Líder do PSD de Aveiro lançou a proposta: o que fazer com um estádio de 64,5 milhões a que ninguém vai?
Deve a Câmara de Aveiro avançar para a "implosão" do Estádio Mário Duarte, construído para o Euro 2004, dados os elevados encargos financeiros que continua a ter de suportar com ele e visto não haver grandes perspectivas de sustentabilidade? A pergunta está a gerar discussão no município, depois de um responsável político local ter avançado com a possibilidade de se destruir o actual equipamento desportivo e construir um novo e mais pequeno.
Ulisses Pereira, líder da concelhia social-democrata num município em que o PSD tem agora maioria absoluta, sugere até a realização de um referendo local para decidir o futuro do equipamento desportivo, que custou 64,5 milhões de euros. "Na Suíça está a decorrer um processo igual e as pessoas estão a ser chamadas a participar num referendo", exemplificou ontem ao PÚBLICO, ao mesmo tempo que reiterava a ideia de que Aveiro deve equacionar a substituição do actual estádio por um mais pequeno, associado a uma zona comercial.
"O estádio de Aveiro tem um valor negativo. Mesmo oferecido, ninguém fica com ele", sustentou o social-democrata, lembrando os elevados custos que têm de ser suportados pela câmara para manter um recinto que gera muito poucas receitas. O Beira-Mar, clube que o usa, permanece na II Liga, enfrentando uma crise directiva sem precedentes, e o número médio de espectadores nos jogos não vai muito além dos dois milhares.
Numa entrevista anteontem à rádio Terra Nova, o também administrador da empresa Parque Desportivo de Aveiro - que está a concretizar o projecto de construção de vários equipamentos desportivos na envolvente ao estádio - falou, mesmo, na possibilidade de "implosão". E a ideia mereceu rapidamente o repúdio do anterior presidente da câmara municipal, Alberto Souto, que a classificou de "disparate completo".
Quem se remete ao silêncio absoluto é o actual presidente da autarquia, Élio Maia, que acaba de ser reeleito pela coligação PSD/CDS-PP. Anteontem, o PÚBLICO já tinha tentado obter um comentário do autarca e também ontem Élio Maia recusou prestar declarações sobre o assunto. Noutras ocasiões, contudo, já se lhe ouviram lamentos quanto ao pesado "fardo" que o estádio representa para o município.
Entre os próprios partidos da oposição, a proposta de destruir o actual estádio não é consensual. Para o porta-voz dos vereadores do PS no actual executivo, Marques Pereira, "o estádio deve ser visto como uma oportunidade". Já Nelson Peralta, do Bloco de Esquerda, não rejeita nem aceita a proposta, dizendo apenas que "a reconsideração do futuro do estádio tem que ser acompanhada de um estudo de viabilidade financeira".
O Mário Duarte não é caso único no universo de estádios construídos para o Euro 2004. Também na Região Centro, os novos estádios de Coimbra e Leiria custaram muito mais do que deviam e estão praticamente às moscas (ver infografia). Pior ainda está o Estádio do Algarve, em Faro, que não é usado por nenhum clube e se limita a receber algumas competições pontuais.
in Público
Mais umas das obras do Euro que está ao "abandono", mais um projecto megalómano que não saiu bem, tal como o do Algarve e o de Leiria. Isto de pensar em grande muitas vezes, ou quase sempre no nosso caso, dá este resultado.
Quase aposto, se a ideia for aplicada, que os mesmo que encheram os bolsos com a construção vão também encher os bolsos com a implosão.
Deve a Câmara de Aveiro avançar para a "implosão" do Estádio Mário Duarte, construído para o Euro 2004, dados os elevados encargos financeiros que continua a ter de suportar com ele e visto não haver grandes perspectivas de sustentabilidade? A pergunta está a gerar discussão no município, depois de um responsável político local ter avançado com a possibilidade de se destruir o actual equipamento desportivo e construir um novo e mais pequeno.
Ulisses Pereira, líder da concelhia social-democrata num município em que o PSD tem agora maioria absoluta, sugere até a realização de um referendo local para decidir o futuro do equipamento desportivo, que custou 64,5 milhões de euros. "Na Suíça está a decorrer um processo igual e as pessoas estão a ser chamadas a participar num referendo", exemplificou ontem ao PÚBLICO, ao mesmo tempo que reiterava a ideia de que Aveiro deve equacionar a substituição do actual estádio por um mais pequeno, associado a uma zona comercial.
"O estádio de Aveiro tem um valor negativo. Mesmo oferecido, ninguém fica com ele", sustentou o social-democrata, lembrando os elevados custos que têm de ser suportados pela câmara para manter um recinto que gera muito poucas receitas. O Beira-Mar, clube que o usa, permanece na II Liga, enfrentando uma crise directiva sem precedentes, e o número médio de espectadores nos jogos não vai muito além dos dois milhares.
Numa entrevista anteontem à rádio Terra Nova, o também administrador da empresa Parque Desportivo de Aveiro - que está a concretizar o projecto de construção de vários equipamentos desportivos na envolvente ao estádio - falou, mesmo, na possibilidade de "implosão". E a ideia mereceu rapidamente o repúdio do anterior presidente da câmara municipal, Alberto Souto, que a classificou de "disparate completo".
Quem se remete ao silêncio absoluto é o actual presidente da autarquia, Élio Maia, que acaba de ser reeleito pela coligação PSD/CDS-PP. Anteontem, o PÚBLICO já tinha tentado obter um comentário do autarca e também ontem Élio Maia recusou prestar declarações sobre o assunto. Noutras ocasiões, contudo, já se lhe ouviram lamentos quanto ao pesado "fardo" que o estádio representa para o município.
Entre os próprios partidos da oposição, a proposta de destruir o actual estádio não é consensual. Para o porta-voz dos vereadores do PS no actual executivo, Marques Pereira, "o estádio deve ser visto como uma oportunidade". Já Nelson Peralta, do Bloco de Esquerda, não rejeita nem aceita a proposta, dizendo apenas que "a reconsideração do futuro do estádio tem que ser acompanhada de um estudo de viabilidade financeira".
O Mário Duarte não é caso único no universo de estádios construídos para o Euro 2004. Também na Região Centro, os novos estádios de Coimbra e Leiria custaram muito mais do que deviam e estão praticamente às moscas (ver infografia). Pior ainda está o Estádio do Algarve, em Faro, que não é usado por nenhum clube e se limita a receber algumas competições pontuais.
in Público
Mais umas das obras do Euro que está ao "abandono", mais um projecto megalómano que não saiu bem, tal como o do Algarve e o de Leiria. Isto de pensar em grande muitas vezes, ou quase sempre no nosso caso, dá este resultado.
Quase aposto, se a ideia for aplicada, que os mesmo que encheram os bolsos com a construção vão também encher os bolsos com a implosão.