Aproximamo-nos do final do primeiro terço do campeonato. Começou a caça ao líder.
O S. C. de Braga tem tido o atrevimento de se colocar à frente do Benfica. Miserável desfaçatez! Qual Judas Escariote, o clube das mangas brancas vinha somando vitórias deixando a águia desesperada, como se fosse um pardal louco que foge aos passarões sem respeito nem reverência. A submissão, qualidade imprescindível aos fracos, começou a soçobrar. Em Braga, o pardalito vem ganhando asas de condor, de há tantos anos a crescer, a torna-se forte e ameaçador. E, de repente, os gaviões começaram a acordar porque o pequeno pássaro já ameaçava a santa paz… o reino dos gaviões estava ameaçado.
O pardal crescera, já não prestava vassalagem, mas ia sendo, se bem que a custo, mantido no seu lugar: os ramos mais baixos da árvore do poder. De cima dos galhos mais altos, na sua majestade de papel, os gaviões iam gritando:
- Venham a mim todos os pardalitos – venham a mim e eu alimentar-vos-ei com as migalhas que me sobejam, eu que sou bom e compassivo. E os pardalitos habituaram-se a viver destas migalhas e alguns até chegavam a encher o papo, embora por pouco tempo. No entanto, mais atrevimento, menos atrevimento, os gaviões estabeleceram o seu reinado. A injustiça e a força do poder conquistado era alimentado por todo um reino de insanidade animal. Os menores subjugados, os maiores instalados, estava estabelecida a ordem do cosmos.
Mas os gaviões adormeceram naquela paz. E quando acordaram, um pardalito atrevido voou à sua frente. A reacção tinha de ser dura. E assim foi:
- Cortem-lhes as asas – gritou o líder dos gaviões. Assim se disse, assim se fez e as asas começaram a ser cortadas. As tesouras, poderosas e impiedosas vieram primeiro em forma de papel de jornal. Depois em forma de apito. E o pardalito perdeu algumas penas, quando, feliz e contente voava junto ao mar. Tremeu mas não caiu. Voa agora planado suavemente, mais temeroso mas ainda seguro da força que lhe vem da humildade. No entanto, sobre ele paira o voo picado do gavião maior. E novas folhas de jornal voam em direcção ao pardalito. E novos apitos roncam na escuridão, como trombetas do Inferno.
Agora, a hora da verdade aproxima-se. O pardalito ganhou a força e a coragem que lhe permitem fazer frente aos gaviões. E uma multidão de pequenos pássaros, cada vez mais ruidosos, acompanha fielmente o pardalito, formando um exército de esperança, numa onda de revolta que cresce como a raiva da gente humilde perante as tesouras do poder.
- Cortem-lhes as asas – continuam a vociferar os gaviões – e as tesouras do poder, incansáveis e fiéis aos seus amos, não descansam na sua labuta. Mas as penas do pardal enrijecem e resistem. O pardal tornou-se guerreiro, sem inimigo mas numa luta incessante contra o destino que lhe querem traçar.
E a raiva pacífica da revolta aumenta com a força da verdade, da justiça e da vontade da gente.
Porque não há machado que corte a raiz ao pensamento, nem poderes e juízes da mentira que destruam a força de quem acredita.
O S. C. de Braga tem tido o atrevimento de se colocar à frente do Benfica. Miserável desfaçatez! Qual Judas Escariote, o clube das mangas brancas vinha somando vitórias deixando a águia desesperada, como se fosse um pardal louco que foge aos passarões sem respeito nem reverência. A submissão, qualidade imprescindível aos fracos, começou a soçobrar. Em Braga, o pardalito vem ganhando asas de condor, de há tantos anos a crescer, a torna-se forte e ameaçador. E, de repente, os gaviões começaram a acordar porque o pequeno pássaro já ameaçava a santa paz… o reino dos gaviões estava ameaçado.
O pardal crescera, já não prestava vassalagem, mas ia sendo, se bem que a custo, mantido no seu lugar: os ramos mais baixos da árvore do poder. De cima dos galhos mais altos, na sua majestade de papel, os gaviões iam gritando:
- Venham a mim todos os pardalitos – venham a mim e eu alimentar-vos-ei com as migalhas que me sobejam, eu que sou bom e compassivo. E os pardalitos habituaram-se a viver destas migalhas e alguns até chegavam a encher o papo, embora por pouco tempo. No entanto, mais atrevimento, menos atrevimento, os gaviões estabeleceram o seu reinado. A injustiça e a força do poder conquistado era alimentado por todo um reino de insanidade animal. Os menores subjugados, os maiores instalados, estava estabelecida a ordem do cosmos.
Mas os gaviões adormeceram naquela paz. E quando acordaram, um pardalito atrevido voou à sua frente. A reacção tinha de ser dura. E assim foi:
- Cortem-lhes as asas – gritou o líder dos gaviões. Assim se disse, assim se fez e as asas começaram a ser cortadas. As tesouras, poderosas e impiedosas vieram primeiro em forma de papel de jornal. Depois em forma de apito. E o pardalito perdeu algumas penas, quando, feliz e contente voava junto ao mar. Tremeu mas não caiu. Voa agora planado suavemente, mais temeroso mas ainda seguro da força que lhe vem da humildade. No entanto, sobre ele paira o voo picado do gavião maior. E novas folhas de jornal voam em direcção ao pardalito. E novos apitos roncam na escuridão, como trombetas do Inferno.
Agora, a hora da verdade aproxima-se. O pardalito ganhou a força e a coragem que lhe permitem fazer frente aos gaviões. E uma multidão de pequenos pássaros, cada vez mais ruidosos, acompanha fielmente o pardalito, formando um exército de esperança, numa onda de revolta que cresce como a raiva da gente humilde perante as tesouras do poder.
- Cortem-lhes as asas – continuam a vociferar os gaviões – e as tesouras do poder, incansáveis e fiéis aos seus amos, não descansam na sua labuta. Mas as penas do pardal enrijecem e resistem. O pardal tornou-se guerreiro, sem inimigo mas numa luta incessante contra o destino que lhe querem traçar.
E a raiva pacífica da revolta aumenta com a força da verdade, da justiça e da vontade da gente.
Porque não há machado que corte a raiz ao pensamento, nem poderes e juízes da mentira que destruam a força de quem acredita.