“É uma infelicidade da época, que os doidos guiem os cegos” - William Shakespeare.
Acabaram as férias. Voltámos à normalidade, ao país real, com os mesmos encantos de sempre: os fogos que se acendem sozinhos, as escolas que voltam a abrir debaixo de fogo, a gasolina a arder nos nossos bolsos, enfim, a crise, a eterna e santificada crise que tantos disparates vai justificando.
Mas não, caro leitor, não é verdade que tenha regressado de férias assim com tanta “azia” como lhe pode parecer. Estou até muito feliz. E porquê? É fácil e evidente: porque dispomos sempre do futebol para podermos esquecer essas maleitas todas. Pelo menos no mundo encantado do futebol tudo corre bem. Aqui não há crise nem incêndios.
É claro que há coisas desagradáveis, como a despromoção do Gil. Mas até nesse famoso “caso Mateus” podemos verificar a feliz normalidade reinante: o Gil não cumpriu o regulamento sabiamente feito na Liga, logo, desceu. Tudo normal. Em seu lugar fica o Belenenses, que fez menos pontos no campeonato mas teve do seu lado coisas muito mais importantes do que saber jogar à bola.
A verdade é que o clube de Barcelos, num dado momento, não compreendeu uma coisa muito simples: em Portugal não é qualquer um que pode recorrer aos tribunais. Era só o que faltava! A Liga e a Federação, com a sua própria justiça, cumprem um papel importantíssimo no auxílio que dão aos tribunais portugueses, aliviando o fardo da judicatura e era até bastante normal que existissem outras instâncias, uma para cada actividade. Por exemplo, um tribunal privado para os jornalistas, para os professores, para os arrumadores de carros, etc. Assim de certeza que acabavam as demoras nos tribunais. Uma vez que os clubes são proibidos de recorrer aos tribunais, dessa forma poder-se-ia alargar a proibição a esses grupos profissionais. Assim se faria uma verdadeira reforma do sistema judicial e, atenção senhores ministros, com grande proveito para as nossas mirradas finanças porque depois, quem queria justiça pagava-a!
Mas a alegre normalidade do nosso sistema não fica por aqui; os nossos sábios e diligentes gurus do sistema resolveram a confusão de forma brilhante: numa evidente preocupação pela nossa felicidade, alegaram o interesse público para que a bola rolasse. E assim se fez. Foi graças a eles que já tivemos um jornada inteirinha de futebol de primeira.
De resto, tudo normal no passado fim de semana, como o comprovam as excelentes arbitragens que todos testemunhámos.
Até com o Sporting de Braga tudo decorre com normalidade: fomos proibidos de ser patrocinados por uma empresa de apostas on-line porque faz concorrência à Santa Casa. Pessoalmente acho bem, embora tenha duas pequenas dúvidas que nenhum guru me consegue dissolver: porque é que a Liga tem o patrocínio de uma empresa de apostas on-line? Eu até compreendo que a Liga é a Liga, o Braga é o Braga; o problema é que não parece muito bem que a nossa divina Liga biuíne fique com um nome tão arrevesado…
Outra dúvida é esta: não é justo que na minha freguesia se faça todos os sábados à noite um jogo de sete e meio a dez cêntimos a vaza (desculpem a linguagem técnica), sendo que se está a fazer concorrência ilegal à Santa Casa de Lisboa! Peço desculpa pela acusação pública mas como o Belenenses mostrou, alguém tem de apontar o dedo para que haja justiça. Alguém tem que de verificar as coisas erradas que por aí se fazem, como comprar jogadores que trabalharam em bombas de gasolina ou jogar ao sete e meio sem licença. Só assim, com a preciosa ajuda de cidadãos sérios e impolutos, se compreende que a justiça portuguesa seja tão eficaz a prender os incendiários, corruptos e todos os outros criminosos.
Acabaram as férias. Voltámos à normalidade, ao país real, com os mesmos encantos de sempre: os fogos que se acendem sozinhos, as escolas que voltam a abrir debaixo de fogo, a gasolina a arder nos nossos bolsos, enfim, a crise, a eterna e santificada crise que tantos disparates vai justificando.
Mas não, caro leitor, não é verdade que tenha regressado de férias assim com tanta “azia” como lhe pode parecer. Estou até muito feliz. E porquê? É fácil e evidente: porque dispomos sempre do futebol para podermos esquecer essas maleitas todas. Pelo menos no mundo encantado do futebol tudo corre bem. Aqui não há crise nem incêndios.
É claro que há coisas desagradáveis, como a despromoção do Gil. Mas até nesse famoso “caso Mateus” podemos verificar a feliz normalidade reinante: o Gil não cumpriu o regulamento sabiamente feito na Liga, logo, desceu. Tudo normal. Em seu lugar fica o Belenenses, que fez menos pontos no campeonato mas teve do seu lado coisas muito mais importantes do que saber jogar à bola.
A verdade é que o clube de Barcelos, num dado momento, não compreendeu uma coisa muito simples: em Portugal não é qualquer um que pode recorrer aos tribunais. Era só o que faltava! A Liga e a Federação, com a sua própria justiça, cumprem um papel importantíssimo no auxílio que dão aos tribunais portugueses, aliviando o fardo da judicatura e era até bastante normal que existissem outras instâncias, uma para cada actividade. Por exemplo, um tribunal privado para os jornalistas, para os professores, para os arrumadores de carros, etc. Assim de certeza que acabavam as demoras nos tribunais. Uma vez que os clubes são proibidos de recorrer aos tribunais, dessa forma poder-se-ia alargar a proibição a esses grupos profissionais. Assim se faria uma verdadeira reforma do sistema judicial e, atenção senhores ministros, com grande proveito para as nossas mirradas finanças porque depois, quem queria justiça pagava-a!
Mas a alegre normalidade do nosso sistema não fica por aqui; os nossos sábios e diligentes gurus do sistema resolveram a confusão de forma brilhante: numa evidente preocupação pela nossa felicidade, alegaram o interesse público para que a bola rolasse. E assim se fez. Foi graças a eles que já tivemos um jornada inteirinha de futebol de primeira.
De resto, tudo normal no passado fim de semana, como o comprovam as excelentes arbitragens que todos testemunhámos.
Até com o Sporting de Braga tudo decorre com normalidade: fomos proibidos de ser patrocinados por uma empresa de apostas on-line porque faz concorrência à Santa Casa. Pessoalmente acho bem, embora tenha duas pequenas dúvidas que nenhum guru me consegue dissolver: porque é que a Liga tem o patrocínio de uma empresa de apostas on-line? Eu até compreendo que a Liga é a Liga, o Braga é o Braga; o problema é que não parece muito bem que a nossa divina Liga biuíne fique com um nome tão arrevesado…
Outra dúvida é esta: não é justo que na minha freguesia se faça todos os sábados à noite um jogo de sete e meio a dez cêntimos a vaza (desculpem a linguagem técnica), sendo que se está a fazer concorrência ilegal à Santa Casa de Lisboa! Peço desculpa pela acusação pública mas como o Belenenses mostrou, alguém tem de apontar o dedo para que haja justiça. Alguém tem que de verificar as coisas erradas que por aí se fazem, como comprar jogadores que trabalharam em bombas de gasolina ou jogar ao sete e meio sem licença. Só assim, com a preciosa ajuda de cidadãos sérios e impolutos, se compreende que a justiça portuguesa seja tão eficaz a prender os incendiários, corruptos e todos os outros criminosos.