Ao apurar o Sp. Braga para Taça UEFA pela terceira vez consecutiva Jesualdo Ferreira subiu ao Olimpo



Sim, senhor, a culpa é do treinador!



«A culpa é do treinador!» A frase é recorrente no futebol e pouco interessa se o jogo é colectivo, porque normalmente a responsabilidade das derrotas é imputada a quem lidera a equipa. Os êxitos, pelo contrário, são de todos, desde o roupeiro ao presidente, chegando-se, em casos extremos, a apontar Deus como adepto ferrenho da causa e elemento catalizador do(s) título(s). Braga é a cidade dos Arcebispos, mas nada nos diz que seja banhada pelas águas de uma fé inabalável ao ponto de o Sporting local ter sido abençoado pelo milagre da ressurreição. Não. Ali houve dedo humano, dedo conhecedor do fenómeno. Várias mãos puxaram o Sp. Braga para cima, é um facto indesmentível. Mas na dura batalha pela reabilitação de um emblema com história, Jesualdo Ferreira teve muitas culpas no cartório. Tantas, que os arsenalistas não se cansam de inverter o sentido e a lógica da frase. «A culpa é do treinador!» Os números mostram que sim!
Se sorrir desse mesmo saúde, o treinador do Sp. Braga não teria nenhuma para vender. Provavelmente, estaria em apuros. A primeira impressão não é, normalmente, favorável. Ao ar circunspecto alia uma pose desconfiada, como se o mundo se preparasse para o tramar. É uma capa protectora eficaz: são poucos os estranhos que ousam invadir-lhe o pensamento ou retirá-lo do sério. A passagem pelo Minho só teve momentos verdadeiramente atribulados nos primeiros tempos, por não ser um nome consensual. Mais que os conhecimentos, os adeptos questionavam a sua forma de estar na vida, a distribuição parcimoniosa de sorrisos, aquele ar de eterno mal disposto. O tempo desfez equívocos e aproximou as almas: afinal, estava ali um homem afável, capaz de se perder no tempo com conversas vadias sobre futebol, um apaixonado pelas tácticas e por pensamentos filosóficos sobre o jogo. Um duro que jamais perde a capacidade de ser terno — a definição daquilo que um líder deve ser, nas palavras de Che Guevara...

UEFA, para o bem e para o mal

Ao conduzir o Sp. Braga pelos caminhos europeus pela terceira época consecutiva Jesualdo Ferreira reforçou a sua posição na história do clube. Poeticamente, dir-se-ia que subiu ao Olimpo bracarense, irradiando agora uma luz forte. Se alguém a apagar, vai notar-se a diferença e quem vier a seguir também. Ninguém é insubstituível nem infalível, mas o técnico criou hábitos de vitórias e abriu ciclos desportivos que mobilizaram os adeptos e provocaram profundas alterações de mentalidade no emblema. Para o bem ou para o mal, porque se há quem celebre a UEFA, também não falta quem lamente a frustrada candidatura à Champions. «Espero que não transformem um sucesso numa derrota», reagiu Jesualdo, antecipando o balanço da época sem os milhões da competição rainha na Europa.

Finais por vencer

A promessa era atingir a Taça UEFA, está escrito no seu diário de bordo. O desafio, no futuro, é apurar o Sp. Braga para a fase regular de grupos, algo que não se verificou nas duas últimas épocas. A equipa ficou sempre à porta da competição, depois de perder com o Hearts (Escócia) e Estrela Vermelha (Sérvia e Montenegro). Duas espinhas atravessadas na garganta de Jesualdo Ferreira, dois fantasmas que assombram o seu trajecto ascensional no universo arsenalista. Para os que ainda não engoliram o estilo do professor, nem lhe reconhecem méritos especiais, a falta de visto definitivo no passaporte europeu serve como argumento válido para sustentar a tese segundo a qual Jesualdo falha sempre nos momentos decisivos. Nada que lhe retire o sono ou o empurre para uma dissertação sobre o tema. Porque, no final, a culpa é sempre dele e perante certezas absolutas... não há discussão possível.
 


In A Bola



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Vandinho: «Disse-lhe para dar a bola ao Gil»
A FRASE QUE LHE CUSTOU A EXPULSÃO 


A época de Vandinho acabou mais cedo. O médio, um dos poucos titulares a escapar ao vasto rol de lesões que esta época atingiu o plantel arsenalista, foi relegado para o banco nas duas últimas rondas e irá falhar a despedida em Alvalade por ter sido expulso no jogo de anteontem.

Dez minutos depois de entrar para o lugar de Castanheira, o polivalente brasileiro viu amarelo, seguido de vermelho directo, por contestar um lançamento de linha lateral que o árbitro Paulo Pereira marcou ao contrário. “Fui protestar um lance que só o árbitro é que não viu. Acho que exagerei um pouco, mas era uma coisa tão clara que toda a gente no estádio viu. O vermelho directo a seguir? Foi por lhe ter dito para dar a bola ao Gil Vicente. Agora que passou, sei que fiz mal, mas no momento a gente não pensa”, admitia Vandinho, sem esconder que terá pesado também a anormal sucessão de erros em desfavor da sua equipa ao longo desta época: “Este tipo de erros tem acontecido sempre contra o Sp. Braga. A acumulação destas situações também acaba por mexer connosco, por nos sentirmos sistematicamente prejudicados.”

