comprada a peso de ouro mas feliz porque assim contribui para o engrandecimento do seu clube.
O jogo começa e o coração desata aos pulos. Reprime uma lágrima marota ao canto dos olhos quando ouve o hino do Enorme, sofre com a bola que sai ao lado, grita com o árbitro que tem o apito desafinado e rói as unhas quando o adversário perde o respeito. Uma tristeza de morte invade-o quando alguns que pensam ser braguistas arrancam cadeiras do seu próprio estádio.
Mas o braguista gosta de futebol. Adora futebol. Por isso fica triste quando a equipa joga mal, mesmo que ganhe. E isto só os braguistas entendem. Ele não quer só a vitória porque precisa de sentir orgulho nos seus heróis. Mas mesmo que o Braga jogue mal e perca, num instante o braguista volta a sentir-se feliz porque sabe que há outro jogo para a semana que vem. E será com o mesmo contentamento que voltará a vestir a camisola e a colocar o cachecol, com o mesmo orgulho gritará e levando a mesma inabalável fé sofrerá com alegria.
Para o Braguista, o Braga joga todos os dias. De manhã abre o jornal na página desportiva para ver a novas do Enorme. Empertiga-se por causa dos jornais da capital para quem só existem os grandes que ele abomina. No emprego vai à Internet de cinco em cinco minutos, e é o mais rápido de todos a minimizar o site antes que o chefe (que geralmente é encarnado) descubra.
Neste capítulo destaca-se uma sub-espécie muito peculiar: o superbraguis-tapontocom. Na hora do café discute com os amigos sobre as tácticas do Jesualdo. E todas as noites, antes de dormir, escala a equipa para o próximo jogo.
É por isso que o Braga tem sempre o melhor treinador do mundo: ele próprio. Treinador de bancada, é certo, mas não se limita a exibir o emblema na camisola. O emblema do Enorme está lá dentro; dentro do peito. Mesmo no coração!
Manuel Cardoso