O grande derby disputou-se na passada segunda-feira, dia de trabalho para os que têm de enfrentar a crise e as exigências da vida, ou seja, para a maioria dos mortais comuns. Pior que isso, em vésperas de outro dia de trabalho. Perante isto ainda há quem estranhe que o estádio não encha!
O Braga ganhou, mesmo sem necessidade de ter feito um grande jogo. Mas não vou aqui escrever sobre a qualidade da partida propriamente dita, ou sobre a justiça do resultado porque entretanto já quase tudo foi dito. Gostava de realçar alguns factores menos positivos que convém lembrar e sobre os quais é urgente reflectir.
Foi, de facto, um jogo pintado de vermelho. Vermelho do Braga mas também vermelho de paixão, de perigo e, em alguns aspectos, mesmo de vergonha. Fiquei feliz com a vitória do Braga, até gostei do habitual folclore da troca de “piropos” entre adeptos. Sempre defendi que esta rivalidade tem o seu lado bonito, como acontece com todas as tradições. Esta rivalidade é normal e necessária; somos vizinhos e os nossos verdadeiros adversários não estão em Guimarães mas um pouco mais a sul. Desta vez, os adeptos vindos do lado de lá das Taipas eram em muito menor número do que o habitual, porque se assim não fosse, o vermelho poderia ter sido também de sangue.
Entrei no estádio, como sempre, no “tribunal”, ao qual tenho muito orgulho de pertencer. Praticamente ao mesmo tempo, vejo entrar a claque do adversário e qual não é o meu espanto ao verificar que os adeptos vimaranenses passam pelos torniquetes a cem à hora, sem revista e são encaminhados para o “segundo anel”, praticamente por cima do lugar onde me encontrava. Como era de prever, passado pouco tempo começaram a cair objectos, como garrafas de água, sobre os sócios do S. C. de Braga. De vez em quando, como se fosse necessário quebrar a monotonia, “choviam” petardos sobre as cadeiras do sector onde noutros jogos se situa a claque visitante. Trata-se de objectos pirotécnicos que certamente provocariam danos graves se caíssem uns metros mais ao lado, onde se encontravam os associados e adeptos do S. C. de Braga.
Em Guimarães como em todos os outros clubes há adeptos destes, que usam o futebol como forma de descarregar emoções e instintos reprimidos; infelizmente, no futebol, isso é normal. O que não é normal é ver, como eu vi, as autoridades policiais, polícia de choque inclusive, a assistir passivamente a tudo isto, mãos atrás das costas como se estivessem ali a apreciar o espectáculo, embora a serem remuneradas com o dinheiro dos nossos impostos. Por outro lado, de quem é a responsabilidade pela colocação da claque visitante num local tão perigoso?
Infelizmente, parece-me que só se pensará seriamente nestas questões quando morrer alguém num estádio. No final do jogo vi um adepto ser assistido a ferimentos na face. Não sei o que lhe terá acontecido; só sei uma coisa: podia ter sido bem pior.
Há uma certa tendência hoje em dia para associar a necessidade de ordem e de autoridade a ideologias autoritárias e repressivas, como se fosse preciso satisfazer saudosismos esclerosados com o velho e pacóvio argumento de que “isto só lá vai à bastonada”. Confesso que “não vou à bola” com este tipo de argumentação porque a verdadeira democracia também envolve o respeito pelos outros e a segurança das pessoas. Por isso, em democracia, as forças policiais são imprescindíveis e devem ter todo o nosso apoio e respeito. Mas o mínimo que lhes podemos exigir é que nos protejam dessas minorias de desordeiros. É para isso que pagamos impostos. E não foi isso que eu vi na passada segunda feira no estádio AXA.
O Braga ganhou, mesmo sem necessidade de ter feito um grande jogo. Mas não vou aqui escrever sobre a qualidade da partida propriamente dita, ou sobre a justiça do resultado porque entretanto já quase tudo foi dito. Gostava de realçar alguns factores menos positivos que convém lembrar e sobre os quais é urgente reflectir.
Foi, de facto, um jogo pintado de vermelho. Vermelho do Braga mas também vermelho de paixão, de perigo e, em alguns aspectos, mesmo de vergonha. Fiquei feliz com a vitória do Braga, até gostei do habitual folclore da troca de “piropos” entre adeptos. Sempre defendi que esta rivalidade tem o seu lado bonito, como acontece com todas as tradições. Esta rivalidade é normal e necessária; somos vizinhos e os nossos verdadeiros adversários não estão em Guimarães mas um pouco mais a sul. Desta vez, os adeptos vindos do lado de lá das Taipas eram em muito menor número do que o habitual, porque se assim não fosse, o vermelho poderia ter sido também de sangue.
Entrei no estádio, como sempre, no “tribunal”, ao qual tenho muito orgulho de pertencer. Praticamente ao mesmo tempo, vejo entrar a claque do adversário e qual não é o meu espanto ao verificar que os adeptos vimaranenses passam pelos torniquetes a cem à hora, sem revista e são encaminhados para o “segundo anel”, praticamente por cima do lugar onde me encontrava. Como era de prever, passado pouco tempo começaram a cair objectos, como garrafas de água, sobre os sócios do S. C. de Braga. De vez em quando, como se fosse necessário quebrar a monotonia, “choviam” petardos sobre as cadeiras do sector onde noutros jogos se situa a claque visitante. Trata-se de objectos pirotécnicos que certamente provocariam danos graves se caíssem uns metros mais ao lado, onde se encontravam os associados e adeptos do S. C. de Braga.
Em Guimarães como em todos os outros clubes há adeptos destes, que usam o futebol como forma de descarregar emoções e instintos reprimidos; infelizmente, no futebol, isso é normal. O que não é normal é ver, como eu vi, as autoridades policiais, polícia de choque inclusive, a assistir passivamente a tudo isto, mãos atrás das costas como se estivessem ali a apreciar o espectáculo, embora a serem remuneradas com o dinheiro dos nossos impostos. Por outro lado, de quem é a responsabilidade pela colocação da claque visitante num local tão perigoso?
Infelizmente, parece-me que só se pensará seriamente nestas questões quando morrer alguém num estádio. No final do jogo vi um adepto ser assistido a ferimentos na face. Não sei o que lhe terá acontecido; só sei uma coisa: podia ter sido bem pior.
Há uma certa tendência hoje em dia para associar a necessidade de ordem e de autoridade a ideologias autoritárias e repressivas, como se fosse preciso satisfazer saudosismos esclerosados com o velho e pacóvio argumento de que “isto só lá vai à bastonada”. Confesso que “não vou à bola” com este tipo de argumentação porque a verdadeira democracia também envolve o respeito pelos outros e a segurança das pessoas. Por isso, em democracia, as forças policiais são imprescindíveis e devem ter todo o nosso apoio e respeito. Mas o mínimo que lhes podemos exigir é que nos protejam dessas minorias de desordeiros. É para isso que pagamos impostos. E não foi isso que eu vi na passada segunda feira no estádio AXA.