Mais informação na edição impressa de Record
 
 

Ida ao Canadá programada
NO ENCERRAMENTO DA ÉPOCA 


Já está definido o programa de jogos que o Sp. Braga irá disputar na digressão ao Canadá, que serve de encerramento da temporada desportiva para os pupilos de Jesualdo Ferreira.

Os bracarenses viajam no próximo dia 10 e defrontam, dois dias depois, o Toronto Supra Portuguese, na 1.ª ronda do torneio daquela cidade que opõe no mesmo dia os açorianos do Santa Clara ao Serban White Eagles.

As finais disputam-se no dia 14 (domingo), estando o regresso a Portugal previsto para a terça-feira seguinte. Desta deslocação ao Canadá constará ainda uma jornada de confraternização com o Arsenal do Minho de Toronto, que é filial n.º 1 do clube no estrangeiro.

 

In Record


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Nem renovou para chegar à Liga dos Campeões


"O campeonato ainda não acabou, falta um jogo, com o Sporting, que temos que ganhar para terminar a época em alta. Sabemos que vai ser difícil mas também temos consciência de que se jogarmos ao nosso nível temos condições para vencer em qualquer campo e é isso que vamos tentar fazer em Alvalade", afirmou o central Nem logo após a despedida da temporada no novo municipal bracarense, diante do Gil Vicente. Um confronto em que, na opinião do brasileiro, os arsenalistas tudo fizeram "para ganhar" mas que acabaram por ser "surpreendidos" pelo golo de Gregory "já em tempo de descontos e quando estávamos a jogar com dez".

Sobre a temporada, o central considera ter sido "cumprido o primeiro objectivo", de ficar no quarto lugar e conseguir igualar a pontuação da época passada (58), faltando agora "conquistar pontos com o Sporting para superar essa marcar e fazer melhor que a época passada", argumentou. Quanto ao terceiro lugar, desde início defendido por Nem como uma meta a atingir, admite ainda agora que se tratava de um "objectivo importante, que motivaria imenso" o grupo de trabalho.

Entretanto, Nem renovou na passada sexta-feira o vínculo ao Braga por uma época, recusando a possibilidade de regressar ao principal campeonato brasileiro. Uma opção que explicou: "É óbvio que renovei porque as condições foram interessantes para as duas partes e porque me sinto bem em Braga, gosto da cidade e do clube, e a minha família também. Por isso, ao invés de aceitar aspropostas que me surgiram do Brasil dei a preferência ao Braga e acertei. Por outro lado, sempre disse que queria levar o Braga à Liga dos Campeões e vou ficar cá mais um ano para ajudar", esclareceu.

A indefinição quanto à continuidade de Jesualdo Ferreira é uma questão que naturalmente passa ao lado do jogador, mas Nem, mesmo indirectamente, não deixa de comentar o trabalho desenvolvido pelo técnico no clube: "Nos últimos dois anos o Braga é a quarta melhor equipa de Portugal, e a segunda com mais tempo no primeiro lugar. O Braga comandou durante cinco jornadas, o que nem o Benfica e o Sporting conseguiram fazer"...



Castanheira continua no onze


Vandinho vai estar ausente do confronto com o Sporting, no próximo domingo. O centrocampista foi expulso com o vermelho directo no decorrer do jogo com o Gil Vicente, mas o amarelo com que havia sido advertido segundos antes era suficiente para impedir a viagem a Alvalade. Vandinho junta-se a Marinelli, Hugo Leal, Sidney, Cesinha e, tudo indica, Rossato entre os indisponíveis para o último jogo da temporada, pelo que o técnico Jesualdo Ferreira não deverá proceder a grandes alterações na estrutura que apresentou diante do Gil Vicente, tudo apontando para a permanência de Castanheira no meio-campo.

O início das lides da semana estão marcadas para hoje à tarde, a partir das 16h00.
 

Paulo Monteiro recuperado

Paulo Monteiro está restabelecido dos problemas físicos que o apoquentaram nas duas últimas semanas e deverá recomeçar hoje a treinar sem limitações. A dúvida está apenas em saber se vai integrar as sessões do plantel principal ou os trabalhos da equipa B.




Braga já fez propostas aos academistas Pedro Silva e Nuno Piloto


O Braga avançou com propostas concretas ao defesa-direito Pedro Silva e ao médio-ofensivo Nuno Piloto, ambos da Académica, que adiaram a resposta até que fique decidida a permanência da equipa de Coimbra, a qual depende, tão-só, de empatar ou vencer o Marítimo, na última jornada da Liga. Pretendido lá fora, na Ucrânia, na Holanda e no Brasil, e cá dentro, também por Boavista e Marítimo, o brasileiro Pedro Silva, de 25 anos, ainda se encontra ligado ao Palmeiras, que o emprestou à Briosa, e a transferência implica o pagamento de 500 mil euros ao clube do estado de São Paulo. Já o português Nuno Piloto, 24 anos, produto dos escalões da formação dos estudantes, acaba contrato no final desta temporada, o que lhe permite mudar-se sem quaisquer encargos para outra equipa.



In O JOGO



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