Um ambiente de contagiante alegria, despoletado pela vitória do Sporting de Braga sobre o Hoffenheim e que colocou a equipa minhota nos 16 avos de final da Liga Europa, inundou a cidade de Braga. Uma grande noite europeia para o emblema arsenalista que lidera o seu grupo com dez pontos. O jogo com os alemães mostrou mais uma vez o espírito de união entre adeptos e equipa, num clima de empatia que tem vindo num crescendo. Mas enquanto em Braga se festejam feitos acima do expectável, não esqueçamos que as outras equipas do grupo são provenientes da Liga dos Campeões, a comunicação social continua a desvalorizar o trabalho feito pelos bracarenses, preferindo guardar as primeiras páginas dos jornais para detalhes de somenos dos três ditos grandes. Nada a que não estejamos habituados.
Respira-se juventude em Braga. Uma das equipas mais jovens da europa liderada por um dos treinadores mais novos. Sem nomes estratosféricos, a equipa bracarense vale pelo coletivo e pelo entrosamento dos seus jogadores. Em Braga habituamo-nos a confiar em Abel, a despeito das sucessivas alterações que vai fazendo na equipa. Têm resultado, como comprovam as últimas seis vitórias no campeonato da primeira Liga, em sete jogos. A gestão dos jogadores tem sido exímia, a capacidade de tirar o melhor de cada um deles também. Continuamos a morder os calcanhares aos grandes e a fazê-los virar o pescoço na nossa direção.
E virar a atenção para nós tem um preço. Uma época excelente associada à coragem de ter batido o pé, ter ousado falar em defesa da nossa honra quando nos sentimos legitimamente prejudicados, atraiu a vendeta torpe de um sistema que há muito está feito para os mesmos. Fomos surpreendidos, absolutamente surpreendidos esta semana com um indigno castigo de quase 23 mil euros de multa e um jogo à porta fechada por comportamento racista no jogo em Vila das Aves, realizado em agosto. Alguém se lembra de ter lido algo sobre isto na altura? Três meses depois do jogo, na melhor fase do Sporting de Braga, o Conselho de Disciplina da FPF, sem qualquer fundamento, toma uma decisão totalmente inacreditável, contra um clube que parece estar a incomodar muita gente. Quando foi a última vez que um clube da primeira Liga jogou à porta fechada pela razão invocada?
No coração do Minho cresce a revolta. O espírito brácaro espiga dentro de nós. Como outrora, estamos preparados para a luta. Não nascemos para a servidão, nascemos para lutar, não viramos as costas às contendas e se noutros tempos tivemos que defender o nosso território, cabe-nos hoje lutar pela nossa honra, pela nossa dignidade. Em nome de uma cidade, em nome de um clube, em nome de milhares de adeptos vilipendiados e tratados como cobaias de um sistema viciado, pseudomoralista apenas quando lhe interessa. Escolheram-nos como alvo porque ousamos desafiar. Aos que nos castigam urge dar uma resposta clara. Se não nos deixarem entrar no estádio, estaremos na alameda a cantar, no cimo da pedreira a apoiar. Façamos das nossas bandeiras as espadas que desafiam, dos nossos cachecóis o símbolo da nossa luta e dos nossos cânticos o grito de protesto.
Bracara Augusta Fidelis et Antiqua está convocada para a luta. Porque contra o sistema é preciso marchar, marchar.